Capacitação na NR-12: segurança e eficiência nos processos do Setor Moveleiro

Capacitação na NR-12: segurança e eficiência nos processos do Setor Moveleiro

No dinâmico setor moveleiro, onde a inovação e a demanda por qualidade são constantes, a segurança no ambiente de trabalho é um aspecto crucial a ser considerado. Nesse contexto, a Norma Regulamentadora 12 (NR-12) emerge como uma diretriz essencial, estabelecendo padrões rigorosos para a utilização de máquinas e equipamentos. Mais do que uma mera obrigação legal, o cumprimento da NR-12 pode trazer uma série de benefícios para as empresas do setor, contribuindo para a proteção dos trabalhadores e o aprimoramento dos processos produtivos.

Neste artigo, vamos explorar a importância da capacitação na NR-12 e como isso pode impactar positivamente os processos e resultados das empresas moveleiras. Para isso, contaremos com a expertise de Diego Luft, Técnico em Segurança do Trabalho, que também atua como Instrutor de Normas Regulamentadoras e Instrutor de Percepção de Riscos. A NR-12 define requisitos mínimos de segurança, visando mitigar os riscos de acidentes e garantir ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. Ao adotar as medidas recomendadas pela norma, as empresas não apenas cumprem com suas obrigações legais, mas também demonstram compromisso com o bem-estar de seus colaboradores.

Além disso, a conformidade com a NR-12 pode resultar em maior eficiência operacional e qualidade dos produtos fabricados, uma vez que processos mais seguros tendem a ser mais eficientes e menos suscetíveis a falhas.

Adaptando-se a NR-12 e às necessidades do setor

No setor moveleiro, é essencial garantir o cumprimento rigoroso dos requisitos da NR-12 para garantir a segurança dos trabalhadores. Eles precisam estar devidamente capacitados para manusear máquinas como serras circulares e prensas de forma segura e eficiente.

Os cursos de capacitação obrigatórios, conforme estabelecidos pela NR-12, abrangem uma ampla gama de máquinas e equipamentos utilizados no setor moveleiro. Da mesma forma, os benefícios decorrentes dessas capacitações também são significativos para as empresas do ramo. Em primeiro lugar, investir na capacitação dos colaboradores contribui para a redução de acidentes de trabalho. Ao aprenderem a reconhecer e controlar os riscos associados às máquinas, os trabalhadores se tornam mais conscientes e aptos a evitar situações de perigo.

Adicionalmente, a qualidade da capacitação dos colaboradores impacta diretamente na produtividade. Funcionários bem treinados cometem menos erros durante o processo produtivo, o que resulta em uma maior eficiência operacional e menores custos com retrabalho.

NR-12: Aplicabilidade e importância

Diego Luft ressalta que a NR-12 abrange todas as atividades envolvendo maquinário, o que inclui desde o desenvolvimento até a desativação. Em suas palavras: “Todas as interações com as máquinas estão sujeitas à NR-12”.

Composição da NR-12

A NR-12 aborda diversos aspectos, incluindo arranjo físico e instalações, dispositivos elétricos, partida, acionamento e parada de máquinas, sistemas de segurança, parada de emergência, transportadores, ergonomia, riscos adicionais, sinalização, manuais e capacitação em procedimentos de segurança.

Luft afirma que as medidas de proteção coletivas são as mais efetivas; no entanto, devem ser complementadas por medidas administrativas e organizacionais. Ele também destaca a importância das medidas de proteção individual (EPIs), apesar de considerá-las menos efetivas.


Os principais dispositivos de segurança em máquinas

Diego Luft, Técnico em Segurança do Trabalho, destaca três dispositivos fundamentais para garantir a segurança em operações com máquinas: sistemas de segurança em zonas de perigo, dispositivos de intertravamento e dispositivos de parada de emergência.

1. Sistemas de segurança em zonas de perigo

Esses sistemas projetam e protegem áreas consideradas perigosas nas máquinas, onde os trabalhadores podem estar expostos a riscos. Eles evitam o acesso a essas zonas durante a operação, minimizando a ocorrência de acidentes.

2. Dispositivos de intertravamento

Os dispositivos de intertravamento são mecanismos essenciais para garantir a segurança operacional das máquinas. Eles asseguram que a máquina só seja ativada quando as condições de segurança necessárias, como a presença de proteções adequadas, são atendidas. Além disso, esses dispositivos são fundamentais para prevenir acidentes e garantir o funcionamento seguro das máquinas.

3. Dispositivos de parada de emergência

Os dispositivos de parada de emergência são projetados para interromper imediatamente o funcionamento da máquina em situações de risco iminente ou emergência. Eles permitem que os trabalhadores desativem rapidamente o equipamento em caso de acidentes ou incidentes, contribuindo para evitar lesões graves ou fatais.

De acordo com Diego Luft, os principais motivos de acidentes com máquinas e equipamentos incluem a ausência de dispositivos de proteção adequados, seguido do uso de burla, o famoso “jumper” e a falta de procedimentos de bloqueio e identificação de energia (LOTO).

Atualização constante: a chave para a eficiência na segurança

Para complementar, a valorização pessoal dos colaboradores no setor moveleiro é um fator-chave para promover um ambiente de trabalho saudável e motivador. Ao perceberem que a empresa investe em sua capacitação e desenvolvimento profissional, os trabalhadores se sentem mais engajados e comprometidos com os objetivos da organização.

Desse modo, a capacitação na NR-12 é uma peça fundamental no quebra-cabeça da segurança e eficiência no setor moveleiro. Além de cumprir com as exigências legais, investir na formação dos colaboradores é uma estratégia inteligente para garantir a qualidade dos processos e resultados das empresas do ramo. 

No Sesi Paraná, os cursos de capacitação são adaptados às necessidades específicas das empresas moveleiras. Isso facilita o acesso e garante que os colaboradores recebam a formação necessária para desempenhar suas funções com segurança e eficiência. Portanto, priorizar a capacitação da sua equipe é investir em segurança e no sucesso sustentável do setor moveleiro.

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Confira esta entrevista exclusiva complementar à matéria:

Diego Luft, Técnico em Segurança do Trabalho, Instrutor de Normas Regulamentadoras, Percepção de Riscos.

Setor Moveleiro: Quais são os principais desafios enfrentados pelas empresas do setor moveleiro em relação à segurança no trabalho, especialmente no que diz respeito ao cumprimento da NR-12? 

Diego Luft: Acredito que os principais desafios estão relacionados muitas vezes ao alto custo para adequação do parque fabril das empresas, tendo a indústria que muitas vezes importar os dispositivos de segurança, encarecendo muito a implantação de tecnologias eficazes. As empresas muitas vezes buscam o SESI para a elaboração dos laudos, relatórios e treinamentos, porém encontram dificuldades na implantação das medidas técnicas. 

Setor Moveleiro: Como as capacitações exigidas pela NR-12 podem ser adaptadas para atender às necessidades específicas das empresas moveleiras?

Diego Luft: De acordo com a NR-12, as capacitações precisam ser adaptadas a cada máquina. Dessa forma, o SESI realiza uma visita preliminar para conhecer as máquinas utilizadas no processo e os procedimentos adotados. Além disso, utilizamos os relatórios de riscos, laudos e manuais disponíveis. Quanto à execução dos treinamentos, cientes das dificuldades de parada da mão de obra, o SESI consegue adaptar-se conforme a necessidade da indústria, oferecendo treinamentos em diversos horários e dias da semana, inclusive aos sábados.

Setor Moveleiro: Quais são os erros mais comuns cometidos pelas empresas do setor moveleiro ao lidar com máquinas e equipamentos? Como esses erros podem ser evitados por meio da capacitação adequada?

Diego Luft: Os erros mais comuns estão relacionados à falta de gestão de segurança, onde muitas vezes as empresas possuem poucos funcionários e inexiste um setor de segurança do trabalho para a realização dessa gestão. Nesse caso, o SESI também consegue apoiar a indústria na realização de consultorias definidas em cronogramas semanais, quinzenais ou por demanda. Nessas consultorias, conseguimos apoiar a indústria em diagnósticos mais assertivos, indicando inclusive os treinamentos mais adequados àquela realidade e momento.

Setor Moveleiro: Além dos cursos de capacitação, quais outras medidas as empresas do setor moveleiro podem adotar para promover uma cultura de segurança no ambiente de trabalho?

Diego Luft: Como mencionado acima, contratando a assessoria de um profissional de segurança já seria um ótimo ponto de partida, pois ele poderá realizar um mapeamento das medidas de segurança necessárias, indicando as melhorias, documentos necessários, adequações físicas e treinamentos. As normas regulamentadoras (36 em vigor) ajudam o empresário a realizar suas adequações, porém é necessário um olhar técnico mais aprofundado e focado. A cultura de segurança só aumenta quando o empresário demonstra esse interesse. A empresa Dupont, líder mundial em segurança, utiliza um provérbio que resume muito bem esse assunto: “Você alcançará o nível de segurança que demonstrar que deseja alcançar”.

Setor Moveleiro: Qual é a importância da atualização constante das capacitações em relação às mudanças tecnológicas e normativas no setor moveleiro?

Diego Luft: É sabido que a evolução tecnológica anda de mãos dadas com a evolução da legislação, e os treinamentos deverão estar alinhados com essa premissa. Nós, do SESI, buscamos sempre estar atualizados com essas tendências. Por isso, conseguimos levar para os treinamentos as informações mais atualizadas possíveis, onde muitas vezes os empresários ficam sabendo das mudanças através dessas capacitações. Além dos treinamentos in company, o SESI também realiza diversos eventos em suas unidades, a fim de sempre levar informações atualizadas tanto para as empresas quanto para os trabalhadores da indústria.

Setor Moveleiro: Como a capacitação dos colaboradores pode impactar positivamente a competitividade e o sucesso financeiro das empresas do setor moveleiro?

Diego Luft: Os treinamentos são ótimas ferramentas de prevenção, onde o trabalhador é informado sobre os riscos das atividades e suas respectivas medidas de controle. Muitas vezes, os treinamentos são práticos, o que leva o trabalhador a ter um conhecimento ainda mais aprofundado, aliando teoria e prática. Quanto aos benefícios financeiros, são inúmeros, como a redução do afastamento do trabalho por acidentes e doenças ocupacionais, a melhoria significativa da imagem da empresa perante os clientes e a sociedade, aumento da produtividade e qualidade do trabalho, redução de reclamações trabalhistas e o cumprimento da legislação, o que prepara a empresa para possíveis fiscalizações do trabalho.

Setor Moveleiro: Quais são as tendências emergentes em relação à segurança no trabalho no setor moveleiro, e como as empresas podem se preparar para essas mudanças por meio da capacitação adequada?

Diego Luft: Acredito que o desafio maior esteja relacionado à evolução tecnológica mesmo, pois estamos na era da Indústria 4.0 e as empresas que não acompanharem essa evolução, inevitavelmente têm mais dificuldades frente à concorrência e na busca de novos mercados. Cabe ressaltar também que o ESG está cada vez mais presente, fazendo com que as empresas busquem atender aos requisitos ambientais, sociais e de gestão. Nesse contexto, os treinamentos se destacam. Quando a empresa investe na capacitação, os profissionais contribuem para orientar os empresários, sugerindo novas tecnologias e trazendo ganhos de proporções gigantescas para o negócio.

Setor Moveleiro: Qual outra norma de segurança é aplicável ao Setor Moveleiro que merece atenção?

Diego Luft: Como dito anteriormente, atualmente temos 36 normas em vigor e, nesse caso, várias podem ser destacadas como exemplo:

  • NR01 – Implantação e gestão do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), sendo essa uma das principais exigências em caso de fiscalização do trabalho.
  • NR05 – Todas as empresas devem possuir CIPA, independente do número de funcionários. Com a legislação atualizada, essa norma agora exige não apenas a prevenção de acidentes e doenças, mas também aborda a prevenção ao assédio sexual, moral e outras formas de violência no trabalho.
  • NR06 – Quanto aos EPIs, cabe ao empregador o fornecimento, treinamento e fiscalização do uso correto.
  • NR07 – Exames médicos devem ser realizados de acordo com os riscos apontados no PGR.
  • NR11 – A maioria das empresas possui equipamentos para movimentação de cargas, como empilhadeiras e paleteiras elétricas. Esta norma traz requisitos para adequações e treinamentos obrigatórios.
  • NR17 – Questões ergonômicas são relevantes no setor moveleiro. A NR17 menciona documentos importantes, como a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), que é obrigatória.
  • NR23 – As empresas devem possuir brigada de incêndio. O setor moveleiro apresenta risco elevado de incêndio devido ao material inflamável. O atendimento a essa norma é de suma importância tanto no que se refere ao treinamento quanto às adequações físicas de acordo com a legislação federal e estadual.
  • Além das normas citadas, outras também podem ser aplicadas, como trabalho em altura (NR35) e Espaço Confinado (NR33), gerando diversos treinamentos obrigatórios para a empresa.

O SESI está à disposição para esclarecer qualquer dúvida que tenha surgido nesta conversa, bem como para auxiliar a indústria nos diagnósticos supracitados, elaboração de documentos e execução de todos os treinamentos.

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