Há alguns dias falamos sobre como a pandemia afetou ao maior mercado moveleiro do mundo, com o processo de queda e retomada na China assemelhando-se aos movimentos observados no Brasil. Partindo-se da Ásia para a Europa, as medidas de contenção e proteção à Covid-19 geraram incertezas e oscilações mesmo em mercados bastante estruturados e de alta performance (produtiva, administrativa e tecnológica), como o alemão. E é sobre a indústria moveleira alemã que falaremos hoje.
Logo em fevereiro deste ano, a indústria moveleira alemã começou a ser afetada pela falta de entregas de matérias-primas e componentes de abastecimento provindos da Ásia. O que se intensificou com a disseminação do vírus pela Europa. Especialmente pela Itália, um dos maiores fornecedores de produtos preliminares e peças para a indústria moveleira da Alemanha. Desestruturando, assim, toda a cadeia de abastecimento no setor. Com a capacidade instalada nas fábricas de móveis no país, então, também começando a diminuir significativamente.
Falta de suprimentos e baixa demanda na indústria moveleira alemã
As restrições estatais à economia alemã foram limitadas ao mínimo necessário. Com o fechamento do comércio varejista de móveis fazendo com que mesmo os pedidos já realizados fossem suspensos em meados de março e novamente no final de abril. O que acarretou uma queda produtiva de 28,7% em abril e 23,3% em maio. Isso, claro, sem contar com o adiamento de feiras importantíssimas a nível global, como a IMM Cologne.
De acordo com números da Associação da Indústria de Móveis Alemã (VDM na sigla original), a indústria moveleira alemã exportou € 3,3 bilhões em peças no primeiro semestre de 2020 em comparação com o ano anterior. Isso representa uma queda de quase 12%. A Suíça é o maior consumidor, seguida pela França, Áustria e Holanda. Nesse “novo normal”, no entanto, 70% da produção de móveis alemã passa a ser comprada por alemães.
O novo normal na indústria e no varejo
Agora reabertas, no entanto, as lojas de varejo contam com consumidores fazendo fila para comprar itens domésticos de grande e pequeno porte. “Em Berlim, os varejistas que vendem móveis estão tão ocupados que é difícil conseguir atendimento sem hora marcada. Os clientes precisam esperar, o que é incomum na lenta temporada de verão”, revelam membros da associação.
Cenário que, segundo especialistas no varejo alemão, parece mais do que apenas recuperar o tempo perdido nas compras. “Os compradores estão se concentrando no que está perto – e o que pode estar mais perto do que sua própria casa?”, questionam. Mesmo com o aumento nas vendas em junho – tanto na indústria quanto no varejo -, no entanto, as vendas gerais no primeiro semestre do ano caíram em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em uma pesquisa com indústrias associadas à VDM, 42% das empresas disseram que terminariam o ano no azul. Levando-as, agora, a projetarem uma redução de 5% na receita geral da indústria, enquanto há apenas um mês se falava de uma queda de 10%. Essa perspectiva melhorada deve ser um consolo para empresários e funcionários, que mostravam-se bastante pessimistas com os desdobramentos da pandemia em curto, e médio prazo.
O futuro da indústria moveleira alemã
Falando-se em futuro, aliás, questões como o e-commerce e a digitalização dos modelos de negócios em um setor ainda tão tradicional e conservador quanto o moveleiro, começam a tornarem-se preocupações cada vez mais latentes também na Alemanha. Mas isso é assunto para um próximo artigo aqui na Plataforma de Negócios Setor Moveleiro.
Por enquanto, o que sabemos é que diferente do que vemos por aqui, dificuldades como a interrupção da cadeia de suprimentos já foram superadas pela indústria moveleira alemã e seus fornecedores. Com algumas exceções, as cadeias de abastecimento estão funcionando normalmente e a utilização da capacidade aumentou significativamente.
Dessa maneira, a questão mais importante em relação ao desenvolvimento futuro é como a demanda por móveis continuará a se comportar na Alemanha e em outros países. Afetando tanto as vendas domésticas quanto às exportações. Tudo continuando com uma incógnita, que nem a mais alta tecnologia ainda é capaz de responder.