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Black Friday 2020: Ano atípico, movimento mais ainda

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Aparentemente, a Black Friday das filas nas lojas de varejo e das madrugadas em claro para conquistar as primeiras promoções entre aqueles já habituados às compras on-line ficou no passado. A inclusão meteórica de consumidores ao comércio virtual parece justificar o baixo movimento nas lojas físicas neste ano. Enquanto a antecipação das promoções — ação que antes não gerava tanto efeito — aparece como a de maior impacto em ambos os casos citados.

De acordo com o Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA), divulgado no último domingo, 29, as vendas nominais no varejo brasileiro caíram 14,5% na Black Friday deste ano, comparado com a data no ano passado. O índice considera as vendas gerais e não apenas as transações processadas nas maquininhas da própria marca. A queda geral foi puxada pelo varejo físico, que teve contração de 25,5%, segundo eles. Enquanto no comércio eletrônico as vendas cresceram 21,2%. Isso, quando falamos exclusivamente da sexta-feira.

Entre os lojistas ouvidos por nossa reportagem, no entanto, fica clara uma procura muito mais alta do que a habitual durante a quinta-feira. O que justificaria, então, os dados divulgados pela Neotrust/Compre&Confie, demonstrando que as vendas no e-commerce entre os dias 26 e 27 de novembro passaram de R$ 5,1 bilhões. Valor 31% maior do que no mesmo período do ano passado, considerando todas as vendas de bens de consumo de maneira on-line.

Varejo físico demonstra cansaço

No varejo físico, como acompanhou a Folha de São Paulo nas lojas de rua da capital paulista, o movimento aumentou na parte da tarde de sexta-feira. Mas não houve aglomeração ou fila. E mesmo entre aqueles que foram até uma loja finalizar sua compra, a grande maioria consultou os preços durante a semana de forma on-line: sites de busca, lojas virtuais ou aplicativos.

Grandes redes como a Magazine Luiza, por exemplo, anteciparam-se a este comportamento do consumidor e forçaram as vendas virtuais. Restringindo o acesso às suas unidades físicas e lançando promoções de até 80% de desconto durante quase todo o mês de novembro nos sites e aplicativos da Magalu.

De acordo com a Via Varejo, as vendas on-line da Casas Bahia e do Ponto Frio ampliaram-se em 99%. Respondendo, assim, por 62,4% das vendas do durante a semana passada (22 a 28 de novembro). O aplicativo “Me Chama no Zap”, sozinho, representou 18% do comércio eletrônico da rede. A opção de comprar pela Internet e retirar o produto na loja também cresceu significativamente — 142%.

A Via Varejo encerrou a Black Friday 2020 com vendas de R$ 3 bilhões. O resultado é o novo recorde da companhia. Superando, dessa forma, a marca anterior, de R$ 2,2 bilhões, registrada no ano passado.

Black Friday 2020 marca números históricos no comércio eletrônico no Brasil

Dessa maneira, quando o assunto é e-commerce, o volume de vendas na Black Friday em 2020 foi um marco histórico para o varejo digital brasileiro. Tornando-se, assim, a data com maior volume de venda já registrado no País em todos os tempos. “Em alguns períodos do dia, foram mais de 5 mil pedidos por minuto”, destaca André Dias, fundador da Neotrust/Compre&Confie.

Os brasileiros também fizeram pedidos de maior valor. Ainda segundo o levantamento, o tíquete médio neste ano foi de R$ 668,70. Número 5,1% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.

Black Week: Compras antecipadas mudam dinâmica no varejo

“Diferentemente das edições anteriores, as ações de antecipação das ofertas da Black Friday apresentaram resultados muito positivos em 2020. Desde o início da semana até quarta-feira, as vendas registraram variação superior a 100% em relação ao ano passado. Em contrapartida, a alta nas vendas durante o início da semana enfraqueceu os resultados durante a sexta-feira”, explica Dias.

A consultoria Ebit|Nielsen também verificou movimento menor de compras on-line na madrugada de quinta para sexta-feira, quando comparado com anos anteriores. Para Júlia Ávila, líder da consultoria, o cenário está ligado a novos comportamentos dos consumidores, que vêm acompanhando os preços.

“A pandemia fez os consumidores terem um comportamento diferente. As compras ficaram diluídas e o comércio eletrônico soube aproveitar o momento e fisgá-los com descontos, oportunidades e atratividades durante todo o mês”, opina Júlia. “As pessoas também ficaram em casa trabalhando e não precisaram passar a noite em claro nem ir até uma loja para acompanhar alguma oferta.”

E o setor moveleiro?

Bem, considerando o faturamento, de acordo com a Neotrust/Compre&Confie, as classes de produtos que mais geraram receita foram: Telefonia, Eletrodomésticos e Ventilação, Informática e Câmeras, Entretenimento e Móveis, além de Construção e Decoração. A Melidata, que faz os levantamentos de dados internos do Mercado Livre, divulgou neste sábado, 28, as categorias que registraram maior volume de vendas. O setor de Roupas ultrapassou até mesmo o de eletrônicos, ficando na primeira posição. Seguido, então, pela categoria de Casa e Decoração.

Entre os varejistas que compartilharam suas percepções e experiências sobre a Black Friday deste ano com nossa equipe, os pontos de vistas e resultados são diferentes, variando de acordo com uma série de questões. Tais como: localidade, estratégias, público-alvo, atuação no comércio eletrônico etc. Sem revelarmos fontes para preservar o planejamento de cada empresa, seguem abaixo algumas das declarações colhidas durante o fim de semana.

Focada no varejo on-line, rede celebra bons resultados, mas ressalta movimento incomum

“A Black Friday sem dúvidas atendeu nossas expectativas. O movimento não foi apenas na sexta-feira, o comportamento do cliente mudou. Quem tinha real interesse em comprar, acabou já realizando a compra na quarta e na quinta-feira. Inclusive superando nosso forecast e ajudando-nos a bater a meta na sexta. Confesso que esta foi uma surpresa, pois estávamos bastante receosos com a questão do prazo. Uma vez que, como todos nós sabemos, a espera pela entrega de móveis prontos para o consumidor final está bem longa. Mas parece que os consumidores estão se conscientizando de que o cenário de falta de insumos traz como consequência maiores prazos. Agora corremos atrás de entregar todos os pedidos, com uma operação muito focada em acelerar essas entradas de forma alinhada com a indústria. Dessa forma, mesmo que não tenha havido uma curva tão acentuada de vendas na sexta-feira, fechamos a semana de forma bastante satisfatória.”

Pouco estoque e reajuste de preços não deixa margens para varejistas

“Nos últimos meses estamos passando por uma reformulação total do negócio. Eliminando fornecedores e produtos, enxugando processos. Então, este foi um ano atípico para nós. O que, de fato, culminou em um ritmo mais fraco de vendas durante a Black Friday. Mas que não acredito que seja um indicativo nem para se comparar com os nossos anos anteriores, tampouco que represente ao setor como um todo, já que mudamos nossa estratégia. O que enxergamos, porém, é que não houve — nem na nossa loja, nem na de concorrentes — um boom tão grande de vendas de móveis. Até porque estamos muito pouco estocados. Dos colegas de negócios com os quais conversamos, quem tinha algum estoque fez ações, mas também não tinha muito o que queimar por conta dos reajustes de fornecedores. No mercado em geral, porém, vimos colegas varejistas apresentando ofertas muito boas em outros segmentos e obtendo vendas mai significativas.”

Sucesso na Black Friday!

“O movimento da Black Friday foi maravilhoso, muito bom! Superamos nossas expectativas. Não é que arrebentou acima da meta, mas batemos e vendemos bem. Agora esperamos que Dezembro seja um mês igualmente positivo. Já o futuro, a Deus pertence!”

Desaceleração total em Novembro

“Os meses anteriores vinham numa crescente muito boa. Mas novembro foi um desastre, travou tudo. Pensamos se fazíamos ou não nossas ações para o período, até por medo de zerarmos o estoque de móveis, que já está baixo. Por fim, optamos por fazer. A campanha por aqui, no entanto, não teve sucesso neste ano, ficando muito abaixo do esperado e do conquistado em edições anteriores. Investe-se muito nesse tipo de ação e não obtivemos bons resultados. Nesse ritmo, a Black Friday não apresentou reflexo nenhum para falar a verdade, nem positivo nem negativo. Os prazos muito longos para a entrega de mobiliário podem ter afastado ainda mais os consumidores desta categoria.”

E você, como a Black Friday 2020 influenciou nos seus negócios? Conta pra gente!

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