Que o comportamento de compras será redefinido pela crise do Covid-19 ao redor do mundo, nós já sabemos. Mas como isso deverá afetar ao mercado asiático, um dos mais relevantes do mundo? Confira a seguir quatro tendências-chaves que deveremos ver na Ásia e, possivelmente, em outras regiões do globo no cenário pós-pandemia.
O fornecedor de soluções de varejo Tofugear acaba de publicar o relatório Digital “Consumer in Asia 2020”, com base em uma pesquisa com seis mil consumidores em 12 mercados asiáticos no mês fevereiro, incluindo mercados onde a pandemia de coronavírus já havia impactado o varejo.
Vale lembrar que a região foi a primeira a ser impactada com o vírus, portanto, o momento em que relatório foi desenvolvido oferece uma visão fascinante de como o comportamento das compras online e offline pode se manifestar na região quando a recuperação econômica e comercial começar a tomar corpo.
Mudança nos gastos para itens essenciais e ‘luxos acessíveis’
A confiança do consumidor na Ásia está atualmente no nível mais baixo de todos os tempos, com apenas 27% de todos os compradores tendo uma visão positiva sobre suas finanças pessoais para o próximo ano. Sem surpresa, a maioria dos consumidores pretende reduzir itens caros, como moda e móveis de luxo.
Embora a demanda por itens essenciais, como mantimentos e utensílios domésticos, permaneça firme, quatro em cada cinco consumidores asiáticos também afirmam que não reduzirão seus gastos com itens de beleza e de cuidados pessoais.
Isso porque, durante tempos de crise econômica, a beleza e os cosméticos são vistos como luxos acessíveis, que fornecem uma forma de escapar da depressão e da melancolia. Fazendo com que muitos varejistas de moda se antecipassem, expandindo seus negócios para a área da beleza nos últimos anos.
Transparência é fundamental na batalha da realização
Já foi mencionado muitas vezes, mas a pandemia está de fato resultando em um aumento na atividade do comércio eletrônico. Tanto que quase metade de todos os compradores na Ásia pretende aumentar seus gastos on-line em relação ao varejo físico no próximo ano, enquanto apenas 38% dizem que manterão essa atividade de compra no mesmo nível.
Com tantos gastos para se adaptarem ao comércio digital, os varejistas precisarão se destacar da concorrência, aprimorando sua proposta de cumprimento e diferenciação de serviços com base no que realmente importa para esse novo perfil de consumidor.
Enquanto os consumidores asiáticos valorizam mais um serviço de frete grátis (86%), por exemplo, em termos de custos, isso pode não ser viável para todos os varejistas. No entanto, oferecer transparência no processo de atendimento – como rastrear entregas (83%) e escolher um horário de entrega (76%) – supera os serviços rápidos de entrega, como o delivery no mesmo dia ou entrega em até duas horas.
Maior aceitação de formatos de varejo que suportam a economia circular
A noção de que a Ásia está atrás da curva quando se trata de apoiar iniciativas de sustentabilidade pode ser posta de lado. Dois terços de todos os consumidores na Ásia afirmam que consideram as credenciais de sustentabilidade de uma marca ao tomar uma decisão de compra.
Nesse sentido, o relatório constata que a aceitação de serviços de aluguel – como os oferecidos pela Style Theory e Covetella – estão ganhando força. Com a expectativa de que as finanças pessoais continuem sob pressão, a demanda por modelos de negócios circulares como esse parece aumentar ainda mais no próximo ano.
Tecnologias que auxiliam o distanciamento social no varejo físico
Depois que as restrições de isolamento e deslocamento forem suspensos por todo o continente asiático, é esperado que haja um entusiasmo renovado por simplesmente poder sair para visitar lojas. No entanto, os varejistas precisam observar que a psique do consumidor mudou e os compradores naturalmente estarão mais hesitantes em relação ao contato físico.
Os varejistas tradicionais precisam se apegar a esse sentimento e investir nas tecnologias apropriadas para fazer com que os compradores se sintam mais seguros e confortáveis.
A tecnologia Scan-and-go, por exemplo, na qual os telefones celulares dos consumidores são usados para digitalizar produtos e pagarem sem a necessidade de interação com atendentes, seria uma ótima maneira de conseguir isso, considerando que quatro a cada cinco compradores asiáticos (79%) afirmam estar abertos a usar essa tecnologia se acessível. Da mesma forma, 71% usariam check-outs automatizados – como os vistos em conceitos de varejo não-tripuladas.
Phil Wiggenraad
Chefe de Pesquisa Tofugear (Adaptado da Inside Retail Asia)