Redes sociais são ferramentas importantes também para a indústria moveleira

O Brasil tem 131,5 milhões de usuários de redes sociais, de acordo com a pesquisa de tendências da Comscore de 2023. É dos brasileiros o terceiro lugar em audiência nessas plataformas no mundo, atrás apenas dos indianos e indonésios. Na América Latina, é dos brasileiros a maior audiência.

Se tem tanta gente navegando, assistindo a vídeos e reels, rolando feeds de fotos, são grandes as chances de encontrar o público-alvo das indústrias de móveis em alguns desses canais. Muitas delas já sentiram a necessidade de aumentar a presença digital e se comunicar diretamente com o consumidor. 

A consultora de comunicação de marca e gestão de pessoas e cultura organizacional, Débora Prudêncio, trabalha com algumas marcas do setor moveleiro e confirma: “O fabricante, tanto quanto o varejista, tem em mãos oportunidades para gerar identificação no consumidor”, aponta. “Tudo dentro de uma indústria é conteúdo, o segredo está em como comunicar”, completa.

Pessoas, processos e propósito nas redes sociais

Consultora Débora Prudêncio
Para Débora Prudêncio, tudo pode ser conteúdo na indústria. Foto: Divulgação

Débora reforça que não basta estar nos canais, é preciso ter uma estratégia de comunicação efetiva para se aproximar do cliente. Isso significa que uma série de imagens e postagens sobre produtos e preços não vai surtir o efeito desejado. 

Por outro lado, curiosidades e processos de produção, além de mostrar as pessoas envolvidas, são opções melhores e fazem parte do que a consultora chama de PPP (pessoas, processos e propósito). 

“Presença digital é, acima de tudo, ter intenção, proximidade e atenção para as necessidades do consumidor. O retorno inicial é a retribuição da atenção, seguida da sua fidelidade”, explica. “A simplicidade, a empatia, o desejo de servir devem ser considerados nesta comunicação genuína – não apenas do que a empresa produz e faz, mas principalmente de quem ela é”, completa.

Os recursos? Eles podem estar em casa

Para começar a gerar conteúdo para as redes sociais, Débora aconselha a buscar colaboradores dentro da empresa que façam parte da Geração Z. De acordo com ela, eles têm talento natural para esse tipo de trabalho, mas precisam de orientação.

A consultora lembra cases em sua carreira, em que a estratégia deu muito certo. Na DJ Móveis, por exemplo, destaca a presença de uma jovem aprendiz contratada para dar suporte à empresa terceirizada que cuidaria das redes sociais. “Quando a gestão oportunizou a efetivação dela como auxiliar no marketing digital, vi os roteiros e as pautas ganhando mais agilidade e praticidade na execução e com um plus de autenticidade”, lembra.

Em relação aos equipamentos, um celular com câmera boa, iluminação básica e um microfone de lapela são suficientes para essa criação de conteúdo, avisa a consultora. 

Canais mais populares no Brasil

Plataformas de redes sociais mais usadas no Brasil
Plataformas de redes sociais mais usadas no Brasil, segundo a Comscore. Fonte: Comscore

As plataformas mais usadas pelos brasileiros são o YouTube, Facebook e Instagram (os dois últimos da Meta, do Mark Zuckerberg). E é no Instagram e no YouTube que eles passam a maior parte do tempo, de acordo com a pesquisa da Comscore. São cerca de 880 minutos em média por usuário por mês no Instagram.  

Débora reforça que só o Instagram tem mais de 113 milhões de usuários no Brasil. “Essa rede oferta “estilo de vida” e narrativas, ou seja,influencia no modo de viver, no que as pessoas vão reproduzir e claro no que elas vão comprar. Isso inclui a casa, os móveis, o ambiente, as cores, os momentos de alegria que esse estilo de vida propõe”, explica.

Para o uso do YouTube, ela recomenda aproveitar o caráter de ensino (tutoriais) da rede social. Mostrar como é a montagem de um produto, ambientar um cômodo com algum móvel produzido pela empresa são algumas das sugestões. “Além de elevar o nível de conexão com o consumidor, esse tipo de ação otimiza as vendas para o lojista na ponta”, enumera.

A rede social de vídeos foi, inclusive, alicerce do crescimento da Plataforma Setor Moveleiro, em um canal que tem pouco mais de três anos de existência, com quase 500 mil visualizações. “Neste período, nos tornamos o principal canal de comunicação B2B Moveleiro, repercutindo as práticas e estratégias das principais empresas do Brasil, além de abrir espaços para reconhecer e homenagear as principais personalidades do setor”, conta o fundador Carlos Bessa.

TikTok e WhatsApp também têm vez

Nem só de dancinhas e desafios vive a rede social chinesa TikTok, conhecida pela criação e compartilhamento de vídeos rápidos. A plataforma vem crescendo no país e já tem 82,2 milhões de usuários com 18 anos ou mais no Brasil, de acordo com a consultoria alemã Statista.

Entre as indústrias moveleiras que estão fazendo uso da plataforma está a Móveis Henn. “Sempre compartilhamos dicas, informações e conteúdos que possam ajudar nossos seguidores de alguma forma. Temos um vídeo ensinando a regular dobradiças das portas dos móveis, por exemplo, que no TikTok alcançou mais de 180 mil visualizações”, exemplifica Gabriela Gibikoski, responsável pelo marketing da empresa.

Por fim, o WhatsApp, com cerca de 170 milhões de contas no Brasil, pode proporcionar diversos recursos para o relacionamento da indústria com os clientes lojistas e com os consumidores, orienta Débora. “Mas é preciso usar com constância e estratégia para a retenção”, avisa. “Suas funções vão desde o esclarecimento de dúvidas até o abastecimento dos produtos”, completa.

Além disso, acrescenta, pode ser usado o recurso dos status para a divulgação de campanhas e produtos, com fotos e vídeos para chamar a atenção do cliente. 

Indústria nas redes sociais é benéfica para o lojista

A fabricante de móveis infantis, Carolina Baby, ponderou o relacionamento com o varejo antes de ingressar com as suas estratégias nas redes sociais, conforme as informações do diretor-presidente, Áureo Barbosa. “Não poderíamos gerar conflitos de valores com nossos clientes lojistas tradicionais”, relembra. A empresa produz conteúdo para redes sociais desde 2006. 

Mas a presença da indústria nas redes sociais é vantajosa para o lojista. “A indústria investe nessa comunicação, que gera desejo, atrai e engaja o consumidor com o produto a ser vendido, que será buscado na loja”, reforça Débora. “Esse diferencial pode até mesmo ser usado pelo representante comercial, destacando a solução de marketing para o varejista”, indica.

O modelo funciona, de acordo com o diretor comercial da Cimol Móveis, Vitor Guidini. “As redes sociais são, sim, a vitrine da indústria. Nos canais, podemos explorar os pontos fortes, mostrar as características dos produtos de forma clara e objetiva, o que vai levar muitos consumidores a buscar a marca das lojas”, confirma.

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