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Balanço da indústria de móveis e colchões em 2022: queda estimada é de 12,4%

Recapitulando: o ano de 2021 foi, sem dúvida, um dos mais interessantes em termos de resiliência e oportunidades para a indústria de móveis e colchões no Brasil, que alcançou o montante de R$ 79,8 bilhões em produção local (sell in). Valor que corresponde a um aumento de 11,6% em relação ao fatídico 2020, com crescimento do número de peças produzidas (443 milhões, correspondendo a +2,7% frente ao ano anterior), de pessoal ocupado (275 mil pessoas, correspondendo a +3,4%) e das exportações (30,1 milhões de peças, correspondendo a avanço de 39,7%), segundo indicadores corrigidos e atualizados levantados pelo IEMI – Inteligência de Mercado.

E em 2022?

Bem, não precisamos nem dizer que o ano que passou foi complicado. Seja pela estabilização da demanda ou pelo afundamento do poder de compra do consumidor brasileiro. Ou ainda pelos tantos obstáculos econômicos, políticos e logísticos no Brasil e no mundo, que atravancam o bom desenvolvimento das mais diversas cadeias produtivas e de valor, incluindo a moveleira. 

Conforme a última edição da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), publicada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicadores demonstram que no acumulado de janeiro a novembro de 2022, a produção de móveis teve um recuo de 17,2% sobre o mesmo período em 2021. Isso, em volume. Nós trouxemos as principais informações da pesquisa aqui: Produção moveleira observa leve aumento em novembro de 2022.

Nesse ritmo, para o fechamento do ano (janeiro a dezembro), a tendência de retração é mantida. Projetando-se, então, uma queda de 12,4% em volume de peças produzidas em 2022 frente a 2021. Ou seja, algo em torno de 388 milhões de peças fabricadas no ano. 

Apesar de ensaios de recuperação ao longo dos meses, a indústria de móveis e colchões manteve-se abaixo dos níveis pré-pandemia. Tendo experimentado um pouso suave no início do ano passado, mas que se agravou ao longo de 2022.

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Em volume de pças produzidas

Receita na indústria moveleira

Em faturamento, a receita acumulada entre janeiro e outubro foi 11,4% inferior à de igual período no ano anterior, segundo o IEMI. Para o fechamento de 2022, estima-se queda de 4,4% em valores, somando-se aproximadamente R$ 76,3 bilhões em receita. 

Receita - iemi grandes numeros indústria de móveis e colchões em 2022 - Plataforma Setor Moveleiro
Em faturamento
  • Confira todos os principais indicadores em Indústria de móveis e colchões: resultados conjunturais 2022 e projeções 2023”

Receita vs custos de produção

Aqui é importante ressaltar os aumentos constantes nos custos de produção do setor, especialmente no que diz respeito ao preço de matérias-primas e de transporte, além de todas as cargas fiscais, desequilíbrio cambial etc.

Para se ter uma ideia, quando se trata de painéis de madeira reconstituída, material essencial na fabricação de móveis, os últimos reajustes anunciados por fornecedores na área indicaram aumentos na ordem de 6% a 10%, segundo a ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário). Que formalizou, por meio de ofício enviado à direção do IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), que representa os fabricantes da área, a necessidade de estabilização dos preços de chapas e painéis de madeira no mercado interno para “a manutenção da produção industrial, bem como da sobrevivência de empresas e postos de trabalho no País, em especial num momento tão delicado quanto o que atravessamos”, conforme ressalta a entidade em comunicado.

Dessa forma, os industriais operam a cada dia com mais dificuldade de repassar esses incrementos nos preços para o varejo, que já chega ao seu limite, com um impacto inflacionário que já acumulava 16,56% de aumento até novembro de 2022.

Expectativas para 2023 na indústria de móveis e colchões

Com todo o apresentado, então, os indicadores preliminares apontados até aqui, com base no levantado pelo IEMI, apontam para um recuo de 12,4% em volume de peças produzidas e queda de 4,4% em valores nominais na indústria de móveis e colchões em 2022 comparando-se a 2021.

Diante de tal desempenho, portanto, o setor parece ter fechado o ano 11,4% abaixo do volume produzido em 2019 (pré-pandemia). 

Para este ano que se inicia, 2023, a expectativa é de aumento da produção, que deve pular de 388 milhões para cerca de 426 milhões de peças. Estima-se avanço também no faturamento, indo de R$ 76,3 bilhões para algo em torno de R$ 87,2 bilhões. 

A projeção é que a tendência de crescimento se mantenha também em 2024, como podemos ver na tabela abaixo. O que, claro, dependerá, entre outras questões, da reorganização das cadeias de abastecimento globais, da pacificação de conflitos internacionais e, mais especialmente, das políticas públicas que serão implementadas pelo novo governo no Brasil e como elas impactarão o problema dos juros, do acesso ao crédito, da inflação, da geração de emprego, entre outros pontos essenciais para a economia e a indústria nacional. 

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E na ponta, ou seja, no varejo, como foi o ano que se passou? É isso que falaremos em noso próximo conteúdo da microssérie “Balanço 2022”. 

 

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