Economia brasileira e mundial – “O ano de 2022 deverá ser dominado por esforços para combater a inflação junto com as mudanças climáticas; enquanto o crescimento econômico global será razoavelmente forte e os mercados de ações fracos.” Esta é a avaliação dos analistas econômicos responsáveis pelo Centro de Pesquisa em Economia e Negócios (CEBR) do Reino Unido, uma das mais respeitadas think tanks britânicas.
A exemplo do ano passado, o mundo começa o ano com as economias reprimidas por uma crise na cadeia de suprimentos e pela rápida disseminação de uma nova variante do Coronavírus. Intensificando ainda mais os problemas, vivemos uma explosão inflacionária e de juros, colocando os preços lá em cima e os reajustes salariais lá embaixo. Diminuindo, assim, o poder de compra e as perspectivas de consumo.
Ainda assim, tanto entidades privadas de pesquisas de mercado quanto a ONU (Organização das Nações Unidas), acreditam que a economia global deva alcançar um crescimento considerável em 2022, na casa dos 4%. A estimativa anterior, porém, era de 5,1%, demonstrando queda no otimismo, mas ainda mantendo-se em nível satisfatório.
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Explosão inflacionária é maior problema enfrentado na economia mundial
O maior problema enfrentado pelos formuladores de políticas em todo o mundo, tal qual em grandes economias, como nos Estados Unidos e no Reino Unido, provavelmente será a inflação. A exemplo do que vem acontecendo no Brasil, o Banco da Inglaterra elevou inesperadamente as taxas de juros em dezembro passado, após um aumento da inflação para 5,1%, o máximo de uma década, e sinalizou que mais aumentos de taxas ocorrerão em 2022. Isto, já que os crescentes custos de energia devem empurrar a inflação para 6% na primavera.
O Federal Reserve dos EUA marcou três aumentos de juros para 2022 e acelerou a taxa na qual corta gastos com títulos do governo diante do que foi chamada de “inflação alarmantemente alta”, podendo passar de 7% neste ano.
Economia brasileira
No Brasil, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em dois dígitos em 2021, com alta de 10,06%, o maior aumento desde 2015, superando em muito o teto da meta da inflação, de 5,25%. O centro, porém, era de 3,75%. O desvio em relação à banda superior do objetivo a ser perseguido pelo Banco Central foi o maior em quase 20 anos, uma vez que, em 2002, o estouro foi de mais de 7 pontos percentuais.
Com isso, a inflação brasileira no ano passado foi apontada como uma das três mais altas entre as principais economias do mundo, ficando apenas atrás da Argentina e da Turquia, segundo levantamento da Armor Capital, com os dados da plataforma CEIC Data para a ISTOÉ Dinheiro. A elevação dos preços teve como principais vilões itens como combustíveis, eletricidade e gás de cozinha, e até o café e o açúcar dispararam.
Em 2022, o teto oficial da meta de inflação definido pelo Governo Federal é de 5%, e especialistas avaliam que a inflação deve encerrar o ano perto dessa taxa. Apesar da perspectiva de um cenário melhor nas cadeias produtivas afetadas pela pandemia nos últimos dois anos, tal qual a moveleira, o risco de instabilidade política em um ano eleitoral ainda alimenta incertezas sobre os rumos da economia brasileira.
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Perspectivas para o PIB global e nacional
Quando o assunto é o Produto Interno Bruto, o PIB global deve crescer 4% neste ano e 3,5% em 2023. Isto, de acordo com o relatório Situação Econômica Global e Perspectivas (WESP, na sigla em inglês), publicado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU.
O documento adverte para o fato de que a retomada mundial enfrenta “ventos contrários significativos”, em meio a novas ondas da Covid-19. “Desafios persistentes no mercado de trabalho, desafios duradouros nas cadeias de suprimento e crescentes pressões inflacionárias”.
Em 2021, o PIB global avançou 5,5%, estima ainda o relatório.
No caso dos EUA, a expectativa é de crescimento econômico de 3,5% em 2022 e de 2,4% em 2023.
Para a zona do euro, ela é de avanço de 3,9% neste ano e de 2,6% no seguinte.
Para a China, por sua vez, é de altas de 5,2% e 5,5%, respectivamente.
Já para a economia brasileira, a projeção é de crescimento de 0,5% em 2022 e de 1,9% em 2023.
A ONU destaca o impacto global da onda recente de casos da Covid-19, com a variante Ômicron, e projeta que o custo humano e econômico da doença deve aumentar de novo.
A entidade pede uma resposta coordenada e sustentada para conter a pandemia, que inclua o acesso universal a vacinas, e destaca o risco da pandemia para uma recuperação inclusiva e sustentável. Para a ONU, a pandemia deixa como uma “cicatriz de longo prazo” uma maior desigualdade.
O relatório ainda adverte que, no contexto atual, países emergentes, tal qual o Brasil, correm o risco de enfrentar fraqueza de longo prazo em seus mercados de trabalho.