Nos últimos anos, temos testemunhado uma transformação significativa no mercado consumidor, impulsionada pelo envelhecimento da população. Segundo a ONU, em 2017, o mundo tinha 962 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Em 2050, esse número chegará a 2,1 bilhões, o equivalente a 25% da população mundial. No Brasil, atualmente temos 30,3 milhões de idosos e seremos 68,1 milhões, em 2050.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2022 revelam um cenário em que a parcela de cidadãos idosos, com 60 anos ou mais, está em constante crescimento, representando cerca de 15,1% da população brasileira. Esses números não apenas refletem uma mudança demográfica, mas também destacam a importância de reconhecer e atender às necessidades desse segmento, que representa uma fatia significativa da economia, movimentando cerca de R$1,6 trilhão anualmente.
Segundo estudos da plataforma Hype50+, que inclui também consumidores maduros acima de 50 anos, observa-se um crescimento significativo nessa faixa etária. Esses consumidores movimentam quase 2 trilhões de reais no Brasil, representando a chamada “economia prateada” de quase 22 bilhões de dólares em escala global.
Neste contexto, surge uma nova perspectiva para as empresas, que podem aproveitar essa oportunidade e adaptar suas estratégias para atender às demandas dos consumidores idosos, construindo relacionamentos duradouros e impulsionando o crescimento econômico. No entanto, será que as empresas estão realmente se adaptando e estão prontas para atender a esse crescente público de consumidores idosos?
Priorizando o conforto e a qualidade de vida dos consumidores idosos
Segundo a Kappesberg, empresa referência no setor de móveis, muitos clientes acompanham a marca desde a sua fundação, há 27 anos, representando um público fiel e merecedor de atenção. “E por atender a diversas faixas etárias, nos preocupamos com nossos clientes e com os produtos que serão entregues. Assim, temos desenvolvido peças com tecnologias e padrões ergonômicos, permitindo que sejam utilizados de maneira prática e confortável por todos”, afirma Celso Theisen, vice-presidente da empresa. A empresa destaca a importância de respeitar as alturas mínimas e máximas de acesso, especialmente em itens como roupeiros e cozinhas. Além disso, a Kappesberg oferece diferenciais que favorecem a acessibilidade, como puxadores do tipo alça, dimensões maiores e gavetas externas, reduzindo a necessidade de movimentos complexos para acessar compartimentos. Esses detalhes são considerados pela empresa, essenciais para melhorar a experiência diária dos consumidores idosos. “Detalhes que, no dia a dia, fazem muita diferença”, afirma Theisen.
De acordo com o vice-presidente da Kappesberg, Celso Theisen, outro aspecto relevante para a qualidade de vida é o sono. E a Kappesberg acompanha o crescimento desse mercado em expansão, oferecendo colchões de qualidade, tanto em espuma quanto em molas ensacadas. “E na busca por atualizações, oferecemos hoje modelos com sistema de automassagem, campo magnético e infravermelho, tecnologias que contribuem para uma melhor qualidade do sono e mais disposição ao longo do dia”, informa.
Diferenciais no atendimento ao consumidor maduro
Além da preocupação com a qualidade dos produtos, a Kappesberg reconhece a importância de ir além e investe constantemente em treinamento para sua equipe, tanto interna quanto externa. “Por todos esses fatores, trabalhamos com o objetivo de proporcionar que todas as pessoas vivam no lar dos seus sonhos, mas entendemos que é necessário ir além da qualidade dos produtos. Por isso, investimos em constantes treinamentos à nossa equipe, interna e externa, preparando-os para lidar com as mais diversas situações, e assim, oferecer um atendimento de qualidade e individualizado”, disse. Essas características têm sido fundamentais para o sucesso da empresa no mercado. “Diferenciais que nos tornaram referência no mercado e nos motivam a seguir na busca por novidades e lançamentos, a fim de estar sempre um passo à frente, entregando o melhor aos nossos clientes”, afirma Celso Theisen.
Quem são os consumidores idosos ou maduros que movimentam a economia “prateada”?
Segundo Layla Vallias, cofundadora do Data8, é importante lembrar que nem todas as pessoas maduras são fragilizadas. Apenas 20% da população com mais de 60 anos necessita de apoio e de cuidados intensivos. As demais precisam de móveis adaptáveis, ou seja, móveis fáceis de usar, com a altura adequada para sentar e levantar, cadeiras com braços para auxiliar e mesas com altura para acomodar cadeiras de rodas, por exemplo. “Móveis adaptáveis, que sejam bonitos também, pois as pessoas envelhecem em suas próprias casas e isso faz toda a diferença nessa nova fase da maturidade. O ponto-chave é o design universal, que consiste em ter móveis bonitos, mas que atendam a essas novas necessidades”, afirma.
Cada pessoa é o resultado de suas experiências, portanto, não se pode encarar os indivíduos acima de 60 anos como um grupo homogêneo. É necessário segmentar os perfis e compreender bem o comportamento do público-alvo, suas preferências, limitações, sonhos e, principalmente, suas dores. Uma pessoa de 60 anos é tão diferente de uma de 90 quanto uma criança de 10 é diferente de um adulto de 40. Há muita diversidade dentro do grupo dos 60+. Conhecer quem são, o que pensam e o que querem as pessoas com mais de 60 anos do Brasil é fundamental.
Design especial. Menos é mais!
Dê atenção especial ao design, usando letras grandes, cores fortes e com contraste para facilitar a leitura. Se você tem um e-commerce, reduza o número de cliques e simplifique o processo de compra. Nos vídeos, a locução deve estar limpa, sem interferências de músicas altas que atrapalhem a clareza da mensagem.
Fale menos e ouça mais. Escute seu cliente maduro, pergunte sobre suas preferências e o que eles sentem falta. Aprenda a linguagem deles e passe tempo com eles. Para entender, é preciso conviver. Faça pré-testes para lançamentos de produtos/serviços e campanhas; quanto mais nos envolvemos com o público maduro, mais nos surpreendemos e aprendemos.
O público maduro é digital!
Use imagens de pessoas reais e que não reforcem estereótipos como a representação de pessoas mais velhas fragilizadas ou excêntricas. Dê protagonismo a eles, evitando o uso de imagens de pessoas jovens ajudando um idoso a usar o celular, por exemplo. Eles estão na internet, principalmente, no Facebook e no WhatsApp. O público maduro também é digital! Quem ainda não percebeu isso provavelmente está perdendo vendas.
A experiência conta muito!
Use uma linguagem simples e direta, deixando claro qual é o diferencial e os benefícios do seu produto/serviço. Os 60+ já viram e ouviram de tudo, por isso, são mais questionadores e desconfiam de soluções mágicas. Não exagere nas promessas de campanhas!
Deixe os estereótipos e preconceitos de lado. O envelhecimento já não é mais o mesmo e os novos idosos são muito mais ativos, curiosos e diversos do que no passado.
Segundo o relatório “World Population Ageing 2017” das Nações Unidas, o número de pessoas com mais de 65 anos dobrará até 2050 em todo o mundo. O Brasil está caminhando para se tornar o 6º país mais envelhecido do mundo, ultrapassando muitos países desenvolvidos. Atualmente, temos mais avós do que netos: pela primeira vez, a população com mais de 60 anos superou a faixa etária de até 5 anos. Até 2030, é previsto que tenhamos mais idosos do que pessoas com até 14 anos. Esses idosos são ativos, trabalham, se exercitam, ajudam suas famílias e têm impacto na sociedade em que vivem. No entanto, muitas vezes se sentem invisíveis e negligenciados pelo mundo. Produtos, moda e indústria não os abordam da maneira que gostariam, mas ainda há tempo para melhorar essa situação.
“Se você cria uma coisa boa para alguém que tem mais de 65 anos, muito provavelmente vai ser boa para todo mundo”, Joseph Caughlin.