No cenário atual da indústria moveleira, a busca por inovação e eficiência operacional tem impulsionado a adoção de tecnologias avançadas. A automação industrial, portanto, emerge como um protagonista nesse contexto, uma vez que pode transformar radicalmente a maneira como os processos são concebidos, executados e otimizados. Na matéria abaixo, você vai conhecer as principais tecnologias de automação presentes no setor moveleiro, assim como seus impactos positivos para a eficiência operacional na produção industrial. Boa leitura!
À medida que o setor moveleiro enfrenta as mudanças proporcionadas pela revolução industrial 4.0, a transformação digital emerge como uma bússola indispensável para os gestores que buscam não apenas sobreviver, mas prosperar nesse ambiente altamente dinâmico.
A automação industrial, componente central desse cenário, transcende os limites do convencional, uma vez que remodela fundamentalmente a forma como os móveis são desenvolvidos, produzidos e entregues ao mercado.
Nesse cenário, a adoção estratégica das tecnologias de automação não apenas impulsiona a eficiência operacional, mas também redefine os padrões de qualidade, flexibilidade e agilidade no setor.
Nesta matéria, que irá lhe apresentar os principais equipamentos de automação industrial presentes na indústria moveleira e seus impactos na eficiência operacional, você vai conferir:
- O que é automação industrial?
- Quais são as principais tecnologias de automação industrial no setor moveleiro?
- Como a introdução de sistemas de automação impacta a indústria de móveis?
- Quais são os desafios enfrentados pelas indústrias ao investir em automação?
- Como a automação industrial impacta a qualidade dos produtos no setor moveleiro?
- Quais são as tendências futuras em automação industrial para o setor moveleiro?
O que é automação industrial?
A automação industrial pode ser definida como a convergência entre hardware e software para controlar e otimizar processos de produção, o que substitui tarefas manuais por sistemas inteligentes e ágeis.
No contexto do setor moveleiro, essa revolução tecnológica se manifesta na integração de máquinas, sensores e softwares avançados, o que cria uma sinergia que vai além da mera eficiência operacional.
Ao adotar a automação, as fábricas moveleiras não apenas aceleram a produção, mas também aprimoram a precisão, reduzem desperdícios e abrem espaço para personalização em escala e, com isso, atendem às crescentes demandas por produtos customizados.
As linhas de produção, antes dependentes de intervenções manuais, passam a operar em um fluxo contínuo e otimizado, impulsionando a capacidade de resposta às tendências do mercado e variações na demanda.
Sensores inteligentes monitoram em tempo real o desempenho das máquinas, identificam potenciais falhas antes que se tornem problemas significativos e permitem ajustes automáticos, garantindo um ambiente de produção mais robusto e eficaz.
Quais são as principais tecnologias de automação industrial no setor moveleiro?
No universo da automação industrial, o setor moveleiro está testemunhando a integração de tecnologias avançadas que redefinem a eficiência e a qualidade na produção de mobiliário.
Marcos Boch, consultor com mais de 15 anos de experiência na área de gestão da produção moveleira e sócio da Erable Consultoria, aponta que as empresas do setor, atualmente, apostam em três ferramentas básicas para a aplicação da automação em seus processos: ERP, CAD e MES.
ERP
No sistema ERP (Enterprise Resource Planning), são realizados os planejamentos dos recursos empresariais, como a própria sigla sugere.
“Trata-se de um software de gestão integrado de automação para todos os processos da empresa, iniciando pelo comercial e financeiro e indo até a fabricação. Nesse sistema, são gerenciados os suprimentos, processos produtivos, expedição e entrega dos produtos, por exemplo”, explica.
CAD
Já o sistema CAD (Computer Aided Design), conforme aponta Boch, se refere a um software de criação de desenhos 3D.
“Esses programas podem gerar, de forma autônoma, informações físicas ou digitais com especificação de dados de engenharia de produto, como materiais, medidas, tolerâncias, operações e outros, para os processos de produção, integrando as informações do projeto executivo com máquinas e equipamento CNC (Comando Numérico Computadorizado).”
MES
Por fim, no sistema MES (Manufacturing Execution Systems), o software tem o objetivo de otimizar o processo de produção, bem como de monitorar, rastrear, controlar e gerar dados de todo o processamento do produto ao longo de seu desenvolvimento.
“Essas três ferramentas quando integradas entre si e a máquinas CNC promovem o princípio da Indústria 4.0, conceito que representa a automação industrial pela integração de diferentes tecnologias”, argumenta o consultor especializado no setor moveleiro.
Como a introdução de sistemas de automação impacta a indústria de móveis?
Boch aponta que a adoção de sistemas de automação industrial impacta diretamente na eficiência e na produtividade dos processos, uma vez que as tecnologias reduzem a intervenção humana direta e, com isso, evitam erros e perdas de informações na industrialização dos produtos.
Além disso, conforme o especialista, a automação padroniza o fluxo de trabalho e, assim, diminui os tempos de processamento e aumenta a confiabilidade devido aos controles informatizados posicionados de forma estratégica.
“Para um melhor entendimento, vamos observar um exemplo. Na imagem abaixo, há uma operação inicial de corte de chapa em uma máquina com maior intervenção humana com uma seccionadora semiautomática. Neste caso, o operador necessita fazer muitas regulagens manuais dificultando a precisão de medidas, esquadro das peças e tempo da operação”, explica.
“Essa mesma operação de corte em uma seccionadora CNC, como mostra a imagem seguinte, o operador necessita fazer poucas intervenções, e as que necessitam de maior controle, como medidas, esquadro, movimentação na mesa de trabalho e tempo de ciclo, são controladas pela automação do equipamento, o que padroniza a velocidade dos movimentos e a qualidade no controle de medidas, esquadro e gestão das peças”, finaliza o consultor.
Aumento de produtividade
Segundo Boch, a produtividade média de corte de chapas derivadas da madeira em uma seccionadora semiautomática gira em torno de 20 chapas – no que se refere a planos de corte – em oito horas de trabalho. Essa mesma operação desenvolvida em uma seccionadora CNC gera 40 chapas no mesmo período de tempo.
“No caso acima, no qual comparamos apenas a operação no equipamento, já temos um benefício de tempo, ou seja, de produtividade, de 100%. Porém, os estudos de tempos e movimentos podem mudar de empresa para empresa de acordo com o segmento da fábrica, como produtos seriados ou planejados, com o modelo da máquina e com a capacitação do operador.”
Quais são os desafios enfrentados pelas indústrias ao investir em automação?
O especialista Marcos Boch acredita que, atualmente, os principais desafios enfrentados pelas empresas do setor moveleiro no que se refere à implementação de tecnologias de automação industrial estão relacionados à falta de mão de obra qualificada – seja esta interna (colaboradores) ou externa (profissionais terceirizados).
“Uma pesquisa realizada pela empresa ManpowerGroup no ano de 2022 mostra que a falta de mão de obra qualificada nas empresas brasileiras atingiu a marca de 81%, 6% a mais da média mundial, que é de 75%. Nesta pesquisa, a empresa também cita que a maior demanda indica a falta de mão de obra em tecnologia das informações (40%), área esta que está estritamente ligada ao tema dessa matéria”, argumenta o consultor.
Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) no ano de 2019 também aponta a falta de mão de obra qualificada como um desafio das indústrias brasileiras. Nesta pesquisa, a CNI reporta que, além de técnicos, as indústrias têm dificuldade em contratar operadores de máquinas.
“Uma possível solução para as empresas, sobretudo do setor moveleiro, é apostar em capacitações internas e nos cursos de instituições como o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Essa médica, sem dúvidas, auxilia na redução da falta de mão de obra qualificada.”
Como a automação industrial impacta a qualidade dos produtos no setor moveleiro?
Além de integrar as etapas de um processo de produção, a automação industrial permite padronizar os processos, o que garante que variações na qualidade dos produtos não irão ocorrer.
Uma vez que a máquina é programada, os procedimentos operacionais serão realizados de modo uniforme, sem interrupções e com produtividade, conforme aponta Boch.
“Na prática, o controle de qualidade na fabricação das peças dos móveis deve ser realizada na fonte, ou seja, no equipamento onde são elaboradas as operações de corte, filetamento, furação, usinagem e outras. Neste caso, sensores e atuadores do equipamento controlam e avisam o operador se a peça ficou fora das especificações, não permitindo que peças defeituosas sigam para a próxima operação. Além da qualidade, esse processo de automação controla a quantidade das peças geradas no lote de produção.”
Para elucidar a informação, o consultor apresenta um exemplo referente aos sistemas MES, citados no início dessa matéria.
“Esse sistema, que é voltado para o gerenciamento das atividades (operações) no chão de fábrica, pode trabalhar de forma integrada com o sistema ERP, o que possibilita o controle de todas as etapas do processo produtivo em tempo real, acompanhando o funcionamento, a qualidade de operação e a produtividade das máquinas e postos de trabalho”, explica.
Quais são as tendências futuras em automação industrial para o setor moveleiro?
Marcos Boch acredita que as tendências futuras em automação industrial para o setor moveleiro vão estar voltadas para a robótica, principalmente para o controle e movimentação de materiais e peças no chão de fábrica, seja de insumos para a produção, para a movimentação de peças de operação para operação ou para a estocagem dos produtos prontos.
Essas tecnologias, conforme aponta o especialista, devem controlar a qualidade e quantidade de peças no processo produtivo, o que irá evitar falhas e aumentar a produtividade no transporte, na movimentação e na estocagem dos itens.
“Para o futuro, entendo que a indústria moveleira brasileira deva migrar da Indústria 4.0 para a Indústria 5.0. A novidade dessa quinta revolução industrial é o conceito de que a IA (Inteligência Artificial) deve ser programada para a sintonia entre o ser humano e as máquinas, com o objetivo de unir os avanços da tecnologia com as habilidades, o conhecimento e a criatividade das pessoas”, finaliza o consultor do setor moveleiro.