O mais recente Monitor do PIB-FGV IBRE, divulgado nesta semana (19/2), revelou dados preocupantes sobre os investimentos em 2023, especialmente no que diz respeito à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Um indicador importante que influencia a capacidade futura de crescimento do PIB. A taxa de investimento da economia ficou em 18,1%, abaixo da média histórica desde 2000 e o estudo ainda revela falta de investimentos em maquinários.
A queda da FBCF totalizou cerca de R$ 1,8 trilhão no ano passado. De maneira similar, o desempenho negativo do setor de máquinas e equipamentos, acumulou uma retração de 8,5%. A construção também apresentou uma queda de 0,5%, demandando atenção do setor moveleiro.
Taxa de variação da FBCF total e maquinários em queda
Esses dados são corroborados pelo estudo Projeções em Foco da FIESP e CIESP), com dados do IPEA. Conforme o gráfico abaixo, demonstrando uma variação negativa no investimento de maquinário durante o ano passado.
No entanto, o mesmo estudo indica que o cenário para a FBCF (investimentos) deverá ser melhor em 2024, com impacto positivo da flexibilização gradual da política monetária e do aumento do investimento em infraestrutura.
FIESP afirma queda no investimentos em Máquinas e Equipamentos
Os dados da FGV IBRE indicam que, enquanto o investimento em maquinários registrou uma queda, o consumo das famílias seguiu uma trajetória oposta. Alcançando o maior nível da série, com R$ 6,9 trilhões, o consumo cresceu 3,2% em 2023. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelos serviços, que lideraram a demanda, e por uma reação positiva nos bens duráveis, que registraram um crescimento de 3,8% no ano. Esses indicadores sugerem um cenário desafiador para o setor moveleiro, mas também destacam oportunidades de crescimento diante da forte demanda por bens duráveis e serviços relacionados ao consumo das famílias.
Taxa de variação do Consumo das Famílias
O Monitor do PIB-FGV aponta um crescimento de 3,0% da atividade econômica em 2023. Na análise das séries livres de efeitos sazonais, a economia cresceu 0,1% no quarto trimestre, em comparação ao terceiro, e 0,6% em dezembro, frente a novembro.
Governo admite parque industrial envelhecido
Na última semana, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) recebeu o vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. Na ocasião, foram discutidas questões relacionadas à produtividade e investimentos no setor industrial. Durante o encontro, Alckmin ressaltou a importância de fortalecer uma indústria inovadora no país. Para isso, o Ministro destacou a reinstalação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI).
Um dos principais pontos levantados foi a necessidade de enfrentar o desafio da depreciação acelerada do parque industrial. O governo atendeu potencialmente a uma demanda da FIESP. Esta medida visa estimular a modernização de máquinas e equipamentos diante do reconhecimento de que o parque industrial brasileiro está envelhecido. Para isso, o governo alocou R$ 3,4 bilhões no orçamento, destinados à depreciação ao longo de dois anos, sendo 50% para este ano e 50% para o próximo. Alckmin destacou que, embora seja um valor inicial, representa uma primeira etapa neste processo de modernização.
Durante a reunião, discutiu-se também a importância de fortalecer a indústria voltada para exportação e reavivar o comércio na América Latina. Dessa forma, visando ampliar as oportunidades de negócios para as empresas brasileiras no mercado internacional.
Conjuntura econômica e perspectivas industriais para 2024
Na primeira reunião do Copom de 2024, o anúncio foi de uma redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Adicionalmente, é um dado que contribui para fortalecer a expectativa de crescimento da economia. Com a taxa atual em 11,75%, espera-se que ela caia para 11,25%, conforme as projeções do mercado financeiro. Essa redução da taxa de juros é uma medida que pode estimular o investimento e o consumo, impulsionando diversos setores da economia, incluindo o setor moveleiro.
Além disso, outro indicador que respalda essa expectativa de crescimento é o comportamento da inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2023 com uma alta acumulada de 4,62%, por exemplo. Dessa forma, mantendo-se dentro do intervalo da meta estabelecida pelo Banco Central, que era de 3,25%, com uma tolerância de 1,5% para mais ou para menos. Esse controle da inflação é importante para criar um ambiente econômico mais estável e propício ao crescimento sustentável.
Considerando esses vetores potenciais de crescimento, a FIESP projeta um aumento de 1,8% na produção industrial em 2024. E de 1,6% de crescimento do PIB, a partir de dados do Banco Central. Dessa forma, essas iniciativas têm o potencial de promover um ambiente mais favorável aos negócios, oferecendo oportunidades significativas para o setor moveleiro participar ativamente do crescimento econômico brasileiro. Isso reflete a confiança na recuperação do setor, especialmente no médio e longo prazo, com a maturação da reforma tributária e a implementação do Nova Indústria Brasil (NIB).