Indústria 5.0 no setor moveleiro: estamos migrando para uma nova revolução?

Quando falamos de Indústria 4.0, já temos claro no mercado conceitos como big data, analytics, realidade aumentada e manufatura aditiva. A próxima jornada do setor industrial caminha, no entanto, para a Indústria 5.0.

Sim, a indústria de móveis vem se reinventando. Seja em função do que já foi desenvolvido em termos de Indústria 4.0, da Internet das Coisas, inovação, estratégia, design, canais de venda e muito mais; seja em relação ao chão de fábrica, com a introdução de máquinas e tecnologias que permitiram um avanço significativo nas últimas décadas, com maior aproveitamento dos materiais, maior flexibilidade na produção e melhor qualidade nos produtos acabados, melhorando também as condições de trabalho, além de serem mais ambientalmente adequadas e conversarem com conceitos de personalização e robotização que vêm dando corpo à Indústria 5.0.

Muito provavelmente seremos a primeira geração da história a acompanhar duas revoluções industriais. Isso, graças ao avanço tecnológico que acelera cada vez mais os processos de inovação. Estamos vendo rapidamente o setor produtivo migrar de Indústria 4.0 para Indústria 5.0”, reforça Cristiano Bonanno, regional technology manager da, empresa multinacional com mais de 100 anos de experiência em tecnologia e inovação.

Indústria 5.0 no setor moveleiro

E qual a principal mudança? “Será trazer o ser humano para o centro das discussões. Muito além da tecnologia, o diferencial humano passará a ser peça fundamental dessa engrenagem”, pontua.

De fato, entende-se que já esteja havendo uma migração de realidades. Hoje, vivemos uma realidade concentrada em conectividade das máquinas; customização em massa; supply chain inteligente; produtos smart; e redução da mão de obra reduzida nas fábricas. Amanhã, este cenário deverá ser direcionado para a experiência do cliente; hiper customização; supply chain responsivo e distribuído; produtos interativos atrelados a experiência; e retorno da mão de obra para as fábricas.

Eficiência e sustentabilidade

Com o trabalho humano aliado à tecnologia, portanto, o processo de tomada de decisão será cada vez mais eficiente.

Questões que andarão lado a lado com as práticas ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), que são outra forte tendência no setor moveleiro. Esse cenário levará a indústria para o próximo nível, cujo foco não será apenas eficiência, mas sim eficiência associada à sustentabilidade.

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Tecnologia utilizada na Indústria 5.0

Dessa forma, quando evoluímos de operações centralizadas em softwares para operações baseadas em IA (Inteligência Artificial) e suportadas pela força de trabalho, evoluímos para um novo conceito de mercado.

“A IA será distribuída ao longo de todas as camadas da indústria, com a integração vertical de dispositivos inteligentes, sensores com capacidade de processamento local e dispositivos de controle. Sem falar das soluções em nuvem e da computação em Edge, que aumentarão a capilaridade de inovações nas companhias, melhorando seus recursos e processos, além de abrir um enorme leque de oportunidades para o setor”, ressalta Cristiano Bonanno, regional technology manager da Rockwell Automation.

Tudo na nuvem

Segundo Bonanno, na prática, a nuvem entregará maior flexibilidade e escalabilidade, principalmente porque ela permite trabalhar dados massivos em escala juntamente com a IA e o machine learning. “Esses dados apoiarão a tomada de decisão em tempo real, e evitarão manutenções e paradas que causam grande prejuízo para as indústrias.”

Com isso, o setor industrial, incluindo o do mobiliário, ganhará produtividade, sustentabilidade, competitividade, segurança de ativos e de profissionais. Experimentando, como consequência, crescimento econômico em um nível possivelmente acelerado. Segundo estudo realizado pela Microsoft, aliás, a adoção massiva de Inteligência Artificial pode adicionar um crescimento de 4,2% ao PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil até 2030.

Desafios da Indústria 5.0 no setor moveleiro e no  mercado brasileiro

Apesar de tudo o que foi dito, embora a tecnologia se desenvolva rapidamente, o mercado nacional ainda enfrenta alguns gargalos para avançar com a implementação desses recursos. Especialmente no que diz respeito à falta de profissionais especializados, igualdade digital e fomento a um ecossistema de inovação.

A mudança forçada gerada pela pandemia da Covid-19 fez com que a transformação digital ganhasse um impulso, além de ter quebrado muitas objeções que as companhias antes tinham para avançar com a adoção tecnológica, como cibersegurança, falta de qualificação profissional e mudança cultural. Desta forma, agora a transformação digital não só faz parte do plano de negócios das corporações, como também de suas ações estratégicas.

“Ainda temos muitos desafios e um longo caminho a percorrer até termos, de fato, um setor industrial 5.0. Mas, as tendências apontam para um futuro promissor em que finalmente passaremos a usar o melhor de nossos recursos, ou seja, as soft skills humanas conectadas ao poder da inovação. O futuro é digital e o digital é feito de conexões”, finaliza o especialista.

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