Índice de confiança do consumidor atinge nível mais alto, enquanto da indústria é o mais baixo do ano

Índice de confiança do consumidor atinge nível mais alto, enquanto da indústria é o mais baixo do ano

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) divulgado esta semana (25/7) pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) apresentou um aumento significativo de 2,5 pontos em julho, atingindo o patamar de 94,8 pontos – o mais alto desde janeiro de 2019, que registrou 95,3 pontos. No entanto, na mesma semana, a pesquisa divulgada (27/7) sobre o Índice de Confiança da Indústria (ICI) revelou uma queda de confiança para o início do segundo semestre, atingindo o nível mais baixo desde julho de 2020.

A confiança da indústria sofreu uma queda de 2,1 pontos em julho, chegando a 91,9 pontos, revertendo os ganhos conquistados desde março e retornando ao nível de fevereiro (92,0 pontos). E ainda, considerando as médias móveis trimestrais, o índice teve uma diminuição de 0,9 ponto, alcançando 92,9 pontos. A pesquisa revelou que 11 dos 19 segmentos industriais pesquisados apresentaram queda na confiança. 

O economista do FGV IBRE, Stéfano Pacini, apontou que os segmentos produtores de bens de consumo são os menos satisfeitos, relatando baixos níveis de demanda e acúmulo de estoques. O indicador que mede o nível de estoques foi o principal responsável pela queda no mês, subindo 4,3 pontos para 114,5 pontos – o mais alto desde junho de 2020 (118,6 pontos), quando o país ainda enfrentava restrições devido ao lockdown. Esse indicador acima de 100 pontos sinaliza que a indústria está operando com estoques excessivos.

Índice de Confiança da Indústria em julho

Otimismo relativo no Índice de Confiança do Consumidor

Apesar do otimismo no Índice de Confiança do Consumidor, o ímpeto de compras de bens duráveis, como os móveis, teve um aumento menos expressivo. Constatou-se o aumento de apenas 0,7 ponto para 92,3 pontos. Desempenho bem inferior ao conquistado no mês anterior, quando avançou mais de 10,0 pontos, mantendo-se acima dos 90 pontos. Esse patamar não era alcançado desde 2014, por exemplo.

A economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, destaca que a confiança do consumidor vem aumentando pelo terceiro mês consecutivo, impulsionada principalmente pelas expectativas futuras. Esse otimismo pode ser atribuído a diversos fatores, especialmente nos Indicadores de Situação Econômica Geral e Situação Financeira Futura das famílias. “Os resultados refletem o arrefecimento da inflação, a recuperação da renda do trabalho e as expectativas quanto ao início de programas voltados para a quitação de dívidas”, considera. 

Um desses programas é o Desenrola Brasil, lançado pelo governo para facilitar as negociações de dívidas dos brasileiros. De acordo com dados divulgados essa semana, o Serasa Limpa Nome intermediou 231,9 mil negociações com bancos no período de duas semanas. Esse número representa um crescimento de 62% em comparação com a terceira semana cheia de junho (de 19 a 25). Além disso, o volume de descontos concedidos nessas negociações com bancos chegou a R$ 974 milhões na primeira semana do Desenrola Brasil, quase o dobro (alta de 97%) do valor apurado semanalmente um mês antes. 

Confiança do Consumidor por faixas de renda

A análise por faixas de renda revela um aumento de confiança em todos os níveis, exceto para as famílias com menor poder aquisitivo (até R$ 2.100). Nesse cenário, houve piora nas avaliações sobre a situação atual. No entanto, as demais faixas apresentam otimismo nos dois horizontes de tempo. A confiança das famílias com maior poder aquisitivo (acima de R$ 9.600) atinge o maior nível desde janeiro de 2014 (99,0 pontos).

Índice de Confiança do Consumidor ICC de julho

Melhora no índice de confiança da construção

Além disso, outro ponto que merece a atenção do setor moveleiro é a melhora no Índice de Confiança da Construção (ICST). Esse índice apresentou um aumento de 1,3 ponto em julho, atingindo 95,2 pontos, após dois meses em queda. Apesar da oscilação ao longo do ano, julho mostrou-se um mês de melhoria. Destacando-se a recuperação do indicador de demanda futura, que subiu 3,6 pontos, alcançando 100,1 pontos – o melhor resultado desde outubro de 2022 (102,8 pontos). 

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