Seria possível afirmar que os estados mais ricos do Brasil são os que consomem mais? A gente pode pensar que sim. Mas a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstra inconsistências nesse quesito, pelo menos nos cenários mais recentes.
O Distrito Federal e o Rio de Janeiro, por exemplo, registraram índices negativos no consumo, tanto em 2022 quanto em 2021. As duas Unidades da Federação, porém, figuram entre as cinco mais ricas do país, de acordo com um outro estudo, desta vez da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), que mapeia fluxos de renda e estoques do patrimônio dos mais ricos brasileiros a partir do Imposto de Renda.
Frente a dezembro de 2021, a variação das vendas no comércio varejista teve resultados positivos em 17 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Paraíba (22,6%), Mato Grosso (11,6%) e Amapá (8,0%). Por outro lado, pressionando negativamente, apareceram dez das 27 Unidades da Federação, com destaque para Rio de Janeiro (-6,2%), Piauí (-2,3%) e Distrito Federal (-1,9%).
Já no comércio varejista ampliado (que inclui mais atividades), a variação entre dezembro de 2022 e dezembro de 2021 mostrou um recuo de 0,6% com resultados no campo negativo em 15 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Pernambuco (-15,4%), Bahia (-7,1%) e Rio de Janeiro (-6,3%). Por outro lado, pressionando positivamente, figuram 12 das 27 Unidades da Federação, com destaque para Paraíba (21,7%), Mato Grosso (11,1%) e Acre (9,2%).
Comércio varejista no país teve crescimento modesto
As vendas no varejo são um ponto importante para medir o desempenho econômico de um país. A PMC tem como objetivo justamente produzir indicadores que permitam acompanhar a evolução do comércio varejista e de seus principais segmentos no país. Entre eles, o setor de Móveis e Eletrodomésticos.
O ano de 2022 para o comércio varejista foi de um crescimento modesto de 1,0% em relação a 2021. Notícia que não foi animadora para a maior parte dos segmentos pesquisados, especialmente para o setor moveleiro. Na comparação com os anos anteriores, este é o menor crescimento do setor na série positiva iniciada em 2017, incluindo também todo o período de pandemia, a partir de 2020.
Embora tenham crescido entre outubro e novembro de 2022, as vendas de móveis e eletrodomésticos acumularam queda de 6,7% em relação a 2021, segundo o IBGE. Ano em que o varejo na categoria já havia registrado queda de 7,0% em relação a 2020.
Setorialmente, os únicos crescimentos relevantes foram de Combustíveis e Lubrificantes (16,6%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (14,8%). O primeiro, por conta das mudanças na política de tributação de preços no segundo semestre de 2022. O segundo vem de uma recuperação com a volta à normalidade na circulação de pessoas e aulas presenciais.
Na margem, a passagem de novembro para dezembro de 2022 registrou queda de 2,6%, segunda consecutiva e de maior amplitude do ano de 2022. Resultado influenciado negativamente pelos setores de Hiper e Supermercados, Produtos e Bebidas e Outros artigos de uso pessoal e doméstico.
Tudo isso nos levando também para outro importante estudo: o Censo Demográfico, tomando como base o indicador que aponta os estados mais ricos e os mais pobres da Federação. Tema do qual falamos a seguir e que pode nos ajudar a compreender os números de vendas no varejo, sejam eles maiores ou menores.
Onde estão os mais ricos do Brasil, afinal?
Em termos de renda por habitante, o Distrito Federal está no topo do ranking, com média de R$ 3148; seguido pelos estados de São Paulo, com R$ 2063, e Rio de Janeiro, com R$ 1754. Já entre as capitais, a de número um em renda é Florianópolis (R$ 4215). Depois, Porto Alegre (R$ 3775), seguida por Vitória (R$ 3736).
Os primeiros da lista entre municípios maiores: Nova Lima (R$ 8897), Santana do Parnaíba (R$ 5791), São Caetano do Sul (R$ 4698), Niterói (R$ 4192) e Santos (R$ 3783). Por outro lado, a Unidade da Federação com a menor declaração de patrimônio por habitante é o Maranhão.
Onde estão os compradores?
A resposta é “na área urbana”. Segundo o Mapa do Mercado, estudo do consumo de móveis elaborado pelo Intelligence Group, por meio do Instituto Impulso, o Brasil possui mais de 200 milhões de cidadãos, sendo mais de 170 milhões só na área urbana, que respondem pelo consumo per capita de mais de R$ 23.0000,00, contra os cerca de R$ 9.900,00 gastos individualmente pela população rural.
País desigual
O mapa da riqueza no Brasil é caracterizado por uma grande desigualdade, com uma concentração significativa de renda nas mãos de uma pequena parcela da população. As regiões mais ricas geralmente são as regiões metropolitanas das grandes cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que concentram a maior parte da atividade econômica e do investimento no país.
Sul e Sudeste concentram os mais ricos; Norte e Nordeste os mais pobres
Entre os 27 estados, Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro, seguidos pelos três estados da região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) são os mais ricos. No outro extremo, estão os estados da região Nordeste e Norte, como Ceará, Piauí, Alagoas, Pará e Maranhão (o último).
No caso dos municípios, o Paraná tem quatro dos dez mais ricos. Os índices que são levados em conta na pesquisa (no caso dos municípios) são acesso a médicos, população com ensino superior e, ainda, se são turísticas.
Para chegar aos dados, o resultado foi obtido, porque mais de 80% da população dos lugares mais pobres não fizeram a declaração do IRPF. Ou, 24 das 27 Unidades da Federação em 16 das 27 capitais brasileiras em 2020. O que indica que a maioria das pessoas nessas localidades tinha renda inferior a R$ 2.000.
Enquanto isso, nas andanças pelos shoppings….
Se os que mais consomem estão nas cidades, claro que impulsionam um outro setor: o dos shoppings centers.
Há inclusive um censo específico deste segmento, mapeando onde ele está, o público que frequenta, as tendências… E a maioria deles se concentra no Sudeste. Onde está também boa parte dos estados no topo do ranking dos que têm a população com maior poder de compra.
E eles não são poucos: 628 em operação no Brasil. Oito inaugurados em 2022. Um crescimento de 2,7% em relação a 2021, com faturamento em 2022 de R$ 191,8 bilhões – superando os R$ 159,2 bilhões do ano anterior.
Pelo levantamento, a média mensal de visitantes em 2022 foi de 443 milhões. Alta de 11,8% em relação a 2021. Bom para a geração de empregos, que somou 1.044 milhões de postos de trabalho diretos, com alta de 2,3%.
A projeção de crescimento para o setor de shopping centers é de 9,2% em 2023, diante de uma previsão de crescimento do PIB de 0,9% no ano. E de um recorde de vendas, de R$ 219,8 bilhões, já contabilizando os 15 novos empreendimentos que vão ser inaugurados este ano.
Ou seja, se a sua pergunta enquanto fabricante ou varejista é onde sua marca deve estar e quais as estratégias para cada modelo de negócio e região, talvez esse conteúdo tenha lhe dado algumas das respostas.