O ano começa com a confiança em baixa no setor industrial brasileiro… literalmente!
Em janeiro de 2023, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) recuou para 48,6 pontos, após queda de 2,2 pontos na comparação com dezembro de 2022. Com isso, o índice de confiança caiu para abaixo da linha divisória de 50 pontos, demonstrando a migração de um estado de confiança para falta de confiança na indústria nacional.
É a primeira vez desde julho de 2020 que o setor industrial como um todo demonstra tamanho pessimismo. Questão, no entanto, que vem sendo costurada nos últimos meses, com a queda do ICEI em janeiro de 2023 sendo a quarta consecutiva. Ao longo dos últimos quatro meses, portanto, o índice acumula queda de 14,2 pontos.
A pesquisa atual também aponta declínio se comparada às percepções sobre a economia no início do ano passado. Na comparação com janeiro de 2022, houve queda de 7,4 pontos na confiança do empresário no setor industrial. Passando, então, de um índice de 56,0 para o atual de 48,6. Portanto, abaixo da linha de confiança.
Confiança no setor industrial: economia brasileira x perspectiva do próprio negócio
Enquanto a percepção de piora das condições da economia brasileira, no entanto, já ocorria em dezembro do ano passado, tornando-se mais intensa e disseminada agora em janeiro, a maior novidade da nova edição do ICEI se dá em relação à percepção dos próprios negócios. No primeiro mês do ano, os empresários passaram a perceber piora das condições de suas empresas.
O Índice de Condições Atuais recuou 2,0 pontos para 48,3. Ao cair abaixo da linha divisória de 50 pontos, esse componente demonstra a migração de uma percepção de melhora para percepção de piora das condições atuais na comparação com os últimos seis meses.
Da mesma forma, o Índice de Expectativas caiu 2,2 pontos para 48,8 pontos. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), isso marca a migração do otimismo ao pessimismo com relação aos próximos seis meses, por parte da indústria brasileira. Tal pessimismo, contudo, se concentra na expectativa para a economia nacional, enquanto a expectativa para as empresas, apesar de menos otimista, segue positiva.
Medir a confiança do empresário é importante para que seja possível antecipar as movimentações da atividade industrial. Como explica Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI, “empresários confiantes tendem a aumentar sua produção, a contratar mais, a investir mais”. O inverso também ocorre com a falta de confiança. “Na medida em que o índice caiu e passou ao campo de falta de confiança, há cautela com relação às contratações, bem como com relação ao investimento”, conclui.
Plano de retomada da indústria brasileira
De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, entre os requisitos para que se inicie um novo ciclo de prosperidade no País, está a estabilidade macroeconômica, com inflação controlada, juros baixos e contas públicas equilibradas — nesta semana, nós trouxemos os dados e projeções atualizadas sobre esses indicadores, LEIA AQUI.
“Entretanto isso não é suficiente. É preciso que haja uma melhora substancial no ambiente de negócios para que o setor produtivo consiga ser mais competitivo e possa gerar mais e melhores empregos para a população brasileira”, diz Andrade.
Para isso, é imperativo, portanto, que o novo governo e a nova legislatura do Congresso Nacional priorizem medidas para a redução do Custo Brasil. O que, de acordo com estudo do Movimento Brasil Competitivo, subtrai cerca de R$ 1,5 trilhão por ano das empresas instaladas no País.
“Não é mais possível conviver com as distorções que impedem as empresas brasileiras de competir em igualdade de condições com suas concorrentes estrangeiras. Isso, tanto no mercado externo quanto internamente”, ressalta o presidente da CNI. Ele revela, ainda, ter apresentado um “Plano de retomada da indústria brasileira” para o novo governo.
“Partimos da premissa de que o crescimento do País está condicionado à retomada do protagonismo da indústria”, reforça. Nesse sentido, uma das principais propostas contidas no plano é a implementação de uma reforma tributária. Reforma, esta, nos moldes da PEC 110, em estágio avançado de tramitação no Congresso. Tendo como diretriz principal simplificar e tornar menos oneroso e mais equitativo o sistema de cobrança de impostos.
“Apresentamos, também, sugestões para enfrentar dois outros entraves que pesam sobre o setor produtivo: a insegurança jurídica e a infraestrutura precária”, conta Andrade.
Questões como a digitalização e a descarbonização da economia também constam no conteúdo enviado ao Governo Federal. “O Brasil não pode ficar de fora desse novo ciclo da economia mundial, uma vez que temos a maior floresta e a maior biodiversidade do planeta, abundante disponibilidade de água, crescente produção de energia limpa, agropecuária de ponta e indústria diversificada. Ou seja, reunimos todas as condições para sermos protagonista global no processo de transição para a economia de baixo carbono. É preciso, entretanto, que o setor público trabalhe firme nessa direção”, finaliza.