Depois do abrupto declínio na produção industrial, puxado pela pandemia e os consequentes impactos no consumo durante o segundo trimestre de 2020, o setor moveleiro experimentou um momento posterior de gratas surpresas durante o ano passado. Com as pessoas passando mais tempo em casa, o mobiliário ganhou ainda mais notoriedade. Alavancando, assim, uma demanda extremamente positiva, que se firmou especialmente a partir do mês de julho de 2020. Mas, agora, com a entrada de um novo ano e passado o furor causado pelo desconhecido, como o setor vem se comportando? Como está a conjuntura moveleira nos últimos meses? Bem, que tal tentarmos entender também as peculiaridades de cada momento?
Para compreender o que passou e desvendar o que está por vir, além de mergulharmos nos números do setor, como comumente fazemos, parar e analisarmos o cenário — o que esses indicadores efetivamente representam, para muito além do simples perde e ganha — é, portanto, imprescindível para a saúde do setor e, consequentemente, dos nossos negócios na área. É com essa visão, então, que dividimos abaixo uma análise bastante precisa da atual conjuntura moveleira compartilhada pela direção da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, a Abimóvel.
Conjuntura moveleira no Brasil
Já tradicionalmente aquecida no começo do segundo semestre, momento em que se inicia a produção dos pedidos de fim de ano (ponto alto das vendas no calendário anual), o olhar para a melhoria dos lares e as novas necessidades dos consumidores, incluindo obras / reformas e a renovação do mobiliário, ampliou ainda mais a demanda do período no ano passado. Notícia positiva! Mas que ao ser combinada com a ruptura das cadeias de fornecedores em todos os setores, trouxe uma série de desafios à indústria moveleira, conforme aponta a Abimóvel.
“As limitações impostas pela pandemia, a alta no dólar americano e o aumento crescente no valor dos insumos e do frete internacional [em especial o marítimo], entre outras questões, culminou numa crise generalizada no abastecimento de matérias-primas nas mais diversas etapas da cadeia do mobiliário”, pontua a entidade. Vale lembrar que a falta ou o alto custo de matéria-prima são os principais problemas enfrentados pela indústria brasileira em geral. Com a Sondagem Industrial publicada no final do último mês pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), apontando que quase duas a cada três empresas tiveram que lidar com o problema no quarto trimestre de 2020.
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“Tal questão freou em parte o ritmo aquecido da produção, levando à falta de estoque tanto na indústria quanto no varejo, bem como no aumento dos preços e dos prazos de entrega, que afetaram também o consumidor final”, continua a Abimóvel, que ainda assim ressalta que “os números são atrativos para o período”, considerando os níveis tradicionalmente mais baixos de pedido no início de ano.
Indústria e varejo
Dessa forma, apesar de negativos, os números consolidados de 2020 demonstram a retomada da indústria de móveis nacional no segundo semestre do ano passado. Compensando mês a mês as duras quedas sofridas com o recrudescimento das restrições de combate à pandemia.
Essa potência da indústria moveleira nacional, aliás, afetou positivamente também o comércio varejista em 2020. “Isso, demonstrando que todo o esforço da indústria para atender à demanda superaquecida de pedidos durante o terceiro trimestre do ano passado, vem sendo refletida na manutenção da economia e do consumo no varejo nos últimos meses”, adiciona a direção da Abimóvel.
Nós traremos mais informações e dados consolidados sobre a conjuntura moveleira, o comércio externo, investimentos, bem como o emprego e renda na indústria nos próximos dias.