Futuro da indústria moveleira – “Como um setor intimamente relacionado ao cotidiano das pessoas, a indústria moveleira global também tem que responder às questões-chave deste momento: ‘Paz ou guerra? Progresso ou regressão? Abertura ou isolamento? Cooperação ou confronto?’. Nossa escolha, não importa o que aconteça, deve ser sempre em direção a abertura e a cooperação.” Foi com essas palavras que Xiu Xiangnan, presidente da Confederação Mundial do Mobiliário (WFC), marcou seu discurso durante a Assembleia Geral Anual e o World Furniture Forum (Fórum Mundial de Móveis) de 2022, que ocorreu na última semana.
O evento, que teve transmissão ao vivo simultânea, reuniu representantes da WFC, da Cafa (Conselho da Associação de Móveis da Ásia-Pacífico), da CNFA (Associação Nacional de Móveis da China), além de representantes do setor e da imprensa moveleira de diferentes partes do mundo. Ressaltando que a Plataforma Setor Moveleiro é a parceira oficial da Confederação Mundial de Móveis no Brasil.
Cadeias globais em processo de integração
Xiangnan, presidente da WFC, da CAFA e da CNFA, ressaltou que desde 2020 o mundo passa por mudanças sem precedentes. Com uma série de desafios na geopolítica, no crescimento econômico, na indústria, na redução da pobreza e na proteção do meio ambiente, que impactam, claro, nas mais diversas cadeias de abastecimento, produção e consumo, incluindo a moveleira.
“Cada indústria e setor está sob uma circunstância complicada. Com a fé de ‘não deixar ninguém para trás’, a sociedade internacional junto à ONU [Organização das Nações Unidas] trabalharam em conjunto para lidar com as mudanças drásticas e uma pandemia inédita em nosso século. Suas medidas eficazes desempenharam um papel fundamental na aceleração da recuperação, incluindo coordenação de macropolíticas, pesquisa e desenvolvimento de vacinas, iniciativa de Grãos do Mar Negro e assistência a países subdesenvolvidos. No entanto, a partir de agora, uma transformação rápida e ousada é uma necessidade urgente do mundo para gerenciar os riscos econômicos e políticos entrelaçados”, enfatizou.
Nesse cenário, as cadeias globais de móveis continuarão o processo de integração. “A inevitável contradição na história do desenvolvimento da produtividade humana e o ajuste do mecanismo internacional na nova era exigem que a indústria global de móveis tome ações mais ambiciosas do que nunca. No futuro, a Confederação Mundial do Mobiliário pedirá a cada país membro que fortaleça a cooperação em quatro aspectos: solidariedade, inovação, abertura e sustentabilidade. Esperamos que nossa comunidade internacional expanda o terreno comum e compartilhe sabedoria. Juntos por um futuro brilhante”, finalizou Xiu Xiangnan.
Futuro da indústria moveleira: cluster global
Linda Tu, secretária-geral da WFC, vice-presidente e secretária geral do Cafa, vice-presidente e secretária geral do CNFA, resumiu o trabalho desenvolvido pelas entidades no ano passado a partir de três aspectos: construção institucional, intercâmbio industrial e iniciativas cooperativas. “Graças ao apoio e participação de cada país, a WFC poderá obter muitos resultados significativos em 2022. Alguns dos trabalhos desenvolvidos neste e no último ano também lançaram uma boa base para 2023. Dessa forma, no futuro, a Confederação Mundial do Mobiliário continuará se concentrando no intercâmbio internacional e aproveitando oportunidades para organizar eventos offline”, pontua Linda.
O objetivo, ao que tudo indica, é construir um cluster industrial global como uma amostra de desenvolvimento para o mundo, organizando exposições internacionais para estimular o mercado global e reunir soluções de inovação em móveis de todo o mundo, posteriormente distribuindo-as entre os países membros para modernização industrial sustentável em nível mundial. Com isso, espera-se que a indústria de móveis de todos os cantos do planeta trabalhe em conjunto para lidar com os desafios atuais e ajude as empresas de móveis a se recuperarem e crescerem por meio de várias plataformas.
Expectativas para 2022 não são animadoras
Paralelamente à Assembleia de 2022, o World Furniture Forum convidou importantes palestrantes a compartilhar seus conhecimentos e percepções sobre o status quo e as tendências da cadeia de valor global relacionada ao mobiliário.
Olhando para o desenvolvimento da última década, Alessandra Tracogna, sócia e pesquisadora de Mercado Sênior do CSIL (Centro para Estudos Industriais), destaca que o mercado global de móveis cresceu muito. A região Ásia-Pacífico, a América do Norte e a Europa tornaram-se os maiores mercados de consumo.
“Em 2021, impulsionado pela recuperação econômica, novos comportamentos de compra do consumidor, e-commerce e inovação de produtos, o mercado global de móveis se recuperou da queda de 2020, superando inclusive o nível pré-pandemia. No entanto, o ano de 2022 testemunhou muitos desafios e a maior parte do mercado mundial ficará estagnada ou contraída. Acredita-se que o consumo global de móveis crescerá constantemente em 2023.
Para o Brasil, a expectativa é de uma queda de cerca de 10% na produção industrial de móveis e colchões em 2022 frente a 2021, de acordo com estimativas do IEMI – Inteligência de Mercado. Nós falaremos mais sobre essas projeções e as expectativas de recuperação no próximo ano na próxima terça-feira (08), em mais uma edição do Demanda em Foco Setor Moveleiro, com Marcelo Prado, diretor do IEMI. Inscreva-se no youtube.com/setormoveleiro, ative o sino de notificação e receba a atualização em primeira mão.