Design híbrido na era do home office

Há bastante tempo se fala sobre trabalho remoto, nomadismo digital, globalização dos negócios e seus impactos na forma de se pensar e comercializar móveis. Afinal, não é de hoje – embora agora isso se mostre ainda mais evidente – que o viver é híbrido. E híbrido também tem de ser o design e a forma como tratamos os espaços – dos escritórios aos aeroportos, passando por cafeterias e, claro, nossos lares. A diferença neste momento, portanto, é que o que era uma tendência, tornou-se uma realidade. Com a consolidação de movimentos como o do home office, por exemplo, mudando de vez os rumos do setor moveleiro.

Camila Bartalena, gerente de marketing da Rehau, reforça que a pandemia trouxe consigo não só novos comportamentos, mas um novo morar. Ampliando, assim, nosso entendimento sobre atividades e espaços híbridos a partir de agora. E foi justamente para debater o “Design híbrido na era do home office”, que convidamos um time de peso para mais uma edição do Webinar Setor Moveleiro.

Impacto do novo normal no morar

“Muitos brasileiros tiveram que, de um dia para o outro, começarem a trabalhar em suas casas. Sem, claro, a estrutura e o mobiliário adequado. Até mesmo por não saberem por quanto tempo a situação iria perdurar”, comenta Camila. “Agora, depois de meses da pandemia e ainda sem uma data de término, cada vez mais as pessoas estão se preocupando e buscando adequar seu espaço e seu mobiliário para o trabalho em suas residências”, complementa.

Eduardo Nuncio, gerente de marketing da Carraro, lembra que no princípio dessas mudanças, tudo parecia bem e o sonho de se trabalhar em casa, podendo conciliar a vida pessoal com a profissional, soava bastante interessante. Mostrando, até então, o lado “menos ruim” de toda essa situação. “Assim, finalmente a tendência do home office havia chegado à realidade do brasileiro de forma massiva. Porém, essa mesma realidade se mostrou um pouco diferente e nos deparamos com empresas pouco estruturadas. Bem como profissionais em choque para conseguir moldar todos os desafios aos quais ainda estamos nos adaptando”.

Design híbrido: “O jeitinho” cansou, é hora da adequação

E entre essas várias adaptações, depois de tantos meses trabalhando em casa e expondo-nos ao mesmo ambiente, a mesa e a cadeira de jantar que pareciam práticas e suficientes o bastante para se trabalhar, passou a se tornar um problema. Com as pessoas passando a enfrentar questões como falta de privacidade e de ergonomia, desconforto, assim como cansaço visual e estafa emocional.

O desafio para os fabricantes de móveis a partir de agora, portanto, será tanto o de criar móveis residenciais que atendam às demandas corporativas quanto de se pensar em móveis corporativos que atendam às demandas organizacionais, tudo sem que se perca em design. Ou seja, o mobiliário voltado ao trabalho deverá conversar com a decoração dos ambientes, contando e fazendo parte da história da casa. Rompendo, assim, com a estética conservadora. Indo muito além da sobriedade na escolha de materiais e das formas frias com que geralmente esses móveis se apresentavam no mercado popular.

Design híbrido como resposta para o novo morar

Ao mesmo tempo em que estética é fundamental. Outro ponto extremamente importante se dá em relação à tecnologia aplicada a esses móveis. Além de bonito e integrado ao ambiente residencial, o mobiliário na era do home office deve oferecer os mesmos padrões de durabilidade e ergonomia daqueles destinados a espaços corporativos. Com aquele plus de multifuncionalidade que é um dos pontos altos quando falamos em design híbrido.

Afinal, o mobiliário é solução fundamental na resolução da equação entre casas cada vez menores versus o número crescente de atividades que levamos para dentro dela. Andrea Colin Corrêa, supervisora de produtos na Berneck, situa o momento único de mudanças em uma velocidade onde projeções futuras e o uso extensivo do lar passou a ser uma realidade. “A casa, que vem diminuindo de tamanho, volta ao centro das atenções e dá suporte para os afazeres diários costumeiros. Absorvendo, também, novas funções, como homeschooling e home office. Nesse cenário, o móvel traz não só conforto, mas tem uma importância ímpar na resolução de dilemas de espaço e, por isso, voltamos a discussão de forma e função aplicada à multifuncionalidade como resposta aos espaços híbridos.”

Humanização + tecnologia

Realidade que têm de ser rapidamente absorvida pelos fabricantes de móveis. “No mobiliário corporativo migramos do modelo escritório como lugar específico de trabalho – em que cada um tinha seu espaço -, para um novo modelo, compartilhado – em que o senso de pertencimento passou a ser a tônica”, aponta Rosana Belo, diretora executiva da Móveis Belo. “Antes, a tecnologia direcionava a usabilidade do móvel de escritório. Afinal, computadores, impressoras e outros acessórios de uso frequente eram o foco na definição dos conceitos e modelos. Com o surgimento dos espaços compartilhados, porém, estabelecendo novas formas de uso, houve um impacto acentuado na produção desse mobiliário.”

Isso porque, “as relações familiares sólidas criam raízes que nos dão forças e norte para continuarmos a trabalhar um futuro mais humano como contraponto a uma revolução tecnológica nunca antes vista”, acrescenta Andrea, da Berneck. Ao mesmo tempo, porém, as normas técnicas ganharam muita relevância na produção de mobiliário corporativo nos últimos anos. Devendo beneficiar também ao home office. O que é um grande ganho em termos de saúde e bem-estar.

“O processo produtivo teve um ganho expressivo, tanto no quesito aplicação de tecnologia e escala, como na ergonomia, experiência de uso do cliente final e design”, fala, mais uma vez, a diretora executiva da Móveis Belo. “Já não se trata mais de um espaço de trabalho no lar. Mas, sim, de um ambiente convidativo e que traduza o estado de espírito e o jeito de ser do usuário”, finaliza.

Reveja o webinar ‘Design híbrido na era do home office’

 

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