Seja para caber no bolso das famílias endividadas e de baixa renda ou na nova realidade das configurações familiares no país, o fato é que os imóveis menores predominam entre os lançamentos do segmento, especialmente nos últimos anos. Isso significa mudanças também para o setor moveleiro, que deve pensar em produtos mais compactos e versáteis para garantir a praticidade no morar.
Uma pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) mostra que a procura por apartamentos compostos de quarto e sala cresceu no Brasil no ano passado. O aumento das buscas por espaços compactos, segundo os dados, foi de 30%, em comparação ao mesmo período de 2021.
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Apenas na capital paulista, de acordo com dados do Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi-SP), na década de 1970 os imóveis tinham, em média, 100 metros quadrados. No ano passado, pouco mais da metade dos apartamentos lançados em São Paulo tinham entre 30 e 45 metros quadrados. De acordo com o Estado de São Paulo, o município ganhou 250 mil microapartamentos entre 2014 e 2020.
Imóveis menores para menos gente em casa
Um dos motivos para a tendência pode ser a mudança das configurações familiares. O Censo Demográfico de 2022 indica que em todos os estados brasileiros há famílias menores e mais pessoas morando sozinhas. Conforme os resultados da pesquisa, o número de domicílios do país cresceu 34% frente a 2010, totalizando 90,7 milhões. Já a média de moradores por domicílio caiu de 3,31 para 2,79.
“Com o envelhecimento da população, que é ligado a uma taxa menor de fecundidade, é natural que se diminua o número de moradores por domicílio. No passado havia uma quantidade maior de famílias constituídas de um casal com filhos e normalmente eram muitos filhos”, explica o demógrafo do IBGE Márcio Minamiguchi.
“Hoje em dia, houve queda nesse tipo de arranjo familiar, com aumento de participação de outros arranjos, como casal sem filhos, mãe solo e unipessoais. Quando há casais com filhos, a quantidade é menor, em geral um ou dois. Ou seja, houve um aumento no número de arranjos com menos pessoas”, completa.
Moradias mais baratas
Além de imóveis menores de médio e alto padrão, há ainda, no Brasil, a realidade das moradias populares, como as do programa Minha Casa, Minha Vida. Em entrevista à Plataforma Setor Moveleiro, o head da Fundação de Dados, Newton Guimarães, lembrou que o governo federal anunciou a conclusão de 186 mil unidades habitacionais neste segundo semestre.
Um cenário mais positivo, no entanto, seria esperado apenas para os próximos anos. Pois, reforçou Guimarães, o objetivo do governo é entregar, até 2026, dois milhões de moradias, sendo que metade, deverá se encaixar na Faixa 1, ou seja, imóveis voltados para famílias com renda bruta de até R$2.640,00.
Praticidade para os imóveis menores
A diretora executiva da Móveis Belo, de Arapongas, no Paraná, Rosana Belo, conta que a empresa percebe a tendência da entrega de imóveis menores no mercado nos últimos anos. “Nos mantemos atentos às transformações do dia a dia e às diversas formas de experienciar espaços. Nossa missão é criar ambientes que nos permitam viver melhor, adaptando-se às novas necessidades”, reforça.
Rosane conta que a empresa vem buscando oferecer produtos que unem estética, conforto e funcionalidade para compor ambientes menores. “A proposta é de um mobiliário mais leve, atual e explorando novas formas, cores e texturas. Assim, cada peça reflete nossa personalidade, ressignificando nossa relação com o espaço em que vivemos”, explica.
Flexibilidade e personalização nos espaços
A aposta da Sofá Soft, especializada em estofados, é na flexibilidade e personalização, de acordo com o cofundador da empresa, Daniel Nissola Filho. “Além de produtos com dimensões menores, tivemos o aumento do desenvolvimento de móveis multifuncionais. São produtos como os sofás-cama e sofás-baú, modulares e com novos mecanismos que reduzem a profundidade do sofá, permitindo um melhor aproveitamento dos imóveis”, enumera.
Adaptação rápida é importante
Na MGM Móveis, de Linhares, no Espírito Santo, o gerente comercial Sandro Luís Canabarro destaca a importância da adaptação rápida dos produtos para as necessidades do mercado. Neste caso, dos imóveis compactos, que vem atraindo a atenção das pessoas, conforme descito acima. “A pandemia acelerou ainda mais o processo das pessoas olharem para dentro e transformarem as casas de forma mais prática”, destaca.