Consumidores Cautelosos
Na semana passada nós falamos sobre como os clientes querem interagir tanto com humanos quanto com máquinas, mas por motivos diferentes e em pontos específicos do processo de compra. Enfatizando, assim, a automação autêntica ou a tecnologia com toque humano como uma das maiores tendências de consumo em 2023. Continuando nossa jornada para entender melhor o consumidor atual, hoje o assunto é outro!
Depois de uma era de consumidores compulsivos, neste ano os consumidores estão cautelosos, afetados especialmente pela crise atual no custo de vida global (que também tem sido assunto aqui na Plataforma Setor Moveleiro, clique para saber mais).
Os consumidores, de fato, estão sem dinheiro. Choques econômicos, inflação recorde e escassez de oferta continuam a elevar o custo de vida. A estabilidade financeira, então, fica sob ameaça, afastando os consumidores das lojas.
“As pessoas precisam decidir entre pagar mais por itens essenciais do dia a dia, trocar por alternativas de menor custo ou renunciar totalmente a determinados produtos”, enfatizam as especialistas de mercado da Euromonitor International, responsáveis pelo estudo “Top 10 tendências globais de consumo 2023”, que dá base a uma série de conteúdos por aqui.
Os consumidores cautelosos
“Quando gastar versus quando economizar” é o novo dilema. A inflação e os preços altos prejudicam o poder de compra. Com isso, os consumidores estão cada vez mais metódicos com seu dinheiro. Dessa forma, as empresas precisam implementar ou desenvolver soluções que ajudem o que a Euromonitor chama de “Compradores Cautelosos” a economizar ao mesmo tempo que avaliam suas despesas gerais e fazem espaço para outras necessidades ou prazeres.
Mais exigentes com seu fluxo de caixa, então, a tendência é que esses compradores realizem gastos ou economizem em certas compras para combater os aumentos de preços.
Outro ponto a ser observado é que os Compradores Cautelosos vêm também migrando para o comércio eletrônico, onde podem evitar despesas de transporte e encontrar mais ofertas / barganhas. Em 2022, aliás, a principal razão pela qual os consumidores fizeram compras on-line, segundo a Euromonitor International, foi para obter o melhor preço.
Economizar, portanto, é prioridade. E os consumidores estão se preparando para meses ainda mais escassos pela frente.
Transformação de valor
As empresas, claro, também sentem a pressão. Os altos custos operacionais e de produção repercutem nos preços do varejo, que em alguns setores, como o moveleiro, viram um impacto inflacionário de quase 20% ao longo do ano passado.
As empresas estão trocando matérias-primas ou reformulando produtos para combater as despesas com commodities. As margens de lucro, dessa forma, estão encolhendo e teme-se que algumas empresas não sobrevivam a esse mercado.
Racionalização de estoques, estratégias de preços atualizadas, investimentos reestruturados e otimização da cadeia de suprimentos são medidas adotadas para responder aos novos hábitos de compra.
As empresas precisam, portanto, fornecer opções flexíveis e econômicas para atrair consumidores e tentar driblar as consequências dessa crise. Planos de pagamento como o “buy now, pay later” ou “compre agora, pague depois” pode ajudar os Compradores Cautelosos a fazer o seu dinheiro render.
Lançar um programa de recompensas ou expandir vantagens para incluir vendas exclusivas também é outra estratégia possivelmente capaz de manter a lealdade do cliente. Pacotes que incluem múltiplos produtos, modelos de venda direta ao consumidor e opções de revenda ou aluguel ajudam as marcas a entregar ofertas e reter clientes neste cenário, o que fica bem claro ao olharmos para a IKEA.
Outras opções incluem desenvolver parcerias estratégicas para combinar ou expandir recursos, produzir bens acessíveis ou oferecer descontos especiais.
Panorama dos compradores cautelosos
Os consumidores continuarão cautelosos com suas carteiras, é fato. Mesmo que a inflação e o custo de vida caiam, este perfil continuará a economizar para se preparar para o desconhecido, após um período de tantas surpresas desagradáveis nos últimos anos.
Esses hábitos de consumo, como é de se esperar, criam obstáculos, mas também uma oportunidade para as marcas inovarem no mercado.
Realizar trocas por produtos mais baratos significa que produtos de marca própria e lojas mais econômicas roubarão participação de mercado de certas categorias. E, sobretudo, métodos de pagamento alternativos, variedades acessíveis e parcerias fortes podem expandir sua base de clientes para manter o posicionamento competitivo.
Uma avaliação das cadeias de suprimentos e portfólios de produtos deve ser um esforço contínuo para que empresas possam se concentrar em iniciativas que proporcionem retornos e ganhos lucrativos.