A Plataforma Setor Moveleiro tem trazido informações atualizadas sobre o desempenho da indústria brasileira de móveis, avalizados por fontes oficiais de pesquisa, além de entidades e executivos da indústria moveleira, contextualizando o cenário no Brasil e no mundo.
Por um lado, os últimos relatórios de mercado registram alguns números em queda. Por outro, há sinais de ligeira melhora nos dados de produção no setor de móveis. Mas, afinal, o momento é de colocar o pé no freio ou de acelerar?
Para responder a esta pergunta, primeiro é essencial entender o percurso e tudo o que está à volta desta trajetória percorrida pela indústria moveleira até aqui.
Indústria moveleira empurra setor produtivo nacional para cima
Após passar por algumas reformulações em sua metodologia, a Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a atividade industrial brasileira apresentou, na série com ajuste sazonal, uma variação negativa de 0,3% na passagem de dezembro de 2022 para janeiro de 2023. O desempenho interrompe uma série positiva nos três últimos meses do ano passado, período em que acumulou expansão de 1,5%.
Neste cenário, três das quatro grandes categorias econômicas e 11 dos 25 ramos pesquisados mostraram recuo na produção no primeiro mês de 2023. A boa notícia, porém, é: a indústria moveleira se encontra do lado positivo desse espectro.
Avanço da indústria de móveis foi de 9,2% em janeiro de 2023 sobre janeiro de 2022
Ao olharmos para o desempenho da indústria brasileira em janeiro deste ano em comparação com igual mês no ano passado, agora na série sem ajuste sazonal, observamos um avanço — tímido, mas que deve ser ressaltado — de 0,3%.
Observando as principais influências que colaboraram para o resultado positivo na variação, vemos que o setor de móveis é um deles, com um salto de 9,2% em janeiro de 2023 sobre janeiro de 2022 (veja tabela abaixo).
Dessa forma, apesar de ainda acumular queda nos últimos 12 meses, a diferença diminuiu de -16,2% até dezembro de 2022, para -12,8% até janeiro deste ano. Uma retomada considerável e que acende um sinal verde para a indústria moveleira em 2023, após a montanha-russa vivenciada pelo setor nos últimos anos.
Falando nesse comportamento, o gerente da PIM-PF, André Macedo, aponta aspectos determinantes para o comportamento negativo da indústria brasileira nos anos anteriores. “Muito do crescimento de 2021 [+3,9%] tem relação direta com a queda significativa de 2020, ocasionada por conta do início da pandemia. Avançou em 2021, mas foi influenciada por uma base baixa de comparação e não superou as perdas de 2020”, observa.
Ao longo do ano de 2022, por sua vez, o setor industrial respondeu às medidas de incremento da renda realizada pelo governo, tais como: antecipação do 13º para aposentados e pensionistas, liberação do FGTS, adoção de medidas de estímulo ao crédito, entre outros. Segundo Macedo, no entanto, no segundo semestre “esta resposta perdeu fôlego, com maior frequência de resultados negativos”.
Aspectos específicos do setor de bens duráveis
Ainda na busca por compreender melhor o campo em que a indústria moveleira se desenvolve, em janeiro de 2023, o setor produtivo de bens de consumo duráveis avançou 13,9% quando comparado a igual período do ano anterior. Em dezembro de 2022, o recuo foi de 4,3%, interrompendo quatro meses consecutivos de taxas positivas nesse tipo de comparação. O resultado de janeiro de 2023 foi o mais expressivo desde junho de 2021 (31,7%).
O setor de bens de consumo duráveis foi impulsionado pela expansão na fabricação de automóveis (14,7%) e de eletrodomésticos da “linha marrom” (26,1%). Vale citar também os avanços registrados por eletrodomésticos da “linha branca” (6,9%), motocicletas (49,3%) e pelos grupamentos de outros eletrodomésticos (9,0%) e de móveis (7,7%).
Metodologia aprimorada
Importante lembrar que a pesquisa divulgada passou por atualizações. Os novos parâmetros incluem: a seleção da amostra de empresas, ajuste nos pesos dos produtos e das atividades, bem como por alterações metodológicas, visando retratar mudanças econômicas da sociedade.
Além da PIM Brasil e Regional, também a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) passaram por reformulações. Trata-se de adequações previstas e implementadas periodicamente pelo IBGE.
A proposta é encadear as séries históricas anteriores com as recentes, para formar séries temporais longas e consistentes. “Toda mudança de atualização com uma nova amostra, estrutura de ponderadores e outro conjunto de produtos e de empresas provoca uma ruptura com as séries históricas. O encadeamento é um método estatístico cujo objetivo é conseguir vincular os dados da base antiga com os da nova base, e assim dar continuidade às séries longas das pesquisas”, explica o coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE, Flávio Magheli.