Ao contrário de algumas declarações recentes que pareciam querer minimizar o papel central da indústria na potencialização da economia nacional — inclusive levando a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (ABIMÓVEL) a manifestar-se em defesa do setor —, a atividade industrial foi a que mais gerou emprego no Brasil em 2020. E como sempre muito bem ressalta nosso colunista Laércio Comar: “Sem emprego, sem renda. Sem renda, sem consumo”. Com a taxa de ocupação sendo, então, um dos indicadores mais importantes para a saúde socioeconômica de uma nação.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia, durante o ano passado foram contratadas 4,1 milhões e desligadas 3,9 milhões de pessoas na indústria. Dessa diferença, o saldo é positivo em 207.540 novos postos de trabalho. Em contrapartida, no mesmo período, o Brasil como um todo gerou 142.690 empregos. Dados que comprovam que, não fosse o setor industrial, o saldo de empregos no País seria negativo no fechamento do ano.
Emprego na indústria em 2021
Virando o ano, apesar da provável alta na taxa de desemprego, em decorrência de todas as peculiaridades amplamente discutidas do momento, em 2021, a perspectiva de crescimento dos empregos formais na indústria aponta-se positiva de acordo com o documento “Economia Brasileira”, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Se conseguirmos controlar e reduzir os efeitos da segunda onda da pandemia, a atividade continuará melhorando gradativamente. Esperamos que isso ocorra com um ambiente de negócios mais favorável; com avanços em reformas microeconômicas, como o marco do saneamento; bem como com reformas estruturais, como a tributária”, opina o economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca.
Registros em carteira no setor moveleiro
No setor moveleiro, segundo os mais recentes dados divulgados pela Abimóvel no relatório “Conjuntura de Móveis Janeiro/2021”, encomendado pela entidade moveleira e desenvolvido pelo IEMI – Inteligência de Mercado, em novembro de 2020 houve mais contratações do que demissões no setor moveleiro nacional. Com o saldo ficando, então, positivo em 3.744 vagas. Puxando, assim, o desempenho no ano, que também apresentou saldo positivo na geração de empregos:14.451 vagas. No geral, o número de empregados com vínculo formal no período foi de 244,3 mil, um aumento de 6,3% quando comparado com dezembro de 2019.
Dessa forma, em novembro de 2020, o volume do emprego na indústria moveleira apresentou aumento de 0,6% quando comparado com o mês anterior. No acumulado do ano, em relação ao mesmo período em 2019, entretanto, houve queda de 7%, puxada pelos meses de endurecimento das restrições sociais (segundo trimestre), com o fechamento de fábricas e o abatimento da economia nacional no período.
As horas trabalhadas na produção pelos empregados da indústria moveleira também recuaram 1,5% no mês. No confronto do acumulado do ano com o mesmo período do ano anterior, a retração foi de 7,9%. Nesse cenário, a produtividade do trabalho na indústria de móveis caiu 1,3% em novembro, quando comparado com outubro de 2020. No acumulado de 2020, porém, a indústria moveleira registrou aumento de 2,9%. Aqui, já refletindo as consequências do superaquecimento do setor no segundo semestre do ano.