Por Claudia Lens, Consultora Industrial – Design Estratégico e Engenharia da Produção
Um dos maiores desafios durante meu tempo de caminhada profissional tem sido o de inserir o design neste processo. Não somente pelo trabalho no apelo estético. Mas na aplicação do seu conceito na íntegra. Ainda temos um certo tabu com relação ao que realmente é e como se aplica o design – sobretudo o design estratégico. E, por muitas vezes, ele acaba subutilizado.
Com tudo isso, em diversas situações optei por não utilizar o termo “design” em meu trabalho – pelo menos não inicialmente. A confiança nos resultados que ele pode oferecer acabou perdendo um pouco de força com a utilização do termo em ações e nomeações desestruturadas. Mas o fato é que o design, em uma de suas traduções, significa “designar”. Ou seja, estabelecer critérios para o desenvolvimento de um produto para que ele atenda a uma necessidade, um propósito, uma intenção ou um objetivo.
Muitas vezes, o processo do design, no entanto, é visto como algo moroso. E quase sempre estamos lutando contra o fator tempo, não é mesmo?
O fator tempo no processo de design estratégico
Por falar nisso, há alguns anos, mas nem tantos assim, uma empresa referência em seu meio, inseriu vários projetos novos em seu portfólio. Na época foram apresentados em um evento do setor. Esteticamente inovadores para a ocasião, atraíram olhares a nível nacional e internacional. Um grande sucesso de vendas!
Sim, “visualmente” era possível considerar que aquele lançamento havia atingido o seu propósito. Após a exibição, com o boom de vendas, era hora de colocá-lo em processo produtivo. Aqui, como em muitos casos, a euforia da dinâmica dos eventos nos leva a focar na apresentação dos lançamentos em detrimento do “tempo” para um planejamento adequado ou uma simulação de produção (física ou virtual).
Nesse caso, já no primeiro lote foram surgindo problemas. A integração com o processo produtivo emperrou; a estabilidade do produto entrou em cheque; foram surgindo mais e mais necessidades de alteração para viabilizar o projeto; entre outras questões que impactaram no custo e, principalmente, no cumprimento dos prazos de entrega.
Gerando, por consequência, o cancelamento de grande parte das negociações que haviam sido feitas. Além de provocar alterações estéticas ao produto, desconfigurando o visual inicial. Como resultado, um impacto percebido na imagem da marca e um grande gap nos resultados. Desestruturando de forma bastante agressiva aos negócios da empresa.
Mas como o Design Estratégico poderia auxiliar em momentos como esse?
A grande sacada é que o Design Estratégico aborda o desenvolvimento na sua totalidade, não somente nos aspectos estéticos, mas no valor agregado aos olhos do cliente (+$) e na otimização por parte da empresa (-$).
Isso é possível devido ao trabalho integrado e multidisciplinar que acontece durante todo o processo. A análise do mercado versus a capacidade instalada da empresa são fatores amplamente considerados. A equipe deve ser composta por vários setores como, por exemplo, design, engenharia, marketing e vendas.
Ah, e sabe aquele tempo que achamos que foi perdido no início do processo de desenvolvimento por conta do Design Estratégico? Ele pode te oferecer uma oportunidade de melhoria e de redução de desperdício de pelo menos 20% no final do processo. Ou, então, você pode optar por fazer da forma convencional, encurtar o caminho inicial e, ao final, ter um desperdício de pelo menos 30%. De quebra, perdendo força na imagem da empresa junto ao mercado.
Análise de cenário e a aplicação de tendências de design
E foi justamente falando sobre a necessidade de se aplicar uma visão completa e integrada na aplicação de estratégias de design no segmento de móveis e interiores para atender com assertividade às demandas do novo normal, que tive o prazer de ser uma das palestrantes do Webinar Setor Moveleiro. Você pode encontrar tanto o vídeo quanto o meu material de apresentação na íntegra aqui embaixo.
Além disso, todos os meses estarei com vocês aqui na Plataforma de Negócios Setor Moveleiro para falar um pouco mais sobre Design Estratégico e como ele pode otimizar os processos produtivos dentro das indústrias moveleiras – especialmente frente aos novos desafios no cenário pós-pandemia. E, lembre-se, em tempos de tantas incertezas, o que mais precisamos é visualizar o arco-íris além do horizonte! Como já dizia o futurólogo Alvin Toffler: “Ou você tem uma estratégia própria ou é parte da estratégia de alguém”.