Na terceira alta consecutiva, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de móveis cresceu 7,6% na passagem de novembro para dezembro de 2022. Em relação a dezembro de 2021, contudo, o recuo foi de 3,1%. E o que isso revela sobre o desempenho da indústria moveleira ao longo do ano passado?
De acordo com os indicadores levantados pelo instituto por meio da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), a produção de móveis fechou 2022 (janeiro a dezembro) com queda substancial de 16,2% em relação ao ano anterior.
É importante lembrar, porém, que o ano de 2021 foi marcado por uma demanda aquecida no consumo de móveis. Questão alavancada, em especial, pelo impacto positivo do isolamento social sobre os investimentos no ambiente doméstico, bem como pela injeção de benefícios econômicos por meio de auxílios sociais no País.
Além disso, muito do crescimento observado em 2021 ao decorrer de diversos ramos industriais, tem também relação direta com a queda significativa na produção e consumo em 2020, início da pandemia. “A indústria brasileira avançou 3,9% em 2021, mas foi influenciada por uma base baixa de comparação e não superou as perdas de 2020”, reforça o gerente da PIM-PF, André Macedo.
O recuo da indústria nacional em 2022 também é explicado por fatores como a elevada taxa de juros, que afeta diretamente os custos de crédito, além da inflação, principalmente dos alimentos, que impacta na renda das famílias e, consequentemente, no consumo. “Também há influência do aumento nas taxas de inadimplência e de endividamento. E o mercado de trabalho, que embora tenha mostrado clara recuperação ao longo do ano, ainda se caracteriza pela precarização dos postos gerados”, complementa Macedo.
Recuo em 17 de 26 ramos industriais em 2022
A retração na comparação entre os dois últimos anos, portanto, não ocorreu apenas na indústria moveleira. Em 2022, a produção industrial geral no Brasil recuou 0,7% em relação a 2021, quando a indústria nacional havia apresentado alta de 3,9% no volume produzido.
O recuo foi verificado em 17 dos 26 ramos industriais pesquisados pelo IBGE. As principais influências negativas no desempenho agregado da indústria foram registradas pelas indústrias extrativas, com queda de 3,2%; pelos produtos de metal, cuja produção caiu 9,0%; pela metalurgia, com recuo de 5,0%; fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, que despencou 10,7%; e por produtos de borracha e de material plástico, com queda de 5,7%.
Vale destacar também as contribuições negativas assinaladas pelos ramos de produtos de minerais não metálicos (-5,1%); de produtos têxteis (-12,8%); dos móveis (-16,2%); produtos de madeira (-12,9%); de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8,4%); e de máquinas e equipamentos (-2,3%)
Indústria moveleira avança no último trimestre de 2022
Se há um indicativo de otimismo em meio a todos esses números, porém, isso se dá ao observarmos o desempenho da indústria, inclusive da moveleira, nos últimos meses do ano. No quarto trimestre de 2022, o setor industrial avançou 0,5%. Permanecendo, assim, com o comportamento positivo observado no terceiro trimestre de 2022 (+0,9%), quando interrompeu quatro trimestres consecutivos de taxas negativas.
Na média móvel trimestral, então, a indústria moveleira obteve crescimento de 2,5%.