Há algumas semanas estamos falando sobre modalidades logísticas, enfatizando seus benefícios e desvantagens para a cadeia moveleira. No texto de despedida da série, Cristian Mika e Pedro Bloch falam hoje de um dos modelos que mais tem crescido nos últimos anos: o “dropshipping”. Veja a seguir!
Modalidade logística já consolidada no mundo, o dropshipping ainda está em desenvolvimento no Brasil. Com variadas aplicações especialmente no mercado virtual. A operação pode ser definida como um sistema de distribuição onde a posse física dos bens comercializados não passa por um intermediário. Fluindo, assim, diretamente do fornecedor até o cliente final.
Ou seja, o varejista não detém nenhum estoque. Transferindo, então, o pedido do cliente e detalhes da entrega ao fornecedor, que, por sua vez, envia o produto diretamente ao consumidor.
Como um modelo mais prático do que os tradicionais, o dropshipping vem se tornando cada vez mais popular, sobretudo, com a consolidação do varejo online. Mostrando-se uma opção especialmente eficaz para esse tipo de comércio. Entre as principais razões está a possibilidade de rápida expansão dos negócios com um baixo investimento inicial.
Modelos logísticos sem estoque: Droshipping vs Crossdocking
Seu processo é parecido ao do crossdocking – do qual falamos em nossa última coluna aqui na Plataforma de Negócios Setor Moveleiro. A principal diferença entre eles reside, no entanto, no fato de o lojista nunca ter posse da mercadoria quando se trata do dropshipping. Dessa maneira, não há o reagrupamento do produto em um centro de distribuição (CD), como acontece no caso anterior. Ficando totalmente a cargo do fornecedor a responsabilidade pelo envio da mercadoria.
Vantagens
Como vantagens, além dos custos remotos ou nulos de estocagem, tem-se, ainda, a facilidade no acompanhamento da demanda. O varejo também não sofre com a volatilidade da venda de certo produto. Podendo sempre estar buscando alternativas no mercado, com baixíssimo custo de investimento.
Outro ponto a se ressaltar é que esse modelo de operação permite uma alta escalabilidade no negócio. Possibilitando que o varejista foque estritamente na venda, enquanto o fornecedor atua na fabricação dos itens.
Desafios
No entanto, como tudo tem seus dois lados, alguns empecilhos podem ocorrer no processo do dropshipping. Tal como a dificuldade para a avaliação da qualidade dos produtos vendidos e a manutenção de um alto nível de serviço, já que todo o processo operacional fica por conta do fornecedor.
Neste caso, até a operação obter altos números, o poder de barganha do varejista na negociação de contratos com fornecedores fica limitado, uma vez que o volume vendido pelo fornecedor é unitário. Não sendo possível trabalhar-se com a negociação mediante cargas fechadas e já pré-definidas.
Investimentos
Além disso, à medida em que as operações incham é necessário investir-se em áreas dentro da estrutura do varejo com o intuito de fiscalizar a qualidade dos fornecedores – desde o tempo de expedição até a qualidade da embalagem e do produto adquirido. O que, no entanto, tem seu lado positivo, possibilitando a consolidação de parcerias duradouras.
Aumenta-se também a necessidade de softwares mais completos e robustos a fim de que exista o monitoramento e controle de estoque em tempo real. Com o objetivo, então, de se evitar futuras falhas e rupturas por parte dos fornecedores, impactando, assim, no relacionamento com o cliente final. Por fim, a múltipla gestão de transportadoras pode acarretar em problemas logísticos, tais como alto índice de avarias, além de problemas com serviço de atendimento ao consumidor e logística reversa.
Dropshipping no Brasil
O que entendemos é que, sim, trata-se de um dos maiores fenômenos logísticos no mundo. Apresentando-se como uma solução bastante eficaz em diversos países e em diferentes setores no varejo, especialmente no eletrônico. E você, encararia o desafio? Acredita na popularização da modalidade no Brasil?
Cristian Mika, Procurement Manager da MadeiraMadeira – graduado em marketing pela Point Park University (EUA) e Especialista de Varejo e Mercado de Consumo pela Universidade de São Paulo (USP)
Pedro Bloch, key account de marketplace da Electrolux Brasil – graduado em administração de empresas e pós graduado em administração de vendas com foco em e-commerce