Tema de congresso da indústria, ecoinovação é realidade na cadeia moveleira

A Ecoinovação é um dos principais temas do Congresso de Inovação, da Confederação Nacional da Indústria, que acontece no final do mês de setembro, no São Paulo Expo, em São Paulo. O evento, que chega a sua 10ª edição, vai discutir parâmetros de sustentabilidade e competitividade para os setores industrial e empresarial. 

De acordo com a divulgação, apenas no encontro Ecoinovação: Rumo à Indústria Competitiva e Sustentável, serão mais de 60 palestrantes de todo o mundo. O tema foi escolhido por ser uma tendência mundial que vem consolidando e promovendo mudança nos modelos de negócios das empresas.

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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define ecoinovação como a inovação que resulta na redução do impacto ambiental, realizada intencionalmente ou não. Frequentemente, os termos “inovação verde” e “inovação ambiental” também são adotados nesse mesmo sentido.

Entre as ações em discussão estarão a descarbonização (redução das emissões de gases do efeito estufa), energias renováveis, economia circular e bioeconomia.

Ecoinovação em voga na indústria moveleira

O Grupo Eucatex, fabricante de painéis MDF e MDP, pisos laminados, portas, divisórias e tintas, é um dos cases da cadeia moveleira quando se trata de inovação ambiental. Recentemente, a companhia anunciou investimentos em energia renovável, com a compra de energia elétrica de longo prazo (PPA), com a participação na usina solar Castilho.

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A energia gerada na usina solar Castilho será responsável por aproximadamente 50% da demanda de energia do Grupo Eucatex. Foto: Divulgação

Com a iniciativa, a empresa contribui para a redução da emissão de gases do efeito estufa, causadores das mudanças climáticas. A parceria com o Grupo Comerc Energia na usina permitirá a redução de cerca de 966 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) ao longo dos 15 anos do contrato na atmosfera 

Isso equivale a absorção realizada por 6,8 milhões de árvores ao longo de 20 anos. “A descarbonização faz parte das metas e estratégias ESG da companhia”, explica a gerente de Tecnologia e Meio Ambiente da Eucatex, Naiara Cristina Arantes de Carvalho. 

A energia renovável também alimenta as prensas do desfibrador na produção. Neste caso, a empresa usa a biomassa, que reduz o uso de combustíveis fósseis e a consequente poluição atmosférica. O insumo vem do Programa de Reciclagem da Eucatex. O programa coleta resíduos de madeira e de construção civil, que são processados na Central de Reciclagem de Madeira. 

São reaproveitados mais de 100 mil toneladas de resíduos de madeira por ano nas caldeiras da fábrica de Salto. O Programa contribui ainda para a preservação de mais de 1 milhão de árvores. E para a economia de cerca de 15 milhões de litros de água ao ano.

Negócios voltados às práticas ESG tendem a prosperar 

A adoção de práticas voltadas ao ESG, com foco na sustentabilidade, não é apenas uma escolha ética, mas também uma decisão estratégica e de negócios inteligente. “As empresas que incorporam estratégias e políticas ESG em suas operações têm maior probabilidade de prosperar a longo prazo, além de contribuir para um futuro mais sustentável e resiliente”, explica Naiara.

Isso porque, segundo a gerente, os consumidores estão cada vez mais conscientes e informados sobre as questões ambientais. E eles buscam produtos e serviços que estejam alinhados aos seus valores. 

O caminho contrário, pondera, pode levar não só à perda de clientes, mas a outros riscos. “Multas por violações ambientais ou problemas trabalhistas podem ter impacto financeiro significativo. Por outro lado, a adoção de práticas sustentáveis pode abrir novos mercados, atrair investimentos e impulsionar a inovação”, destaca Naiara.

Dentro das estratégias das políticas ESG ainda estão os monitoramentos ambientais de fauna, flora, água e solo; programas de educação ambiental e treinamentos para comunidades; programa de geração de renda junto à comunidade; restauração ecológica; monitoramentos sociais; gestão de resíduos, entre outras.

Desafios da ecoinovação na indústria moveleira

Naiara Cristina Arantes de Carvalho, gerente de tecnologia e meio ambiente da Unidade Florestal Eucatex. 
Naiara Cristina Arantes de Carvalho, gerente de tecnologia e meio ambiente da Unidade Florestal Eucatex. Foto: Divulgação

A pedido da Plataforma Setor Moveleiro, a gerente de Meio Ambiente e Tecnologia da Eucatex listou os principais desafios do setor para manter a inovação sustentável:

Matérias-primas e sua origem
É necessário adotar práticas de manejo florestal sustentável, como a certificação de madeira proveniente de fontes responsáveis e a promoção do uso de materiais alternativos, como madeira de reflorestamento;

Processos produtivos
A redução do consumo de energia, o uso eficiente da água e a minimização dos resíduos são desafios importantes para tornar a produção mais sustentável. Isso pode exigir investimentos em tecnologias mais limpas, como sistemas de eficiência energética, reutilização de água e adoção de práticas de gestão de resíduos, como a reciclagem de materiais;

Descarte e reciclagem
É necessário desenvolver métodos de descarte responsáveis e promover a reciclagem de móveis, incentivando o design de produtos que facilitem a desmontagem e a recuperação de materiais;

Colaboração na cadeia de suprimentos
É importante estabelecer padrões e práticas sustentáveis em toda a cadeia de suprimentos, promover a transparência e incentivar a cooperação entre os diferentes atores;

Conscientização do consumidor
Muitos consumidores podem ainda não estar cientes dos impactos ambientais e sociais associados à produção de móveis e podem tomar decisões de compra com base principalmente no preço e na estética. É importante investir na educação dos consumidores sobre as opções sustentáveis disponíveis, destacando os benefícios ambientais e incentivando a demanda por móveis produzidos de forma responsável.

A importância da ecoinovação

Segundo a CNI, o Brasil investe apenas 1,21% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O país ocupa a 54ª colocação entre 132 países no Índice Global de Inovação. Nações como Israel e Coreia do Sul, por exemplo, investem mais de 5% de seus respectivos PIBs em P&D.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirma que a ecoinovação é fundamental para que as empresas se tornem mais competitivas e sustentáveis. “O Brasil precisa com urgência de uma política de longo prazo para a área de inovação aliada à agenda de sustentabilidade. Com governança no alto escalão do governo e representatividade empresarial”, destaca. 

O Congresso de Inovação, reforça, é um palco importante para debates, apresentações de tendências no Brasil e no mundo. O evento deve  mobilizar indústrias e o poder público a serem mais inovadores e atentos às modernas exigências tecnológicas e de sustentabilidade, essenciais para a superação dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

O congresso

Quem tiver interesse em participar presencialmente ou virtualmente, pode se inscrever para o Congresso de Inovação na página www.congressodeinovacao.com.br. Iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Sebrae, o Congresso idealizado pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) terá como tema a ecoinovação.

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