A economia global, cujo desempenho impacta em todos os setores de produção e serviços ao redor do mundo, vem passando por um período de demasiada instabilidade e desaceleração, aproximando-se a cada dia de uma temida recessão. Sim, por mais que todos nós procuremos evitar essa palavra, a verdade é que uma série de acontecimentos nos trouxe até aqui.
Nós falamos na Plataforma Setor Moveleiro na última semana que as “Projeções de crescimento do comércio e do PIB global estão abaixo dos últimos 13 anos”, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC).
O panorama é também assunto de relatório da Euromonitor International, que trata dos riscos em cascata para a economia global. Esta, que, saindo de uma longa pandemia, enfrenta diversos conflitos internacionais, como a incessante guerra na Ucrânia, que já dura mais de um ano, com impactos severos dentro e fora do continente europeu, além de outras surpresas nada agradáveis.
Economia global em desaceleração
A verdade é que as perspectivas econômicas globais para 2023 estão entre as mais fracas em décadas, dessa forma, todo e qualquer fio de esperança é bem-vindo. Por um lado, se a demanda é atenuada pela inflação persistente. Por outro há impacto crescente do aumento dos custos de empréstimos para empresas e consumidores.
Dessa forma, algumas das maiores economias globais, como os Estados Unidos e a Zona do Euro, ainda enfrentam o risco de recessão em 2023.
Previsão é de queda no PIB global, mas também de decréscimo na inflação mundial
Segundo os especialistas da Euromonitor, a expectativa em relação ao PIB global é que haja uma queda de 3,3% no ano passado para 2,3% em 2023; por outro lado, a inflação também deve cair um pouco, ficando em 6,8%. Contudo, permanecerá significativamente acima da tendência de longo prazo.
Assim, empresas e consumidores verão pressões de preços persistentes. E mais: combinadas com o impacto do aumento das taxas de juros.
Apesar das perspectivas fracas em 2023, contudo, há algum otimismo, segundo o relatório. A economia dos Estados Unidos mostra-se mais resiliente. Por sua vez, a Zona do Euro evitou uma crise energética aguda, já que temperaturas amenas reduziram a demanda durante o inverno.
Outro aspecto de impacto tem sido a reabertura da China após o fim de sua política de Covid-zero. Tal ação pode facilitar o crescimento global no final de 2023.
Conforme o estudo, vários mercados emergentes mostraram capacidade de ajuste diante do aumento da inflação e das taxas de juros, bem como da volatilidade da taxa de câmbio. Espera-se que essa força relativa das economias, particularmente na Ásia-Pacífico, apoie o crescimento em 2023.
Caminho que leva à queda da inflação para 4,4% em 2024 ainda será árduo
Em contrapartida, melhores perspectivas de crescimento na China e na Zona do Euro têm pressionado, segundo a Euromonitor International, para um arrefecimento do dólar americano. Como consequência, houve queda na pressão de preços fora dos EUA.
A princípio, prevê-se inflação global em alta por mais tempo. Isto se deve especialmente à escassez de mão de obra nas economias avançadas e pressões persistentes nos preços das commodities nos mercados em desenvolvimento.
Até que a inflação desacelere para 4,4% em 2024, a maioria dos países provavelmente verá aumentos de preços mais amplamente distribuídos em suas economias.
Inflação global permanece significativamente elevada
Após o pico atingido antes da virada do ano, a inflação mundial veio caindo, o que tem levado à queda gradual de 9,1% (2022) para 6,8% (2023).
Consequências da guerra na Ucrânia na economia global, conforme aponta o relatório da Euromonitor, também geram aumentos substanciais nos preços de alimentos e da energia. Ao mesmo tempo, fatores como restrições contínuas da cadeia de suprimentos, políticas monetárias divergentes e mercados de trabalho rígidos aumentam esta pressão.
No entanto, as taxas de juros altas devem conter a demanda, levando à redução de preços das commodities. O que também tem o poder de ocasionar pressões sobre a cadeia de suprimentos.
Conjuntura econômica global
Com base nos pontos apresentados, então, os especialistas acreditam que as consequências econômicas da invasão russa na Ucrânia ainda pesarão muito no crescimento global. Isso, pois a demanda é amortecida pela inflação persistente e pelo impacto crescente do aumento dos custos de empréstimos para empresas e consumidores.
Além disso, a projeção de crescimento acentuadamente reduzida para 2023 permanece frágil. Com a economia global enfrentando múltiplos ventos contrários, incluindo riscos imediatos decorrentes da guerra, elevada volatilidade geopolítica e crescente fragmentação econômica.
Dessa forma, mesmo que o impacto inflacionário inicie uma tendência gradual de queda, após a tensão gerada pela pandemia, ainda permanece significativamente elevada.
“A inflação global atingiu um pico antes da virada do ano, iniciando uma tendência descendente que deve culminar numa diminuição gradual de 9,1% em 2022 para 6,8% em 2023. A guerra na Ucrânia teve o impacto mais profundo na inflação global, levando a aumentos substanciais nos preços de alimentos e energia. Ao mesmo tempo, as contínuas restrições da cadeia de abastecimento relacionadas à pandemia, as políticas monetárias divergentes e os mercados de trabalho apertados estão adicionando pressão”, pontua o estudo.
Principais riscos para a economia global
Perturbações da guerra na Ucrânia
A guerra na Ucrânia continua sendo o principal risco negativo para a economia global em 2023. Desde sua eclosão, as projeções econômicas se deterioraram substancialmente. Uma nova escalada provavelmente seria igualmente perturbadora, afetando negativamente as empresas e os consumidores.
Políticas monetárias excessivamente restritivas por parte dos bancos centrais
Os bancos centrais aumentaram rapidamente as taxas de juros com o objetivo de diminuir a atividade econômica e diminuir a inflação. No entanto, com grande incerteza quanto ao impacto das taxas em rápido crescimento em termos de tempo e magnitude, o potencial de aperto excessivo das condições monetárias poderia resultar em uma recessão global, incluindo graves problemas de endividamento em todo o mundo.
Restrições da cadeia de fornecimento
A reabertura da China aumenta o potencial de crescimento global em 2023. Entretanto, a rápida inversão de políticas do país também aumenta o risco de interrupções significativas relacionadas à COVID-19, tanto internamente quanto globalmente, a partir de novas variantes, alimentando assim um cenário pessimista da COVID-19.
Eventos climáticos extremos
A mudança climática apresenta um risco imediato e crescente para a economia global. Espera-se que a crescente frequência de eventos climáticos extremos resulte em danos econômicos crescentes, perda de produção e pressões inflacionárias, pelo menos regionalmente, devido a choques de fornecimento.
Conjuntura econômica brasileira
No Brasil, como andam os ânimos e às expectativas de empresários e consumidores? A conjuntura econômica nacional é assunto na Plataforma Setor Moveleiro na próxima semana. Continue nos acompanhando!