Design que vende: como Juliana Weiss (Cose Design) transforma tendências em lucro e ROI para a indústria moveleira

Na era em que a indústria moveleira B2B precisa provar, em números, o impacto de cada novo desenvolvimento, o trabalho da designer Juliana Weiss, fundadora da Cose Design, mostra que design estratégico é, acima de tudo, ferramenta de negócios. Em entrevista ao programa Vitrine Setor Moveleiro, no canal da Plataforma Setor Moveleiro no YouTube, Juliana compartilhou cases, métodos e a visão de quem já esteve em praticamente todos os elos da cadeia: escritórios de criação, fábricas de móveis seriados e planejados, estofados, colchões e até fornecedores de papéis decorativos.

Assista a entrevista completa no You Tube clicando aqui: Vitrine Setor Moveleiro com Juliana Weiss

Logo no início da conversa, ela faz um alerta que resume bem sua abordagem:

“Não adianta ter o melhor portfólio, o melhor produto, preço e entrega se a gente não tem pessoas para colocar o negócio para movimentar.”

Para Juliana, design que vende começa muito antes do catálogo e termina muito depois do lançamento: envolve cultura interna, vendas, engenharia, marketing e a leitura fina do comportamento do consumidor. É uma visão que dialoga diretamente com discussões sobre automação, indicadores e competitividade já exploradas em conteúdos como o artigo “ROI da automação: calculando o retorno sobre investimento em maquinário 4.0”.

Design estratégico que vai além da consultoria

Antes de mais nada, Juliana deixa claro que sua atuação não é apenas de aconselhamento à distância:

“Eu digo que o escritório presta serviço de design estratégico. Algumas pessoas entendem como consultoria, mas eu digo que eu não faço só consultoria, porque eu vou lá junto, entender onde estão as dores e colocar a mão na massa.”

Essa postura prática aparece em um case recente de uma indústria de móveis planejados. A empresa queria expandir mercado para além da região Sul. A partir de pesquisa de mercado, a Cose Design identificou que, em algumas praças, o preço até estava competitivo, mas a qualidade percebida do produto não acompanhava os concorrentes. Foi preciso mexer em engenharia, versatilidade e biblioteca de projeto nos softwares, reposicionando a coleção e conectando melhor o portfólio às expectativas do público.

O resultado fala por si:

“Em outubro eles já estavam fechando o resultado que tinham se proposto para o ano, dois meses antes de virar o calendário.”

Ou seja, design estratégico bem aplicado se traduz em KPIs concretos – de margem, posicionamento, expansão de mercado e velocidade de giro, temas presentes em outras análises publicadas na plataforma, como o guia sobre tecnologia de ponta na indústria e no varejo moveleiro.

KPIs, pessoas e cultura: o design como costura da cadeia

Além do resultado financeiro, Juliana enfatiza que o design também precisa olhar para pessoas e cultura corporativa:

“Hoje o maior desafio das empresas é manter talentos. Então eu acompanho KPIs de mercado, mas também de adesão das pessoas e de branding da empresa para dentro.”

Na prática, ela relata que muitos times ainda funcionam como ilhas — cada setor defendendo apenas sua própria rotina e esquecendo o resultado global. Nesse ponto, o design estratégico funciona como um “fio de costura” entre áreas que normalmente não se conversam: engenharia, marketing, comercial, produção, assistência técnica e fornecedores.

Outro recado importante é para quem ainda acha que inovação precisa, obrigatoriamente, acontecer apenas dentro da fábrica. Para Juliana, parcerias e fornecedores especializados são chave para ganhar escala sem engessar o design, em linha com o que vem sendo discutido sobre transformação digital, automação e Indústria 4.0 em conteúdos como “Indústria 4.0 no setor moveleiro: benefícios e impactos iniciais”.

Tendências que mexem no ponteiro: personalidade, origens e sustentabilidade possível

Quando o assunto são tendências, Juliana afasta a ideia de seguir apenas “a cor do ano” e reforça um movimento mais profundo de mudança no consumo:

“As pessoas estão buscando mobiliário e decoração que tenham personalidade, que façam referência às origens, que tragam memória afetiva.”

Segundo ela, depois do boom de compras durante a pandemia – quando o consumidor aceitava praticamente qualquer produto disponível – muitos lares ficaram com ambientes “sem personalidade”. Agora, o brasileiro quer retomar o protagonismo do próprio estilo, buscando móveis que reflitam cultura, história e território. Esse movimento se conecta com a importância de tradução de tendências e cores já debatida em matérias como “Psicologia das cores: descubra qual é a influência dos conceitos no design de móveis na contemporaneidade”.

Ao mesmo tempo, sustentabilidade segue como pauta obrigatória, mas ainda desafiadora em termos de preço e comunicação:

“As pessoas querem sim produtos sustentáveis, mas ainda existe a barreira do preço e da forma de comunicar esse valor.”

Nesse ponto, o discurso de Juliana se conecta com análises sobre sustentabilidade e economia circular no setor moveleiro e com discussões sobre o ROI de materiais ecológicos e certificações, mostrando que materiais renováveis e selos ambientais precisam sair do discurso e virar argumento concreto de vendas.

IA, dados e o “vestido de vitrine”

Como não poderia deixar de ser, a inteligência artificial também entrou na pauta. Juliana já utiliza IA para apoiar pesquisa, organização de dados e construção de storytelling para coleções:

“A gente usa inteligência artificial para apoiar todas essas construções, porque é muito dado e muita informação diferente para conciliar e contar uma história que faça sentido.”

Ela ressalta, porém, que nenhuma tecnologia substitui a mudança de mentalidade:

“Não tem inteligência artificial que dê resultado se as pessoas não estiverem abertas a olhar e fazer diferente.”

Essa visão conversa com conteúdos sobre IA e indústria 4.0 apresentados em artigos como “Inteligência artificial na produção moveleira: como a IA está transformando a indústria”, reforçando que tecnologia é meio – e não fim em si mesma.

Quando o assunto é ROI em design, Juliana traz uma metáfora que costuma marcar suas apresentações:

“Eu chamo de vestido de vitrine. Você precisa ter aquele produto que faz o consumidor olhar para a vitrine e entrar na loja. Às vezes ele entra por causa desse produto, mas compra a camiseta branca e a calça jeans.”

Em outras palavras, algumas linhas terão retorno mais rápido – em volume e escala – enquanto outras cumprem função de posicionamento, diferenciação e construção de marca. Em ambos os casos, o design precisa estar alinhado à estratégia de negócio.

Exportação, mercados vizinhos e o desafio de ler culturas

Ao ser provocada sobre as oportunidades de exportação para Mercosul e América Latina, Juliana lembra que barreiras culturais ainda pesam bastante:

“Muitas vezes o produto que eu acho bonito não é o produto que vai vender na Argentina ou na Colômbia. Precisa entender o que o público local busca.”

Ela relata experiências em que, ao ver determinado lote na produção, já se sabia que era um modelo feito exclusivamente para um país vizinho, porque “não venderia nunca no Brasil”. A partir daí, o caminho é encontrar equilíbrio entre otimizar engenharia e respeitar preferências locais — um desafio que reforça a importância de pesquisa, dados e escuta ativa com o mercado.

Vitórias rápidas para pequenas e médias indústrias

Para pequenas e médias empresas moveleiras, a pergunta é direta: por onde começar? Juliana responde com uma analogia esportiva:

“Fazer mercado é como praticar esportes. Se você for para o jogo com musculatura fraca, corre risco de não chegar na linha final.”

Ela alerta sobre o perigo de tentar entrar em segmentos totalmente novos sem entender o fluxo de venda, o perfil de lojas e a dinâmica de exposição: erros de leitura podem transformar um lançamento em prejuízo difícil de reverter.

Por isso, ela insiste na importância de um trabalho conjunto, em que o cliente não “larga” o projeto na mão do escritório, mas participa ativamente:

“Um portfólio não se faz sozinho. Eu sempre digo que um portfólio não vai bater na porta do cliente dizendo ‘eu sou bonito, eu sou barato, me compre’. Por isso, precisa ter pessoas e um sistema alinhado até chegar ao consumidor.”

Como contratar a Cose Design e por que o momento é agora

Na parte final do Vitrine Setor Moveleiro, Juliana detalha o playbook de trabalho com a indústria: diagnóstico estratégico, entendimento dos objetivos (expandir ou defender mercado), debates com times internos, leitura de cadeia de suprimentos, definição de portfólio, storytelling, materiais de apoio e acompanhamento de indicadores.

Mais do que processos, ela reforça seu propósito pessoal:

“Eu nasci para criar coisas que melhorem a vida das pessoas.”

Isso vale tanto para o consumidor final que usa o móvel quanto para o comprador, o lojista, o projetista, o operador de máquina e todos que interagem com o produto.

Por fim, ela deixa um recado direto aos gestores, especialmente neste momento de planejamento para o próximo ciclo:

“Agora, que as empresas estão olhando o planejamento estratégico para o ano seguinte, é o melhor momento para a Cose entrar, apoiar a estruturação e não só colher frutos depois.”

Em resumo, o recado da designer para o setor é claro: design estratégico não é custo extra, é ativo de negócio. E, quando bem construído, ele transforma tendências em margens, diferenciação, reputação e, principalmente, decisões melhores em toda a cadeia moveleira.

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