A indústria moveleira na Polônia tinha previsões bastante otimistas para 2020. Expectativas que pareceram ir por terra logo no início da proliferação da Covid-19 pelo continente Europeu. Impactando, assim, tanto ao mercado doméstico quanto à exportação de móveis (parte fundamental do planejamento dos fabricantes poloneses).
No mês de abril, ápice do problema, a produção de móveis caiu em 50% e 60%, respectivamente, em comparação com o mesmo período do ano passado. Previsões negativas em tal situação de mercado pressupunham uma diminuição no valor da produção vendida em mais de 40% no acumulado do ano, segundo dados do Banco Santander no país. O que não contavam, porém, era com a reviravolta do setor moveleiro em todo o mundo.
Apesar dos números bastante delicados, o lançamento das medidas de ajuda por parte do Governo permitiu às empresas da indústria moveleira na Polônia manterem a liquidez e o emprego até que as economias dos países exportadores mais importantes começassem a se abrir gradualmente. Como resultado, desde o final de junho, a produção vendida está acima dos níveis do ano recorde de 2019. Para se ter uma referência, apenas em julho, o crescimento ficou até 10% acima da média mensal do ano anterior.
Nesse cenário, a indústria moveleira na Polônia vem compensando parte das perdas de abril. Com o valor da produção vendida até agosto de 2020 tendo ficado apenas 4,8% menor que em 2019. Número negativo, mas muito menos preocupante do que nos meses de maiores restrições.
Exportações caem, mas lucratividade sobe
Em junho de 2020, o valor do fornecimento de móveis poloneses aos mercados estrangeiros em geral diminuiu 15,7% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os fornecimentos para a Alemanha, maior importador de móveis poloneses, por exemplo, caíram 14,5% no período.
Os especialistas do Santander na Polônia acreditam, no entanto, que as perspectivas dos fabricantes de móveis no segundo semestre de 2020 e no ano seguinte serão influenciadas pela oferta de novos apartamentos e, talvez mais importante, pela vontade de realizar redecorações, ou seja, substituir os móveis existentes. O que se aplica tanto quando falamos no mercado interno quanto no externo.
Seguindo essa linha de raciocínio, os dados indicam que no caso dos Países Baixos, atualmente o terceiro mercado de exportação mais importante para a indústria moveleira na Polônia, os indicadores de consumo para o mercado residencial não se alteraram significativamente desde o início do ano. O que nos permite acreditar que as vendas polonesas para este mercado podem continuar a aumentar ligeiramente.
Por outro lado, a França, outro grande destino de móveis poloneses, pertence ao grupo de países mais gravemente afetados pela pandemia na Europa. Isso foi evidenciado por uma redução muito forte no volume planejado de novos edifícios residenciais no segundo trimestre deste ano. A informação ainda mais pessimista vem do Reino Unido, onde a atividade de construção no segmento residencial está em declínio e o número de licenças de construção emitidas não indica uma recuperação no futuro próximo. O quadro negativo é complementado pela menor propensão do consumidor em construir ou comprar uma casa por lá desde 2014.
Consideração:
“Em resumo, esperamos que a recuperação da demanda no segundo semestre de 2020 associada a diferentes questões, tais como a imobiliária, o relaxamento de restrições e o retorno da atividade econômica à medida que empresas e consumidores se acostumaram com a presença do Coronavírus, compensará grande parte das perdas do segundo trimestre do ano”, diz Maciej Nałęcz, analista de setor do Santander Bank Polska. “Assumindo a continuidade da atual trajetória de recuperação em termos de produção vendida e o caminho de recuperação de exportação relacionado, estima-se que o valor das exportações no final do ano fique entre -5% e 0% em comparação com 2019.”
Perspectivas para a indústria moveleira na Polônia
Em julho, o salário médio do setor voltou à tendência de crescimento anual de 6%. Mas a produção vendida foi até 23% acima do nível de julho de 2019. Isso significa que a recuperação muito rápida da produção não foi acompanhada por um aumento adequado do emprego. “Em julho, o número de funcionários em tempo integral ainda estava no nível de maio. Com isso, só em julho, o índice de produtividade, entendido como o valor da produção vendida por funcionário, foi 14% superior à média de todo o ano de 2019. E em agosto cerca de 8% superior”, acrescenta o analista do Banco Santander Polska.
Isso significa que a indústria moveleira na Polônia está operando perto de sua capacidade máxima de produção. O Banco Santander perguntou aos fabricantes de móveis como eles estimam o nível de pedidos para o quarto trimestre de 2020 em comparação com o primeiro trimestre deste ano. Até 83% dos entrevistados acreditam num aumento nos pedidos e apenas 17% disseram que o número de pedidos permanecerá inalterado, sem nenhum relato de redução. A estimativa de fechamento do ano para a produção de móveis na Polônia, portanto, é de um leve aumento que pode variar entre 0 e 1,5%.