Vivemos em tempos de polarização no Brasil. Se você é crítico do governo anterior, precisa apoiar o atual em tudo. Se é a favor do anterior, nada de positivo que o atual faça pode ou deve ser elogiado. Na área da saúde, de repente viramos mais de 200 milhões de especialistas sem que a maioria sequer tenha aberto um livro sobre tão sensível área. E, pior, se você é a favor do isolamento social é tido automaticamente como contra a geração de renda. Se foca suas opiniões na economia, passa a ser um insensível que não se preocupa com a vida humana.
Diante de tanta belicosidade e julgamento questiono se os analistas não estão mesmo certos em prever que o ser humano sairá mais “sensível” desta pandemia. Enfim, previsões são previsões; fatos são fatos.
O educador Marcos Meier afirmou: “O termo correto não é distanciamento social. O certo é ‘distância interpessoal’. Pois a recomendação é manter distância entre indivíduos e não afastar-se da sociedade”. Tal afirmação traz uma interpretação muito interessante do momento em que vivemos, em que os governos mostram-se totalmente perdidos em relação a questões como isolamento, lockdown e similares.
Claro, o fato é, se tudo que estamos vivendo é novo para a população, tais conceitos e a forma ideal de aplicá-los também é uma novidade para os governantes. O que estarrece é sentir que as tentativas de um lado ou do outro são mais escolhas cegas do que realmente fundamentadas. Situação em que o susto não justifica o despreparo.
E assim seguimos desnorteados entre nos isolar ou não nos isolar. Flexibilizar as restrições ou não flexibilizá-las. Liberar geral ou fechar tudo! Afinal, o que comprova o quê? Enquanto isso, o pânico vai tomando conta daqueles que sentem na pele a responsabilidade em prover famílias (as suas próprias ou mesmo a de colaboradores).
Afinal, na prática ninguém entende por que uma cerimônia religiosa não pode ser realizada e um transporte público pode rodar lotado de pessoas. Ou, ainda, por que muitos estão proibidos de trabalhar, enquanto alguns presos são soltos para não ficarem confinados. Existe uma lógica, mas que ainda não nos foi apresentada ou que pouco ajuda na hora que as contas apertam.
Os “tempos modernos” previstos por Charles Chaplin, embora dessem ênfase à produção em série, tratava do mesmo ser humano que estamos avaliando neste momento. Esse que se encobre da soberba do conhecimento, ao mesmo tempo em que não consegue vencer um vírus silencioso.
Dias melhores virão, certamente!
CARLOS BESSA – SETOR MOVELEIRO