No início deste mês, o Ministério da Fazenda divulgou que 7,5 milhões de dívidas de até R$100 já teriam sido negativadas por meio do programa Desenrola Brasil. O número corresponderia a cerca de 3,5 milhões de CPFs (Cadastros de Pessoa Física). Ao todo, de acordo com os dados do governo federal, o país tem 70 milhões de negativados.
Isso impacta a obtenção de crédito e, por consequência, o consumo de bens duráveis como os móveis. Por isso, a Plataforma Setor Moveleiro, traz informações sobre o andamento da renegociação de dívidas no país e a perspectiva do economista Renan Luquini.
Governo avalia o programa positivamente
Na avaliação do ministro Fernando Haddad, até agora, o Desenrola Brasil pode ser considerado um êxito. À Agência Brasil, ele também destacou que os bancos podem oferecer descontos que chegam até 96% da dívida. E que o programa tem o viés de educação financeira.
“O Desenrola tem um primeiro objetivo que é resolver esse passado [crise de inadimplência]. E também oferece um curso de educação financeira para que as famílias possam compreender como funciona o sistema de crédito”, ponderou.
Endividados seguem em queda. Consumidores de baixa renda ainda são exceção
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), já é possível atribuir ao Desenrola a diminuição da proporção de endividados no país. O percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer caiu 0,4 ponto percentual (p.p.) em julho, representando 78,1% das famílias no País.
Foi a primeira queda desde novembro de 2022. Os resultados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela CNC.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, acredita que “com o início da trajetória de queda da taxa de juros, haverá um movimento de melhora das condições de compra do brasileiro, o que é positivo para a economia como um todo”.
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Entre os consumidores de baixa renda, no entanto, que só podem participar do programa em setembro (veja mais abaixo), a proporção de endividados ainda segue em alta, pela Peic.
Desenrola ainda vai beneficiar setores econômicos, como o moveleiro
O economista Renan Luquini lembra que o objetivo do programa é, de fato, impulsionar a economia nacional, através do retorno das pessoas que estavam sem acesso ao crédito. “Com isso, há retomada do consumo, o que impacta positivamente no nível de atividade econômica”, esclarece.
Quando finalmente é possível quitar as dívidas e ter o nome removido dos registros negativos, pondera, abre-se a possibilidade de obter novas linhas de crédito e fazer novas compras. Essa movimentação não só beneficia as pessoas, mas também o setor comercial em geral, que terá impulso com uma maior demanda.
Como funciona o Desenrola Brasil
As duas primeiras etapas do programa estão em andamento, de acordo com as informações do site do governo federal. Desde o dia 17 de julho, estão aptos a participar pessoas físicas que têm dívidas de até R$100 em bancos (primeira etapa). Além de pessoas físicas com renda de até R$20mil e dívidas em bancos sem limite de valor.
A terceira etapa, que estará disponível pela plataforma gov.br a partir do mês de setembro, vai beneficiar o público com renda de até dois salários mínimos ou inscritas no Cadastro Único, com dívidas de até R$5 mil.
O Desenrola, Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes, foi instituído pela Medida Provisória 1.176, de 5 de junho deste ano.