Faturamento x lucro: preço dos móveis sobe o dobro da média geral no varejo

ipca_preço-dos-móveis-sobe-o-dobro

Preço dos móveis sobe

Afinal, aumento no faturamento significa lucro? Se você tem um negócio, sabe muito bem que não.

Nos últimos meses, muito se especulou sobre o crescimento da receita no varejo de móveis no País. De fato, houve um um salto de 10,6% no faturamento das vendas de mobiliário entre janeiro e abril de 2022, segundo a pesquisa mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Ao olharmos para o volume de peças comercializadas, no entanto, a realidade mostra um cenário diferente e também mais realista.

No comércio varejista nacional, as vendas, em volume de peças, apresentaram queda de 5,5% em abril no comparativo com março. No acumulado de janeiro a abril, por sua vez, o indicador registrou uma variação, também negativa, na ordem de 3,1%. Dessa forma, nos últimos doze meses o recuo chega a 7%.

E o que isso significa, então? 

Que o setor está vendendo menos, mas há um custo maior.

Ou seja, os móveis estão mais caros. Mas não porque os varejistas querem. O que ocorre — aliás, vem ocorrendo já há um bom tempo — é uma alta disseminada nos preços de matérias-primas e insumos produtivos, que empurram os custos para cima nas portas das fábricas, causando um aumento generalizado dos preços de produção e venda por toda a cadeia.

Impactando, assim, diretamente no valor do móvel acabado e inibindo o consumo na ponta, que já vinha desacelerado pela intensa antecipação na compra de móveis  nos últimos dois anos.

Com uma margem cada vez mais apertada, portanto, fica quase impossível encontrar espaço para flexibilidade nas negociações.

Preço dos móveis sobe o dobro da média geral

E não é exagero!

O preço do mobiliário subiu o dobro do IPCA geral, ou seja, do Índice de Preço ao Consumidor Amplo, no varejo nacional entre janeiro e maio de 2022.

Enquanto na variação mensal, comparando-se junho deste ano com igual mês no ano passado, o aumento nos preços dos móveis foi de 1,21% ante 0,67% no IPCA geral. Os números ficam ainda mais distantes nos resultados acumulados.

De janeiro a junho deste ano frente a igual período em 2021, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo no varejo em geral subiu 5,49% no Brasil. Já os preços dos móveis na mesma variação aumentaram 11,45%.

Nos últimos 12 meses, o mobiliário ficou 22,86% mais caro no Brasil. Enquanto a alta geral de preços no varejo foi de 11,89%.

Este foi o maior aumento já registrado pelo segmento na evolução histórica do IPCA, iniciada em 1999. E ainda parece difícil vislumbrarmos um cenário de mudança para os próximos meses.

Veja também