Dos 29 setores industriais analisados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) por meio do Índice de Confiança do Empresário Industrial, o ICEI, todos apresentaram queda em outubro de 2022. Um sinal de alerta para o fechamento de um ano complicado e o início de outro cheio de incertezas.
O descontentamento, ou melhor, a desconfiança do empresariado industrial brasileiro, no entanto, não se dá à toa. O desempenho da indústria geral foi negativo na passagem de setembro para outubro, de acordo com os dados da Sondagem Industrial, também realizado pela instituição.
Diante disso, todas as expectativas do setor industrial recuaram fortemente. É a primeira vez em mais de dois anos que há expectativa de queda no emprego industrial e nas exportações para os próximos seis meses.
O índice de intenção de investimento recuou 3,9 pontos, para 53,5 pontos. É o menor índice de intenção de investimento do setor industrial desde agosto de 2020. Há ainda menos otimismo em relação à compra de matérias-primas e ao nível de demanda.
Outro índice crucial, o de evolução da produção, manteve-se abaixo dos 50 pontos, ao cair de 49 para 48,5 pontos. Ressaltando que valores acima da linha divisória de 50 pontos indicam aumento da produção industrial e abaixo da linha de corte, queda. É a primeira queda na produção industrial para um mês de outubro desde 2016.
O emprego do setor industrial, por sua vez, também recuou e interrompeu um ciclo de cinco meses seguidos de crescimento. O índice de evolução passou de 51,4 para 49,6 pontos, número também abaixo dos 50 pontos. É a primeira queda do emprego industrial para um mês de outubro desde 2019.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) registrou a segunda queda consecutiva e encerrou outubro em 71%. Nos últimos dois meses, a UCI acumula queda de dois pontos percentuais.
Estoque na indústria brasileira
Enquanto isso, a evolução do nível de estoques aumentou para 51,5 pontos em outubro. Acima da linha divisória de 50 pontos. Neste caso, então, apontando um aumento dos estoques em relação a setembro, o que não é bom.
O índice de estoque efetivo em relação ao planejado se afastou da linha divisória dos 50 pontos, subindo de 50,9 para 52,4 pontos entre setembro e outubro. Resultado que coloca os estoques do setor industrial no maior nível acima do planejado desde julho de 2019.
“Essa evolução dos estoques, de acúmulo bem acima do planejado pelos empresários, acende um sinal de atenção. A demanda ficou inferior à produção, mesmo com a queda da atividade, sugerindo frustração dos empresários com a demanda, o que já contaminou as expectativas”, explica o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
Confiança do empresário na indústria da madeira e móveis
Não, estes não são os números que gostaríamos de compartilhar por aqui. Importante, contudo, é medirmos, entendermos e, dessa forma, pensarmos então estrategicamente sobre a temperatura na indústria nacional e de que maneira esse comportamento geral vem influenciando ou sendo influenciado também pelo setor moveleiro.
Quando se trata do Índice de Confiança do Empresário Industrial, então, o setor de produtos de madeira, por exemplo, teve o maior recuo. O indicador caiu 14,1 pontos entre outubro e novembro, quando passou de 59,1 pontos para 45 pontos. A queda reflete a avaliação negativa do momento atual e expectativas negativas para os próximos seis meses.
A última vez que empresários do setor mostraram falta de confiança foi em julho de 2020. Naquele mês, o ICEI despencou em 16 setores industriais devido às medidas de restrição provocadas pelo Covid-19.
E se o setor de madeira vai mal é de se esperar, portanto, que o de móveis e outras áreas correlatas também não estejam satisfeitos.
Cruzando para baixo da linha divisória de 50 pontos, o setor de móveis perdeu 12,7 pontos na passagem de outubro para novembro de 2022. O mesmo ocorreu com o setor de couro.
Outros setores que tiveram trajetória parecida foram: celulose, papel e produtos de papel, que viram o índice cair 11,6 pontos; produtos de material plástico, que registrou queda de 11 pontos; máquinas e equipamentos perdeu 8 pontos; e produtos de borracha observou queda de 7,4 pontos de confiança.
Confiança cai em todos os portes de empresa
Nesse compasso, a confiança caiu em indústrias de todos os portes, pequenas, médias ou grandes.
O maior recuo, contudo, foi registrado nas empresas de médio porte, cujo ICEI caiu 10 pontos.
Os empresários do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste do Brasil são os que se mostram mais insatisfeitos, com quedas de 9,9, 8,7 e 7,8 pontos, respectivamente.
E você, industrial, qual seu nível de confiança para sua empresa nos próximos seis meses? Compartilhe conosco e vamos juntos buscar meios para melhorar essa realidade!