É primavera na Europa! E a estação mais bonita do ano no hemisfério norte também é um convite para a maior feira de móveis no mundo. A 61ª edição do Salone del Mobile.Milano (iSaloni) — ou, no bom português, Salão do Móvel de Milão, na Itália — ocorre na capital mundial do design, de 18 a 23 de abril.
Contando com mais de 1960 expositores, sendo 550 novos jovens talentos e 27 escolas de design, o iSaloni volta a focar na inovação, apresentando novo layout expositivo e focando-se na educação, inovação, inclusão e na sustentabilidade. Fatores imprescindíveis para o desenvolvimento do design como ferramenta estruturante da indústria e da sociedade.
Ponto elencado por Maria Porro, presidente da feira, durante a coletiva de imprensa de divulgação do evento neste ano: “As mudanças de hábitos impostas à humanidade nos últimos anos, também será responsável pelo novo modo de viver e presenciar o Salone, que é um evento de negócios, mas também algo mais, fala sobre a cultura do design, sua perspectiva e novas tecnologias”, afirma.
Acessibilidade, inclusão e inovação na maior feira de móveis do planeta
O próprio formato do evento também está renovado e com uma nova proposta de facilitar o fluxo e o trânsito interno na feira. Pela primeira vez, todos os expositores estarão no andar térreo dos pavilhões, sem o sobe e desce de escadas rolantes. Proporcionando, assim, um evento mais inclusivo.
Além disso, o novo layout que permite um percurso circular, ao invés dos antigos corredores perpendiculares, permitirá ao público uma visita em loop, “passeando” de maneira orgânica por entre os estandes e se integrando com as diversas dinâmicas em ação, como exposições de fotografia, talks, debates e palestras sobre design e arquitetura.
Euroluce
O layout também será aplicado na realização da mostra Euroluce, que ocorre em paralelo ao evento principal. Após o hiato de quatro anos, o evento tradicionalmente bianual dedicado ao design de iluminação, vem com a aposta de uma “City of Lights” (Cidades das Luzes, em tradução livre) com direito a ruas, praças e espaços públicos. Dessa forma, de fato unindo cultura e negócios em seus quatro pavilhões com mais de 400 expositores.
“A iluminação atualmente não consiste apenas em objetos iluminados ou corpos de luz. Trata-se de tecnologia, envolvendo arquitetura e interação. Queremos narrar tudo isso através de uma abordagem interdisciplinar. Haverá muito design, principalmente o produzido pelas empresas, mas também terá ciência, arte, design gráfico, fotografia, literatura e arquitetura. Todas as diferentes facetas do design, basicamente”, acrescenta Maria Porro.
O projeto da Cidade das Luzes é assinado pelo escritório de arquitetura Lombardini 22, que se ocupou da redefinição dos espaços; e pelo escritório Formafantasma, responsáveis pelas áreas dedicadas ao público e por todo o conteúdo cultural. Todo o processo foi pensado e construído com materiais de fácil reciclagem e reutilização.
Mais exibições
Além da Euroluce, outros grandes eventos em paralelo serão realizados durante o Salone del Mobile.Milano: a feira de design SaloneSatellite, que esse ano será incorporada aos pavilhões da Euroluce; a Exposição Internacional de Acessórios de Mobiliário; Workplace 3.0; e S.Project.
Do you speak design? Sustentabilidade é a linguagem universal no Salone del Mobile.Milano
O iSaloni foi a primeira feira a aderir ao Pacto Global da ONU e, em 2023, a organização deu mais um passo, recebendo o certificado ISO 20121. Certificação, esta, que atesta a preocupação e adoção de estratégias sustentáveis na realização de eventos.
Além disso, o SaloneSatellite, responsável por descobrir e revelar ao mundo jovens talentos do setor, também está de volta comandado por Marva Griffin, fundadora e idealizadora da mostra. Esta edição conta com a participação de estudantes de 16 países, vindos de 27 escolas e Universidades de Design que ficaram incumbidos de responder a pergunta fundamental deste novo tempo: “Design: para onde você vai?”.
Sob o tema “Construindo o (im)possível. Processo, Progresso, Prática”, neste ano o evento terá como foco o debate sobre o papel das escolas/universidades e da educação no setor de Design. “Atualmente, por exemplo, não há profissionais especializados em móveis. O fato de um setor tão importante como o nosso não ter escola especializada é um problema. É por isso que estamos organizando mesas de trabalho a nível nacional, para apoiar as empresas e responder a uma procura cada vez mais elevada face à oferta limitada”, diz a presidente do Salone del Mobile.
Sustentabilidade + design = inovação
Nesse sentido, da união da sustentabilidade com o trabalho de designers em ascensão, a expectativa é que vejamos muitas novas alternativas de materiais em desenvolvimento para a produção de móveis, bem como de projetos de arquitetura e construção civil.
Esses jovens profissionais têm explorado, por exemplo, o potencial de biomateriais, como os desenvolvidos a partir de materiais provenientes de ecossistemas marinhos ou resíduos oceânicos reciclados. Com impactos ambientais favoráveis, as superfícies feitas de escamas de peixe e conchas, além de embalagens, tecidos e móveis criados com algas marinhas são algumas das novidades em matérias-primas que deveremos ver a partir de hoje no 61º Salone del Mobile.Milano.
Priya Chauhan, da Home Crux, explica que embora o oceano tenha sido poluído com plástico e outros itens descartados, os resíduos podem ser recuperados e transformados em uma série de produtos que revitalizam e expandem as economias prolíficas das costas.
Materiais alternativos para a produção de móveis e o futuro do setor, aliás, foi assunto da matéria de ontem aqui na Plataforma Setor Moveleiro: CLIQUE PARA LER.
A brasilidade exposta em Milão
O DNA brasileiro estará representado na feira por diversas empresas brasileiras. Elas expõem por meio de ações coordenadas pela ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) e a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) a partir do Projeto Setorial Brazilian Furniture.
A diretora-executiva da ABIMÓVEL, Cândida Cervieri, ressalta a importância da presença da indústria brasileira no evento. “Esta é uma oportunidade muito importante para mostrar o potencial criativo, produtivo, tecnológico e de inovação da indústria e do design de móveis do Brasil para o mundo. Estamos empolgados e trabalhando propositivamente para promover nossas marcas e fortalecer laços com o mercado mundial no evento, que é a maior vitrine do setor no mundo. Juntos com a ApexBrasil e os nossos associados, esperamos mais uma grande exposição, com muita troca de conhecimento e bons negócios”, prospecta.
Considerando o novo formato de exposição, o mobiliário brasileiro estará exposto de forma estratégica em três diferentes pavilhões da feira. Confira as marcas brasileiras que serão destaque no iSaloni abaixo ou clicando AQUI:
A presença do Brasil no Salão do Móvel de Milão também se consagra com outras peças desenvolvidas colaborativamente por 30 designers e 21 fabricantes conectados por meio do Design Brasil + Indústria, um programa do escopo do Brazilian Furniture. As peças brasileiras serão expostas no Pavilhão 24_F05.
Sustentabilidade no centro
A curadoria das ações do Projeto Brazilian Furniture no iSaloni 2023 ficou a cargo de Liana Tessler, responsável pelo escritório de arquitetura e interiores que leva seu nome. Tessler é conhecida por instalações com caráter lúdico e experimental. O tema da brasilidade reforça o compromisso com a sustentabilidade e escolhas conscientes de matérias-primas nacionais. “Optamos por uma arquitetura ortogonal, limpa e marcante, com diferentes alturas que criam volumes diferenciados, bem como trazem movimento e ritmo ao espaço, que é composto por cordas, imagens que evidenciam a flora tropical do país”, revela.
A indústria moveleira do Brasil está entre as que pratica a sustentabilidade em seus processos: cerca de 98% das empresas que são exportadoras têm algum certificado. O setor também faz parte do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, seguindo seu Guia de Sustentabilidade.
Os fabricantes brasileiros de móveis têm investido em processos produtivos mais limpos e na economia circular, reduzindo o impacto ambiental em todas as etapas da produção e do consumo. “A competitividade do mobiliário brasileiro está na criatividade dos seus designers, na tecnologia e nas técnicas utilizadas nas nossas indústrias, na identidade cultural do País, bem como na sua riqueza em recursos materiais, seja tratando das mais de 20 mil espécies de madeiras nativas, da lã, das fibras, rochas, entre tantas outras matérias-primas, bem como também no trabalho artesanal aplicado a elas. E é um pouco de tudo isso o que queremos compartilhar com o mundo no iSaloni 2023”, define o presidente da ABIMÓVEL, Irineu Munhoz.