Análise estratégica da enquete B2B
Entre 17 e 24 de novembro de 2025, a Plataforma de Conteúdo Setor Moveleiro ouviu 108 decisores do mercado B2B moveleiro em uma nova edição do Índice de Desempenho do Setor Moveleiro. A amostra reúne, principalmente, indústrias de móveis e colchões, além de fornecedores da indústria, serviços especializados, revendas, marcenarias e entidades setoriais. Na prática, é um retrato qualificado da cadeia que decide investimento, produção, canais e estratégia comercial para 2026.

Geograficamente, as respostas se concentram nos principais polos do setor, com destaque para Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Isso reforça a conexão do estudo com as regiões que concentram indústria, fornecedores e canal de distribuição. Em conjunto com análises anteriores, como a radiografia do setor moveleiro B2B, o Índice ajuda a compor uma visão de painel contínuo sobre o humor e os desafios da cadeia produtiva.

2025: um ano de entrega com esforço e disciplina
Quando perguntados sobre o desempenho de 2025, a maioria dos respondentes classificou o ano como “dentro da expectativa”, enquanto uma parcela relevante percebeu resultados “abaixo da expectativa” e uma minoria avaliou o período como “acima da expectativa”. Ou seja, foi um ano em que o setor entregou, mas à custa de muita disciplina de custos e ajustes operacionais.

Esse resultado conversa com leituras já publicadas na própria plataforma, como Setor moveleiro em 2025: entre a cautela operacional e a resiliência estratégica e o cenário macroeconômico de 2025. No balanço, as empresas conseguiram sustentar volumes e presença de mercado, mas com margens pressionadas, estoques sob vigilância e decisões de investimento mais seletivas.
2026: crescer acima do PIB, mas com freio de mão puxado
Para 2026, o Índice mostra um otimismo moderado. A maior parte dos respondentes projeta crescimento nominal de faturamento em faixas intermediárias — algo em torno de alguns pontos percentuais ao ano —, com poucos extremos de forte retração ou euforia. Na prática, o setor pretende crescer acima do PIB, mas sem apostar em “boom” de demanda.

Essa ambição dialoga com movimentos estruturais já discutidos em conteúdos como o Guia Completo: Tecnologia de Ponta no Setor Moveleiro e os artigos sobre Indústria 4.0. As empresas que combinarem automação, integração de dados, design de produto e estratégia comercial consistente tendem a capturar essa fatia adicional de crescimento — inclusive em um ambiente macroeconômico mais apertado.
Economia estável, custos em alta: a equação de margens para 2026
Quando o tema é economia brasileira em 2026, predomina a visão de “estabilidade com viés de cautela”. A maioria não espera uma virada forte, nem para cima nem para baixo, mas sente no radar a combinação entre incerteza política, agenda de reformas e custo de capital elevado. Em paralelo, quase todos os respondentes acreditam que as matérias-primas vão “aumentar um pouco”, sem repetir os choques recentes, mas ainda pressionando margens.


O recado é claro: gestão de preço, mix e valor percebido continuará no centro da estratégia. Mais do que repassar aumentos, será necessário justificar preço com solução — algo já explorado em análises sobre inovação e diferenciação, como startup e inovação no mercado B2B moveleiro. Ao mesmo tempo, temas como reforma tributária e simplificação do sistema seguem no radar, como mostram conteúdos sobre o impacto tributário na indústria, a exemplo de Reforma Tributária no Setor Moveleiro B2B: Guia Estratégico.
Principais travas para o crescimento: política, crédito e gente
Ao serem questionados sobre o principal fator limitante para o crescimento em 2026, os decisores apontam, com força, três vetores:
- Instabilidade política e incerteza regulatória;
- Escassez de mão de obra qualificada;
- Juros elevados e dificuldade de crédito.
Na sequência aparecem preocupações com o poder de compra e inadimplência do consumidor, além de concorrência desleal e guerra de preços. Ou seja, o setor moveleiro entra em 2026 com um “jogo de xadrez” complexo, que combina variáveis macroeconômicas, políticas públicas e desafios internos de gestão de pessoas.

Do ponto de vista de estratégia, isso reforça a necessidade de planejamento de cenários, blindagem financeira e uma agenda consistente de formação e retenção de talentos. Também conversa com a busca por ganhos de produtividade via tecnologia, abordada na série de conteúdos sobre Indústria Moveleira 4.0 e casos de transformação digital em polos como Linhares (ES).
Feiras, Paraguai e internacionalização: alavancas estratégicas em revisão
A enquete também traz sinais relevantes sobre estratégias comerciais e geográficas. Na participação em feiras do setor moveleiro, a maioria indica que pretende manter presença — muitas vezes de forma mais seletiva, com foco em retorno real de negócios. Trata-se de uma continuidade da discussão já aprofundada em artigos como Feiras e Eventos Moveleiros: o futuro, novos formatos e oportunidades, além de análises específicas sobre FIMMA Brasil e Movelsul Brasil.
Quando o assunto é Paraguai, o tema já está no radar da maioria: boa parte dos respondentes afirma estar a par das vantagens e benefícios do país para a indústria, mas apenas uma minoria considera efetivamente transferir processos produtivos. Na prática, o Paraguai aparece mais como plano estratégico e alternativa de médio prazo do que como movimento imediato de migração em massa.
Essa leitura se conecta diretamente com o conjunto de conteúdos da plataforma sobre internacionalização e custo Brasil, como o novo polo industrial no Mercosul, o roteiro para instalação no Paraguai, as reflexões sobre custos, energia e regras de origem e o artigo Potencial de negócios moveleiro com o Paraguai.
O que o Índice de Desempenho sinaliza para quem decide
Ao cruzar os dados da enquete com o contexto macroeconômico e as tendências já mapeadas pela Plataforma Setor Moveleiro, alguns recados ficam claros para quem lidera empresas B2B do setor:
- Crescimento existe, mas será seletivo. Não se trata de “maré alta para todos”, e sim de capturar nichos, canais e geografias onde há espaço real para valor.
- Margens continuarão sob pressão. Custos em alta moderada, tributos em revisão e juros elevados exigem disciplina financeira e estratégia de precificação bem estruturada.
- Pessoas e tecnologia viram dupla estratégica. Escassez de mão de obra qualificada e necessidade de produtividade reforçam a importância de investir, ao mesmo tempo, em capital humano e transformação digital.
- Feiras e conteúdo B2B ganham papel de plataforma, não apenas de evento. Quem integra feiras, canais digitais e inteligência de mercado tem mais chances de acelerar decisões de compra e construir autoridade.
- Internacionalização exige método, não impulso. O Paraguai e outros destinos são oportunidades reais, mas pedem análise tributária, logística e comercial consistente.
O Índice de Desempenho do Setor Moveleiro, somado às análises de Economia e de Indústria publicadas na plataforma, reforça um ponto central: 2026 não será um ano para “crescer por inércia”. Será um ano para crescer por inteligência — com dados, cenário, estratégia e execução alinhados.
