Energia renovável: impactos econômicos e sustentáveis na indústria moveleira

Desde a sua descoberta há mais de 250 anos, a eletricidade vem transformando e melhorando a vida da humanidade em todas as áreas. Ainda hoje, as formas de obter e utilizar esse recurso não param de se renovar e evoluir. Dessa forma, trazem oportunidades para as indústrias também se tornarem mais eficientes, sustentáveis e rentáveis!

Em recente matéria sobre o Barômetro da Indústria Moveleira, desenvolvido pela consultoria CSIL Milano, 33% dos participantes deste estudo mostraram-se especialmente preocupados com o aumento do custo da energia ao redor do mundo. Sendo assim, voltamos a falar sobre o preço da energia, apresentando um panorama mais amplo sobre esse tema. Pois sabemos do grande impacto que isso traz na vida dos empreendedores moveleiros e em suas tomadas de decisões.

Antes, é preciso dizer que o setor elétrico está passando por um momento de grande transformação. Não apenas os 3Ds – Digitalização, Descentralização e Descarbonização – vieram para ficar, mas também novos modelos de planejamento e de negócios têm sido instalados.

Questões que devem promover uma grande mudança no setor elétrico estão sendo discutidas no âmbito do Governo e da iniciativa privada.  São discussões como abertura do mercado livre e ascensão da figura do prosumidor: indivíduo ou entidade que não apenas consome energia elétrica, mas também produz sua própria energia.

Cenário brasileiro de energia

Segundo o último Anuário Estatístico de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), publicado em 2022, referentes ao ano anterior, o Brasil possui 181.610 megawatts (MW) de capacidade total instalada. Todo esse potencial energético está distribuído entre região Centro Oeste (11%); região Nordeste (24%); região Norte (19%); região Sudeste (26%) e região Sul (17%). Dessa forma, o Nordeste e o Sudeste são as regiões com maiores capacidades energéticas instaladas.

A maior fonte desta energia brasileira provém de Usinas Hidrelétricas, que geram 103.003 MW desta capacidade, equivalente a 57% do total. As Usinas Eólicas (11%), o Gás Natural (8,9%) e a Biomassa (8,5%), são as outras maiores fontes que ajudam a compor este total. No entanto, a Energia Solar que representa somente 2,5% com 4.632 MW gerados, em 2021, apresentou um crescimento expressivo. O aumento da sua capacidade entre os anos de 2020 a 2021, foi de 40,9%, por exemplo.

Segundo dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), em janeiro de 2023, a energia solar fotovoltaica atingiu um novo recorde no Brasil. Com 23,9 GW de potência instalada, superou a energia eólica, ficando atrás apenas das hidrelétricas. Desse total, 16 GW são provenientes da geração distribuída, com painéis solares instalados em telhados e pequenas usinas.

As distribuidoras de energia atenderam a mais de 690 mil novas conexões de geração distribuída em 2022. Isso representa um crescimento de 50% em relação a 2021. O Brasil conta com quase 1,6 milhão de unidades de geração distribuída, beneficiando mais de 2 milhões de consumidores. Essa tendência reforça a importância do Marco Legal da Geração Distribuída.

Consumo por Segmento

No cenário industrial, o primeiro lugar, com o maior consumo de energia, é da indústria metalúrgica, seguidos pela fabricação de produtos alimentícios, fabricação de produtos químicos, e a fabricação de produtos de minerais não metálicos.

No cenário comercial, o comércio varejista é o maior consumidor de energia, seguido pelo comércio por atacado, serviços para edifícios e atividades paisagísticas. Assim, sendo o setor moveleiro íntimo dos comerciantes varejistas e por atacado, os empresários devem estar atentos, pois o custo da energia tem impacto no valor final do produto oferecido nas lojas.

A pandemia da Covid-19 afetou o comércio, reduzindo seu consumo de energia elétrica em mais de 10% em relação a 2020. A concentração dos dez maiores consumidores foi de 75,1%, sendo que o destaque foi o Comércio Varejista com um aumento de 5,1%, enquanto os Serviços de Escritórios sofreram uma queda de 20,3%.

consumo de energia industrial

Grandes empresas já enxergam longe e antecipam a necessidade de abrir o leque das opções de fontes de energia, afinal diversificar pode ser a solução para uma maior economia, sustentabilidade, e para evitar falhas que podem ocorrer no fornecimento de uma única fonte.

Abrindo o leque de opções

Economizar é uma preocupação plausível, já que, segundo os dados da pesquisa, o valor da tarifa média brasileira subiu 17,9%, em 2021, e continuou subindo nos anos consecutivos. Por outro lado, reduzir o consumo nem sempre é aplicável na era em que todas as empresas contam com máquinas, às vezes de uso contínuo, para seu funcionamento. A busca por fontes alternativas de matrizes energéticas tem sido a solução que muitos encontraram para contornar o custo de produção.

O conceito de prosumidor tem ganhado destaque à medida que cresce a preocupação por novas formas de economizar energia, ser sustentável e ter mais controle sobre sua própria geração e consumo de eletricidade. É o indivíduo ou entidade que não apenas consome energia elétrica, mas também produz sua própria energia, geralmente por meio de fontes renováveis, como painéis solares ou turbinas eólicas.

Redução de dióxido de carbono

A exemplo de solução energética, o Grupo Eucatex fechou o contrato de compra de energia a longo prazo (PPA) com o Grupo Comec Energia. Trata-se de parte de um investimento na usina solar Castilho, a maior do estado de São Paulo, e que será responsável por aproximadamente 50% da demanda de energia do Grupo Eucatex.

Com a parceria, a Eucatex deverá reduzir suas emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera em aproximadamente 966 mil toneladas ao longo dos 15 anos do contrato. Isto é o equivalente à absorção realizada por 6,8 milhões de árvores ao longo de 20 anos. Dessa forma, contribui significativamente para o cumprimento de suas metas ESG (sigla vinda do inglês para governança corporativa, ambiental e social) e, com efeitos de transbordamento entre seus clientes e toda a cadeia produtiva.

energia renovável
A energia gerada na usina solar Castilho será responsável por aproximadamente 50% da demanda de energia do Grupo Eucatex.

Nesse contexto, é essencial que os agentes do setor se mantenham atualizados e trabalhem em sintonia com os avanços e tendências energéticas. Com esse objetivo, o Instituto O Setor Elétrico e a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE) uniram esforços para realizar em conjunto o Congresso de Inovação na Distribuição de Energia Elétrica (CIDE). O evento acontecerá dia 15 de junho, em São Paulo, e reunirá renomados especialistas do setor elétrico para discutir os temas mais relevantes e urgentes que estão transformando o mercado de distribuição de energia elétrica.

 

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