Vender móveis nos Estados Unidos – Nós trouxemos AQUI há poucas semanas um panorama das exportações de móveis e colchões brasileiros para os Estados Unidos. O país é o maior destino no exterior dos produtos fabricados pela indústria moveleira nacional, recebendo pelo menos 35% do total exportado atualmente. E a tendência é que haja um crescimento adicional superior a 18% nas negociações do setor entre os dois países nos próximos três a cinco anos, de acordo com perspectivas do IEMI.
Mas, afinal, se o cenário é propício, quais são as reais oportunidades e como começar, de fato, a fazer negócios no mercado americano? Nós selecionamos algumas alternativas e compartilhamos em dois artigos aqui na Plataforma Setor Moveleiro.
Além de importantes programas de exportações que facilitam as negociações diretas com compradores americanos, também é possível estabelecer operações completas nos Estados Unidos. Isso, desde o envio das mercadorias até a comercialização dos produtos ao cliente final, especialmente por meio do comércio eletrônico.
Vender móveis nos Estados Unidos por meio de e-commerce
“O e-commerce de móveis nos Estados Unidos vem demonstrando crescimento nos últimos anos e representa oportunidades para os empresários interessados em investir no setor. Se a empresa já atua nesta área no Brasil, pode também explorar as vantagens do país norte-americano ao tornar sua operação cross-border”, ressalta o time da Globalfy, especialista no assunto.
Apesar de não ser obrigatório ter um negócio registrado no país para abrir uma conta como vendedor de determinadas plataformas de e-commerce / marketplace, como a Amazon, e-Bay e Wayfair, e, assim, começar a vender móveis nos Estados Unidos, optar por essa estratégia pode facilitar a logística, abastecimento e distribuição.
Todo o processo de formação do negócio pode ser feito de maneira remota e a documentação necessária para iniciar o procedimento é simples, segundo a Globalfy. “Para começar, você precisa apenas de um passaporte válido”, enfatizam.
A partir daí, os primeiros passos são: a escolha do nome da empresa (verificação se está disponível); definição da categoria entre LLC e C CORP (similares aos modelos usados no Brasil, LTDA e S/A); escolha de um estado para registrar a empresa; contrato de um endereço virtual para receber correpondências; solicitação do Federal Employer Identification Number, o EIN, para fins fiscais; e a abertura de uma conta em banco norte-americano com compravação financeira (que varia de caso a caso).
Burocracias para a exportação de móveis para os EUA
“Toda empresa constituída nos Estados Unidos está apta a fazer importação e exportação. Isso significa que a partir do momento que o processo de abertura de empresa é concluído, você pode enviar seus produtos ao país ou mesmo vender para qualquer lugar do mundo”, explica o time da Globalfy. Entenda, contudo, as condições para exportação:
- Cargas de até US$2.500 não necessitam de desembaraço aduaneiro. Ou seja, de liberação da mercadoria na alfândega para que possam entrar no país.
- Já as cargas acima deste valor, precisam de um agente aduaneiro, responsável pelo desembaraço da sua mercadoria, além de um seguro (customs bond), que pode ser contratado anualmente ou a cada envio de mercadoria.
- A tributação varia entre 0 e 37,5% e a média fica na faixa dos 5%. Para checar a taxa exata, acesse este link.
Nesse tópico, ainda, é importante lembrar que a Receita Federal brasileira firmou no ano passado um Acordo de Reconhecimento Mútuo (ARM) com a Aduana Americana em Washington DC, oficializando a parceria entre seus Programas de Operador Econômico Autorizado. Com a assinatura do acordo Brasil-EUA, o Programa Brasileiro de OEA passa a demonstrar compatibilidade com o Customs Trade Partnership Against Terrorism (C-TPAT), um dos maiores programas de certificação em segurança da cadeia logística do mundo.
Assim, as empresas brasileiras certificadas como OEA-Segurança serão reconhecidas como empresas mais seguras e de menor risco e, em razão dessa maior confiabilidade, além dos benefícios já usufruídos na Aduana brasileira, haverá também redução do percentual de inspeções das exportações para os EUA e prioridade da análise quando estas cargas forem selecionadas para verificação.
No início de fevereiro, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), viajou aos Estados Unidos, inaugurando uma nova fase da agenda bilateral, que nos próximos quatro anos deve ter o meio ambiente como um dos principais eixos. Nós falamos mais sobre a pauta ambiental e o apelo da indústria brasileira de móveis nesse sentido no próximo artigo.
Logística para a venda de móveis nos EUA
Assim que o produto estiver nos Estados Unidos, então, ele deve ser encaminhado para um galpão / depósito ou, como chamam, uma “warehouse” responsável, onde será armazenado e preparado para envio quando uma compra for realizada. “Para brasileiros que estão comandando uma operação a distância, uma boa opção é contar com empresas de logística terceirizada, responsável por cuidar da sua operação de fulfillment”, explica a Globalfy, que conta com uma warehouse em Orlando, no estado da Flórida.
O envio de mercadorias como móveis é feito por transportadoras específicas. Duas vantagens de terceirizar esse tipo de operação são: evitar os gastos de montar seu próprio fulfillment e contar com o apoio de parceiros que estarão nos Estados Unidos cuidando de perto do envio das mercadorias ao cliente final.
Parcerias para a venda de móveis nos Estados Unidos
A Musa Furniture é outro exemplo de empresa que atua no comércio exterior Brasil-EUA, importando, representando e distribuindo mobiliário brasileiro para a venda no país. A base da empresa fica também na região de Orlando, uma das regiões preferidas para empresários brasileiros por lá, devido às condições tributárias, climáticas e também pela proximidade com o Brasil.
Dirigida pelo empresário Michel Pires, a Musa Furniture está no mercado americano há três anos, especializando-se sobretudo na venda de móveis para casas de férias (todos os ambientes), bem como nas vendas on-line de móveis de aço para garagem.
“Hoje, nossos fornecedores são quase na totalidade do polo moveleiro de Ubá, em Minas Gerais. Estamos também abrindo outros, mas precisamos primeiro melhorar a infraestrutura do galpão nos Estados Unidos, o qual já estamos em processo. Compramos o terreno e devemos iniciar as obras de construção ainda neste ano de 2023. A partir daí poderemos ampliar o negócio e atender a muito mais clientes, bem como aumentar o número de fornecedores”, explica Pires.
Ele conta que o processo de abertura de empresa nos EUA em si é muito simples e livre de impostos. No entanto, a procura por um galpão para estocar e toda dinâmica de distribuição dos produtos pelo país pode ser custosa e complicada. Nesse sentido, além de contar com um parceiro para receber, manter e despachar seus produtos, a Amazon, por exemplo, pode ser uma ótima aliada também na venda e na distribuição do mobiliário brasileiro em terras americanas.
“A Amazon é uma gigante por aqui. Vende de tudo e com entregas rápidas. A Itatiaia, por exemplo, nos envia os produtos, recebemos, estocamos, despachamos para a Amazon e ela faz as entregas. A partir daí, monitoramos as vendas, propagandas, ações de marketing, fazemos as assistências técnicas e quando nao dá mesmo para resolver, recebemos as devoluções e vendemos os produtos com descontos em nosso depósito”, compartilha do processo, Michel Pires.
Estoque de móveis nos EUA
Se sua escolha for, então, de fazer a logística dos produtos com a Amazon por meio do fullfilment da empresa, contar com um estoque disponível no país fará toda a diferença. Na prática, a Amazon determina quantidades de produtos a receber e warehouses para onde você deve enviá-los, compartilhando o seu estoque em diferentes regiões.
Dessa forma, também, é possível otimizar o processo e repor os estoques rapidamente, por meio do estoque avançado. Além de evitar uma penalização da Amazon por falta de estoque e, ainda, prejudicar suas vendas.
“Outro ponto é que com um warehouse avançado, ou estoque pulmão, para o armazenamento dos itens nos Estados Unidos, além de facilitar o preparo dos produtos para a Amazon FBA, é possível aproveitar o mesmo estoque remanescente para vender em outros marketplaces ou no site próprio da sua marca”, complementam os especialistas da Globafy.
Mais informações importantes!
Mas há ainda outros meios para conquistar o mercado americano por intermédio da Amazon. A gente continua falando disso na próxima semana aqui na Plataforma Setor Moveleiro, com dicas objetivas para ajustar sua oferta de acordo com as peculiaridades de consumo dos Estados Unidos. Fique ligado!