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Créditos de Carbono: oportunidade de lucro e crescimento sustentável chegando ao Brasil

Créditos de Carbono

O Congresso Nacional está prestes a aprovar a regulamentação do mercado de carbono, com amplo apoio do Legislativo. Por conseguinte, essa medida traz consigo novas oportunidades e um mercado promissor ainda não explorado completamente no Brasil. Além de impulsionar a economia, o mercado de crédito de carbono promete incentivar a sustentabilidade das empresas e melhorar significativamente a imagem internacional do Brasil.  

Mas, afinal, o que é o crédito de carbono? Como o mercado moveleiro pode se beneficiar dele? Conversamos com a Marina Oliveira, COO (Chief Operating Officer) da CredCarbo, para nos auxiliar a responder a essas e outras questões sobre o assunto.   

O que são Créditos de Carbono? 

Com o intuito de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas, o conceito crédito de carbono foi estabelecido em 1997, no âmbito do Protocolo de Kyoto. Em resumo, quando uma tonelada de carbono deixa de ser emitida, isso resulta na geração de um crédito de carbono. Um país que alcança a marca de 1 crédito de carbono, recebe um certificado emitido pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Atualmente, existem dois tipos de mercado: o voluntário e o regulado. No Brasil ainda operamos no mercado voluntário. 

Ocorre que esses créditos são negociáveis, e podem ser utilizados como moeda de troca entre países que não alcançaram suas metas de redução. Entretanto, os detalhes dessas negociações são definidos pela legislação de cada nação. No Brasil, conforme mencionamos anteriormente, estamos atualmente em processo de regulamentação. Contudo, espera-se a sua aprovação até ou durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28) de Dubai, que terá início em 30 de novembro, em Dubai.

Como funciona o mercado de Créditos de Carbono? 

De acordo com um estudo da ICC Brasil (Câmara de Comércio Internacional), o Brasil, por si só, poderia gerar créditos suficientes para suprir cerca de 37,5% da demanda global. Isso poderia dinamizar a economia e resultar em bilhões de dólares adicionais de lucro para o país.

Perguntamos a Marina Oliveira: quais tipos de projetos geram créditos de carbono e de que forma eles recebem certificação? 

“No Brasil os principais projetos são de florestas nativas, mas também podem ser desenvolvidos com energias renováveis e reflorestamento. Temos a Amazônia que é imensa e muito importante para o sequestro e manutenção do carbono. A certificação, hoje, é internacional, dada no momento da sua criação e passam por auditorias e monitoramentos anuais para verificação das condições da área. O projeto é desenvolvido pela CredCarbo e certificado por auditorias e entidades reconhecidas e aceitas mundialmente.”  

Marina Oliveira, COO (Chief Operating Officer) da CredCarbo
Marina Oliveira, COO (Chief Operating Officer) da CredCarbo.

Como os investidores podem participar do mercado de crédito de carbono?  

“Os investidores têm um papel muito importante no mercado, podendo investir na criação dos projetos para a certificação dos créditos em parcerias com os proprietários das áreas (visando rentabilidade futura após a venda dos créditos). Outra opção é a comprando créditos de projetos já certificados para compensar as emissões das suas corporações, ou revenda posterior.”  

Como calcular o valor de um crédito de carbono e qual é o preço atual no mercado?  

“O cálculo leva em consideração diversos fatores, como a localização geográfica da área (no caso de áreas nativas a densidade florestal da área), o tipo de projeto, sua geração, o bioma, as taxas de desmatamento atuais e históricas da região, entre outros fatores”, explica.

O preço tem uma variação grande de acordo com o tipo de projeto, vintage (ano em que o crédito foi gerado), a metodologia aplicada e suas flutuações diárias. Atualmente, projetos florestais apresentam uma média de variação entre 4 e 15 dólares por crédito.

Uma estratégia sustentável 

Na Plataforma Setor Moveleiro, já discutimos a importância e as vantagens de desenvolver estratégias voltadas para o meio ambiente e a sustentabilidade (leia aqui). Similarmente, os créditos de carbono abrem mais uma porta para empresas comprometidas com projetos responsáveis. 

“Hoje as empresas estão inseridas na agenda ESG (Ambiental, social e governança) e na necessidade de cooperar para a sustentabilidade ambiental a nível mundial. Uma empresa que se preocupa com as suas emissões, realiza inventários e, consequentemente, a compensação das suas emissões através da compra de créditos de carbono está alinhada com o mercado de investimentos global. Os investidores buscam empresas que contemplem a agenda ESG e nela está inserida a causa ambiental, uma pauta muito explorada pelas grandes corporações. Um estudo mostra que hoje, 41 TRILHÕES de dólares estão alocados em investimentos ESG (36% dos investimentos do mundo). O crédito de carbono é essencial para compensar as emissões dos gases causadores do efeito estufa.

Ao adquirir créditos de carbono, uma empresa não apenas neutraliza suas emissões, mas também contribui para a preservação das florestas e redução das taxas de desmatamento na região do projeto, ao mesmo tempo que traz benefícios sociais para as comunidades locais.

E as empresas moveleiras? 

Este é um momento que pode agregar ainda mais valor às empresas do setor moveleiro, que há muito tempo se dedicam ao reflorestamento de áreas degradadas e que possuem um potencial significativo para lucrar por meio da venda de créditos de carbono. 

“Em áreas de reflorestamento podem ser desenvolvidos projetos para obtenção de créditos de carbono, o que torna uma nova fonte de receita para o setor com o desenvolvimento de projetos e posterior venda dos créditos”, afirma Marina.

O que muda com a regulamentação do crédito de carbono?

“A partir da regulamentação, o tema se torna mais abrangente e mais empresas e investidores vão se interessar para entrar no mercado. Apesar do mercado voluntário já operar há muito tempo e ajudar no combate ao desmatamento e diminuição dos gases do efeito estufa da atmosfera, a regulamentação vem em um momento ideal, em que cada vez mais consumidores, empresas e poder público se preocupam em ser carbono neutro. O mercado vai aquecer ainda mais e o mais importante é que vamos caminhar mais rápido para diminuir o aquecimento global”, concluiu Marina Oliveira, COO da CredCarbo

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