Combate ao desemprego e inflação são prioridades dos brasileiros

Preocupação de brasileiro com economia supera saúde, educação e segurança, diz CNI: desemprego e inflação são as principais questões

Se educação, saúde e segurança eram as prioridades da população, a perda do poder de compra e o aumento do custo de vida no País, vêm mexendo com as preocupações e interesses dos brasileiros, que agora passam a ver o desemprego (41%), a inflação (40%) e a corrupção (30%), como os maiores problemas atuais. Com a economia, portanto, tornando-se ponto de atenção da população.

É o que mostra a pesquisa “Brasileiros e Pós-Pandemia”, realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o Instituto FSB.

Para 45% dos brasileiros ouvidos na pesquisa, a maior prioridade do governo atualmente deve ser o combate à pobreza; 31% defendem o aumento do salário-mínimo; e 28% anseiam pela queda da inflação.

O combate à corrupção também foi citado por 23% dos respondentes; seguido por geração de empregos (21%). Apenas um quinto dos brasileiros consideram a educação como uma prioridade neste momento; 18% elegeram o combate à pandemia; e 12% deles apontaram os serviços de saúde. O tema segurança e combate à criminalidade recebeu a menção de apenas 5% da população.

Diferentes realidades, diferentes preocupações: economia, porém, ainda é o maior ponto de atenção

Importante pontuar, claro, que os problemas mudam de intensidade conforme escolaridade, renda e região do País. Para a população analfabeta, por exemplo, o custo de vida (39%) e a pobreza (26%) são um problema maior do que o desemprego (25%).

Para 37% da população com renda acima de cinco salários-mínimos, a inflação também é um problema maior do que o desemprego. A falta de emprego, no entanto, é o maior problema para a população com renda abaixo de cinco salários-mínimos.

Desemprego e inflação 

Para se ter uma ideia sobre a mudança de paradigma da população frente às dificuldades financeiras do período, em pesquisas semelhantes realizadas anteriormente, a melhoria dos serviços de saúde ocupou o primeiro lugar entre 2014 e 2018. Em 2019, a saúde apareceu em segundo lugar. Já em 2020, a educação ocupou o topo do ranking, mas a saúde estava entre os quatro primeiros. Por fim, em 2021, emprego e saúde foram os mais assinalados.

“Nesse ano, prioridades ligadas à economia ocupam seis das primeiras dez citações. Ocorre que o brasileiro comum percebe que a economia está andando de lado. Ele sente os efeitos da inflação no supermercado e nas contas de energia e transporte”, ressalta o gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.

“O número de pessoas trabalhando está aumentando. Mas em ritmo insuficiente para atender a quantidade de pessoas procurando trabalho. O que dá a sensação de que o desemprego não recua. Além disso, a previsão de crescimento do PIB para este ano está aquém das necessidades do País”, completa Telles.

PIB brasileiro retorna a patamares pré-pandemia

Por falar no Produto Interno Bruto brasileiro, o PIB, depois de duras quedas com a chegada da pandemia em 2020, a economia brasileira teve alta de 4,6% em 2021, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado, portanto, ficou próximo das expectativas do mercado financeiro.

Com o resultado, o país recuperou as perdas sofridas com a pandemia e está 0,5% acima do patamar observado no quarto trimestre de 2019, o último sem efeitos da Covid-19. Ainda assim, o PIB se encontra 2,8% abaixo do pico da série histórica, registrado no primeiro trimestre de 2014.

Para o Governo Federal, os dados confirmam a recuperação em V tal como alertado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que comemorou o resultado, mesmo ele tendo ficado abaixo da previsão oficial, que era de 5,1%.

Com isso, o ministério calcula que o PIB acumulado de dois anos no Brasil, é o segundo maior do G7, ficando abaixo apenas dos Estados Unidos. Segundo eles, ainda, o resultado gera um carregamento estatístico de 0,3% para o PIB de 2022. Além disso, a pasta considera que há fatores positivos para 2022, tal como a continuidade da retomada do mercado de trabalho.

PIB em 2022

Apesar disso, o chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirma que é necessário monitorar a evolução do cenário internacional em virtude da guerra na Ucrânia.

A Secretaria de Política Econômica afirma que, com o cenário internacional adverso, cabe ao Brasil mostrar que é um porto seguro para os investimentos privados. Para isso, defende manter a agenda de reformas e fortalecer o mercado de capitais e de crédito.

Recentemente, aliás, o Governo Federal anunciou um novo pacote de medidas com vista à retoma econômica e industrial do País, que incluiu o corte linear do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em 25%. Leia mais sobre o assunto: IPI sobre móveis cai para 3,75%.

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