No cenário atual, as bets (apostas esportivas e jogos de azar online) têm se tornado um fenômeno cultural e econômico com impacto significativo em diversos setores, incluindo o mercado moveleiro. Esta coluna explora como o comportamento de consumo influenciado pelas bets está moldando as escolhas dos consumidores e desafiando gestores a adaptar suas estratégias para um público cada vez mais volátil e diversificado. Boa leitura!
A crescente popularidade das bets – que podem ser traduzidas, literalmente, do inglês como “apostas” – e dos jogos on-line, como ilustrado pelo preocupante caso do “Jogo do Tigrinho”, no qual uma jovem foi acusada de desviar uma grande soma de dinheiro do avô para apostas, lança luz sobre um fenômeno de consumo que vai além do entretenimento digital.
Esse episódio não apenas destaca as questões de segurança financeira pessoal, mas também provoca uma reflexão mais profunda sobre como essas práticas influenciam o consumo em setores tradicionais, como o moveleiro.
O testemunho de um lojista que preferiu não se identificar: uma perspectiva do varejo para os impactos das bets
Um depoimento anônimo de um lojista do setor moveleiro revela uma preocupação latente com o impacto das bets e jogos on-line no comportamento de compra dos consumidores.
Segundo o profissional, “não temos como mensurar essa informação, até porque não achamos interessante dar destaque ao cliente sobre apostas esportivas ou qualquer outra. Quem joga, geralmente omite”.
Esse comentário sublinha uma realidade complexa: enquanto as apostas esportivas e jogos de azar ficam mais populares, seu impacto direto nas vendas de produtos de consumo duráveis, como móveis, permanece difícil de quantificar.
Estratégias de engajamento e conscientização
O lojista aponta, também, a importância de não enfatizar as apostas como um foco para os clientes, optando, em vez disso, por melhorar a qualidade e os preços dos produtos, tornando-os mais acessíveis através de “parcelas que caibam no bolso do consumidor”.
Essa estratégia visa não somente a facilitar a aquisição de móveis de qualidade, como também a promover um consumo mais consciente e responsável.
Além disso, o lojista destaca que “o uso das redes sociais para mostrar a realidade de uma casa arrumada e confortável é destacado como uma ferramenta crucial para conectar os consumidores com a ideia de que o bem-estar e o conforto doméstico são acessíveis e desejáveis. A intenção é fazer com que os consumidores não apenas vejam, mas se vejam inseridos nessa realidade, promovendo um sentido de pertencimento e aspiração”.
Desafios e oportunidades das bets para o setor moveleiro
O depoimento do profissional também aponta para um desafio comum enfrentado pelo setor moveleiro: a hesitação da indústria em investir em marketing, muitas vezes visto como um custo sem retorno garantido.
No entanto, o lojista argumenta que é necessário um esforço de convencimento, através de um marketing bem executado, de que os móveis de alta qualidade, como aqueles encontrados em lojas especializadas, são não apenas aspiracionais, mas acessíveis.
Esse ponto de vista sugere uma mudança de paradigma, no qual o marketing no setor moveleiro deve ser visto não como uma despesa, mas como um investimento essencial na construção de uma relação de confiança e aspiração com os consumidores.
A ideia é que, ao ver uma cozinha planejada ou um guarda-roupa de alta qualidade, os consumidores acreditem que esses itens podem fazer parte de sua realidade, por um preço acessível.
Conclusão
O caso do “Jogo do Tigrinho” e o depoimento do lojista anônimo oferecem uma visão valiosa sobre os desafios e as oportunidades enfrentados pelo setor moveleiro em um mundo cada vez mais digitalizado e suscetível às tendências de consumo rápido.
Enquanto as bets e os jogos on-line representam uma distração crescente, há uma oportunidade significativa para o setor moveleiro reforçar a importância do consumo consciente e do investimento em qualidade de vida por meio de móveis que oferecem conforto, funcionalidade e estilo.
A chave para o sucesso, nesse caso, reside na capacidade de o setor de se adaptar, inovar e comunicar eficazmente o valor duradouro e o impacto positivo que os móveis de qualidade podem ter no bem-estar dos consumidores.
Os desafios dos novos tempos podem ser exemplificados pela iminente aprovação da operação de cassinos no Brasil. Considerando a cultura – ou a falta dela – do brasileiro, que possui em seu “DNA” uma propensão a esperar por soluções para sua falta de perspectivas através de fatores ou circunstâncias alheias ao seu próprio esforço, a ilusão dos jogos de azar pode não apenas destruir vidas e famílias, mas também se tornar um fator de desequilíbrio na definição das prioridades orçamentárias de indivíduos e núcleos familiares.
A concorrência não será mais com varejos similares ou com outros bens de consumo, viagens, lazer e outros já conhecidos.
Estamos preparados?!
Escreveu esse artigo
Carlos Bessa, o idealizador e fundador da Plataforma Setor Moveleiro, é uma figura proeminente no cenário empresarial.
Com um MBA em Gestão Estratégica de Vendas, pós-graduação em Administração de Marketing e diversos cursos, incluindo Empreendedorismo e Marketing Estratégico, acumula mais de 30 anos de experiência no campo do marketing, dedicando impressionantes 29 anos exclusivamente ao Setor Moveleiro.
Não apenas um especialista em marketing, mas também uma voz respeitada internacionalmente, Carlos Bessa ocupou o cargo de secretário-geral da IAFP (International Alliance Furniture Press).
Além disso, recentemente, ampliou sua atuação ao se tornar consultor empresarial franqueado pela Consulting Now, trazendo ainda mais conhecimento e visão estratégica ao seu repertório.
