Como está a produção nos principais polos moveleiros do Brasil?

O mundo está em constante e acelerada transformação, o que não é diferente no setor de móveis. De um panorama de pessimismo compartilhado entre todos os polos moveleiros a um cenário de forte aquecimento produtivo e comercial, a pandemia revelou não só o potencial em se reerguer da indústria moveleira nacional, como também escancarou seus gargalos.

Mesmo com o calendário de pedidos fechados até novembro de 2020, em grande parte das indústrias de móveis ao redor do Brasil, o fator “prazo x demanda” continua a atrapalhar as negociações entre varejistas e industriais. Com esses últimos, então, tendo de contornar, entre outros fatores, a escassez de insumos produtivos – de mão de obra qualificada à gestão no fornecimento de suprimentos, tendo os painéis de MDP e MDF (revestidos e crus) liderando a lista de espera dos fabricantes.

Apesar dos problemas e seja esse um chamado no mundo econômico de “voo de águia” ou um “voo de galinha” – ou seja, um crescimento sustentado ou não -, o fato é que estamos, literalmente, vivendo um momento histórico no setor moveleiro. Indo, assim, contra a correnteza e criando um cenário perfeito para que, se formos inteligentes e estratégicos, possamos instaurar modelos de negócios que permitam a manutenção desse status dos móveis (se não dos números essencialmente) pelos próximos anos em todos os polos moveleiros do Brasil.

Giro pelos polos moveleiros

Na busca por entender um pouco mais sobre o momento de ascensão do setor em meio à crise, no final de julho realizamos uma edição especial do Webinar Setor Moveleiro, trazendo presidentes de sindicatos e associações de alguns dos principais polos moveleiros do país. Agora, mais de um mês depois e com a confirmação desse boom produtivo, conversamos mais uma vez com esses representantes, atualizando nosso panorama sobre o setor moveleiro no Brasil. Veja a seguir!

SINDIMOL – Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do Espírito Santo

Ademilse Guidini, ex-presidente (a posse da nova diretoria ocorreu no dia 02 de setembro de 2020, elegendo Bruno Barbieri Rangel como o novo presidente)

O associativismo sempre foi uma característica importante das empresas da nossa região. Desde o início da pandemia, então, temos mantido uma rede de informações e estratégias que muito tem contribuído para enfrentarmos mais este desafio. Atualmente, muitas das nossas empresas estão em capacidade total de produção. Com várias delas com o calendário comprometido até o mês de novembro. Isso,claro, é muito bom e tem trazido otimismo para o setor aqui no Espírito Santo. Estávamos ainda em processo de recuperação da crise de 2015/16 quando a pandemia chegou. No início sentimos o baque e ficamos realmente preocupados. Mas as medidas econômicas e esse crescimento inesperado trouxeram novas expectativas para grande parte das indústrias. Temos a cautela de que o cenário é momentâneo. Porém, acreditamos que no próximo ano ainda teremos bons resultados, mesmo que não tão significativos como o atual.

SIMOV – Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado do Paraná

Aurélio Sant’Anna, presidente

De uma forma geral, as vendas no cenário atual estão muito semelhantes às anteriores à pandemia. Com as empresas vendendo normalmente. A alteração de demanda foi restrita a março e abril. A mudança atual, portanto, está na tipologia das encomendas e nos novos protocolos de atendimento. A indústria segue refém de grandes compradores e dos grandes fornecedores de insumos. Isso mudará, afinal, somente com inovação combinada à Pesquisa & Desenvolvimento. Não existe outro caminho. Em 2021, acredito numa reorganização nos nichos do mercado, com grandes oportunidades de reinvenção.

INTERSIND – Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (MG)

Aureo Barbosa, presidente

Em nosso polo retomamos fortemente a produção. Com o comércio eletrônico, aliás, sendo o grande alavancador das vendas. Com um volume que acreditamos avançar no início do próximo ano, dado a uma demanda reprimida há alguns anos. O Governo Federal inteligentemente colocou dinheiro no mercado e fez a economia girar, apesar da pandemia. Nosso polo, dessa maneira, segue de certa forma a mesma onda que os outros. Temos à frente uma ameaça da falta de suprimento de matérias-primas ao longo da cadeia produtiva, cujo equilíbrio pode levar alguns meses a se restabelecer. No mais, seguimos acreditando em nosso País que é muito forte e imbatível.

SIMA – Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (PR)

Irineu Munhoz, presidente

As indústrias locais estão produzindo o máximo possível mesmo com as limitações impostas pela pandemia. Tais como o afastamento de alguns trabalhadores por motivos de isolamento social e a escassez de matéria-prima. A maioria, aliás, está com a carteira de pedidos fechada até novembro. Porém, sem garantia de preços, já que existe possibilidade de aumento nos valores dos suprimentos. Quanto ao mercado de móveis, temos a expectativa dele continuar aquecido até fevereiro de 2021. Depois, provavelmente haverá um equilíbrio entre a oferta e a demanda, entrando na normalidade.

SIMM – Sindicato da Indústria do Mobiliário de Mirassol (SP)

Maic Caneira, presidente

Aqui não está diferente dos outros polos. As vendas estão aquecidas. No entanto, com alguns pedidos suspensos e outros com prazos de entrega muito esticados. A dificuldade é grande em relação ao afastamento de funcionários (com suspeita de Covid-19) e ao acesso à matéria-prima, com um reajuste de preços que consideramos abusivo. Algumas empresas estão paradas à espera de insumos. Outras estão buscando por alternativas para não pararem. E a expectativa é que sigamos dessa maneira até pelo menos janeiro de 2021. Depois disso, acredito que a tendência seja alcançarmos um equilíbrio. Ainda assim, é difícil definir expectativas nesse momento. À medida que vamos chegando mais perto, então, poderemos ter uma perspectiva mais bem definida para o próximo ano.

MOVERGS – Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul

Rogério Francio, presidente

A partir do momento que começamos a conviver com a pandemia, imediatamente buscamos meios de nos adaptar. Mesmo assim, observamos uma queda de aproximadamente 30% nos primeiros quatro meses de 2020, o que é muito significativo. Em maio, felizmente um reaquecimento na produção de móveis no Estado, registrando alta de 42% na comparação a abril. Com junho crescendo 30% em comparação a maio. Os bons números também se referem ao mercado internacional. Em maio foi registrada alta de 27,6%, em junho aumento de 18,6% e em julho outra elevação de 13,2% nas exportações. Números puxados, entre outros fatores, pelo câmbio favorável à atividade e a crescente aceitação do mobiliário brasileiro no exterior.

Além da pandemia, no entanto, temos que lidar com outros desafios. Entre eles problemas de aumento de algumas matérias-primas. Enfatizando que essas situações não ocorrem apenas nesse difícil período. Mas, sim, têm sido recorrente em diferentes momentos nos últimos anos. Continuamos acreditando, porém, que 2021 será o ano da retomada. Com o fato de estarmos mais em casa, o mercado on-line despertou uma nova possibilidade de compra para muitas pessoas que sequer imaginavam incorporar essa dinâmica no seu cotidiano.

Webinar Setor Moveleiro – Giro polos moveleiros

Relembre o webinar “Reflexos da Covid-19 na indústria moveleira e perspectivas pós-pandemia”

 

 

 

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