A cadeia produtiva de móveis, assim como todos os outros setores industriais, vem enfrentando problemas contínuos com abastecimento nos últimos dois anos, tendo no supply chain e na logística, alguns dos maiores desafios para o desenvolvimento sustentado, com atendimento de demanda e manutenção de custos / preços.
Era de se esperar, claro, que em um mundo abarrotado de restrições físicas e de mobilidade, problemas como estes viessem à tona. Seria inocência pensar, porém, que estes desafios só começaram a despontar após o início da pandemia de Coronavírus. Ou, ainda, que eles deverão magicamente serem resolvidos com a retomada gradual de determinadas atividades.
Sim, é verdade que a pandemia impulsionou e acelerou diversas questões, incluindo problemas logísticos e na cadeia de abastecimento. Tudo indica, no entanto, que os problemas poderão perdurar mesmo depois que o vírus for completamente controlado (assim esperamos que seja!), agora que lidamos também com conflitos globais, demandas superaquecidas, escassez de mão de obra, aumento de custos, mudança nos hábitos de compra, além do maior foco na descarbonização do supply chains.
Repensar as estratégias dos negócios, portanto, será essencial. Para isso, é importante, primeiramente, entender as principais tendências do mercado e para onde o supply chain caminha.
Tendências globais de supply chain: a série
A Descartes, empresa especializada em soluções de logística e supply chain management baseadas em cloud computing, mapeou oito tendências que devem dominar o segmento. As organizações que entendem e agem levando em consideração esses temas têm oportunidade de não apenas sobreviver, mas prosperar em meio a possíveis crises.
E é por isso que a gente começa hoje uma série, trazendo durante o próximo mês, duas grandes tendências da cadeia de abastecimento por semana, ressaltando maneiras com as quais as empresas moveleiras — na indústria e no varejo — podem se beneficiar delas a partir de agora.
Hoje falamos sobre conflitos geopolíticos e a crise global de navegação.
1 – Conflitos Geopolíticos
As tensões entre as nações sempre existiram, mas têm aumentado na última década. Questão que impacta nos processos logísticos como um todo, já que hoje as cadeias estão globalizadas. “Em vez de conflitos físicos, os países estão utilizando regulamentos econômicos para fazerem valer seus interesses. Sem falar que a guerra cibernética tornou-se um ponto fundamental”, ressaltam os especialistas em supply chain da Descartes.
Embora seja difícil prever uma guerra a nível global, muitos conflitos são evidentes e evoluem ao longo dos anos. Logo, há tempo para minimizar as interrupções do supply chain antes que elas aconteçam. Um dos maiores desafios do segmento, neste sentido, está em examinar parceiros comerciais e indivíduos sancionados para determinar se é possível continuar a conduzir negócios com eles, evitando penalidades ou danos à reputação.
Além disso, a resiliência do supply chain, que já foi definida como a capacidade de responder às interrupções, deve agora incluir a capacidade de resistir aos ataques à infraestrutura de Tecnologia da Informação, que opera na atualidade. “Estratégias alternativas de logística e sourcing precisam fazer parte da análise anual de risco da empresa para diversificar o impacto do parceiro regional ou comercial”, reforçam os profissionais.
2 – Crise global de navegação
A pandemia teve muitas consequências nos negócios, incluindo a crise global de transporte. Parecia que seria algo temporário, mas, ao que tudo indica, não haverá um fim tão cedo.
Muitos serviços, como viagens e lazer, tiveram investimentos reduzidos, enquanto os consumidores redirecionaram seu dinheiro para comprar outros bens. Com isso, os padrões de compra mudaram desde o início da pandemia. Os Estados Unidos, por exemplo, importaram 22% mais contêineres de mercadorias em 2021 do que em 2019. O dramático desequilíbrio entre a capacidade de transporte e a demanda do consumidor tem ficado paralisado na cadeia de fornecimento global e doméstica e nas operações logísticas.
“Esta não parece ser uma situação de curto prazo. As implicações para o supply chain global e operador logístico são significativas e não podem ser ignoradas. Por isso, as estratégias de sourcing e logística precisam ser reavaliadas”, afirmam.
De fato, visibilidade do embarque, custo de transporte, otimização e desobstrução perfeita da fronteira tornaram-se mais importantes do que nunca. Por isso, mais uma vez, avaliar o risco da empresa para diversificar o impacto do parceiro regional ou comercial será essencial.
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