Indústria de móveis – Em 2021 a produção caiu, mas o faturamento aumentou. Em janeiro de 2022, porém, observa-se queda nas duas variações
Depois de muitas projeções e expectativas por parte de especialistas e empresários, os relatórios da Conjuntura de Móveis com o consolidado do setor moveleiro em 2021 e os primeiros números de 2022, foram divulgados pela ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) nesta semana. O estudo é realizado por encomenda pelo IEMI – Inteligência de Mercado, com base em levantamentos junto a fontes oficiais de pesquisa, trazendo indicadores para a indústria, o varejo e o comércio exterior de móveis prontos e colchões.
E bem… vamos aos resultados!
De acordo com os dados atualizados da Conjuntura de Móveis, o montante produzido em 2021 ficou próximo ao de 2020, espelhando um volume na ordem de 421,2 milhões de peças. Já em valores nominais, este número chega, segundo o IEMI, a R$ 76 bilhões.
Nesse cenário, a indústria de móveis brasileira fechou o ano de 2021, portanto, com queda de 2,4% em volume de peças e alta de 6,4% em receita, na série com ajuste sazonal, seguindo o fluxo observado no setor.
Estabilidade em um indicador, salto em outro. Mas que nos leva a um terceiro e importante indicativo: o recuo de 4,8% no consumo interno aparente de móveis e colchões no Brasil, em número de peças.
Ou seja, o setor produziu menos, vendeu menos, mas faturou mais, dado o reajuste inflacionário e tantas outras questões. Isto, sem ainda se falar das exportações, que cresceram na casa dos 50%, num ano memorável, alavancando ainda mais o setor.
Produção de móveis em janeiro de 2022
Segundo a ABIMÓVEL, “devido à dinâmica intensiva de vendas no segundo semestre e, em especial, nos últimos meses de cada ano, o primeiro trimestre é tradicionalmente marcado por uma desaceleração no ritmo de produção na indústria, incluindo a moveleira”.
Dessa forma, a queda no volume produzido em janeiro de 2022 foi de 10,5% em relação a dezembro do ano passado, um número previsto. Chama a atenção, porém, o declínio de 33% em relação ao montante produzido em janeiro de 2021.
A receita da indústria de móveis alcançou o montante de R$ 5 bilhões em janeiro. Recuo de 10,1% sobre o mês anterior. No acumulado do ano, a queda foi de 21,7%.
O preço médio de produção de móveis, por outro lado, continua aumentando, chegando a R$ 194,34 por peça no primeiro mês do ano. Aumento de 0,42% em relação ao mês anterior. No ano, houve alta de 16,9%.
Tendência de restabilização já se desenhava desde o início do ano passado na indústria de móveis
Por fim, nós sabemos que já não é mais necessário pontuar ou explicar o boom vivido no setor moveleiro a partir do isolamento social. Os números, sobretudo entre junho e novembro de 2020, falam por si. Mas por que, então, estamos aqui novamente fazendo o que dissemos não ser mais preciso?
Bem, embora num passado difícil de decifrar se próximo ou distante, com o tempo se tornando algo ainda mais difícil de conceituar nos últimos anos, a verdade é que a dinâmica vivida pela cadeia moveleira durante a pandemia deixou marcas históricas e expectativas ainda mais altas entre os empresários do setor.
Queremos mais e queremos agora! Qualquer passo para trás pode ser interpretado, portanto, como uma derrocada. O que não é necessariamente verdade, nem mentira. Dizer que vivemos uma desaceleração é um fato, mas que não aconteceu de uma hora para outra. Vivemos um momento explosivo no setor moveleiro durante um dos períodos mais inusitados da história, puxado, como já falamos bastante, pelo isolamento social e a volta do olhar dos consumidores para o lar. Situação pontual.
Acompanhando os gráficos da indústria de móveis, no entanto, é possível perceber que a atual tendência de estabilidade já vem se arquitetando desde o início de 2021. Permanecendo no mesmo ritmo ao longo do ano, com pequenas variações entre os meses.
Por exemplo: apesar da queda significativa na comparação entre os meses de janeiro de 2021 (37,6 milhões de peças produzidas) e janeiro de 2022 (25,9 milhões de peças produzidas), ao olharmos para o acumulado nos últimos 12 meses, contudo, é possível observar um recuo mais controlado, próximo a 6,1%.
Queda na confiança do empresário na indústria de móveis
Apesar de tais questões pontuais, porém, que mexeram com a dinâmica da produção e a lógica do consumo nos últimos anos, a baixa confiança na indústria tem sido disseminada. Em março, o Índice de Confiança do Empresário Industrial, o ICEI, medido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), caiu em 22 dos 29 setores pesquisados. Não surpreendentemente, então, os setores menos confiantes foram o de obras de infraestrutura e o de móveis, ambos ficando em 52,6 pontos — pouco acima da linha de 50 pontos que separa a confiança da falta de confiança.
A queda no Índice de Confiança do Empresário Industrial na comparação com o mês de fevereiro, teve como motivo principal, segundo os responsáveis pela pesquisa, a piora na percepção do empresariado em relação ao momento atual da economia e do setor industrial. Apesar da queda, o índice de todos os setores permaneceu acima da marca de 50 pontos.
O momento, portanto, é de se investir internamente em inovação, apoiando ações que incentivem uma cultura inovadora e estratégica em nosso setor; bem como, externamente, de se lutar e de se cobrar medidas que fortaleçam a indústria, a economia e o ambiente de negócios em nosso País.