A indústria moveleira mundial vem pesquisando e discutindo a viabilidade de novos materiais para a produção de móveis em série. Uma busca que, apesar de ter se intensificado nos últimos anos — sobretudo considerando a necessidade de minimização do impacto ambiental e da implementação de práticas mais economicamente sustentáveis de produção — se trata de uma constante no setor.
Desde o concreto, no contexto contemporâneo, ao óleo de tungue ou linhaça para uso no revestimento dos móveis. Sem esquecer da reciclagem de produtos acabados ou de insumos utilizados no processo de fabricação. Muito já foi e tem sido feito em termos de inovação, pesquisa e desenvolvimento na indústria moveleira. Mas quais são as principais novidades quando falamos em materiais para a produção de móveis?
Produção criativa em prol do meio ambiente
Os materiais usados na fabricação de móveis evoluíram, bem como os processos de produção ao longo dos séculos. A madeira se tornou o material mais acessível e por ser naturalmente renovável é o mais popular em nossas casas. Porém, hoje em dia, muitos móveis produzidos em madeira não são necessariamente biodegradáveis. Isso, devido à combinação de outros elementos que diminuem a biodegradabilidade da madeira.
Nos últimos anos, a tendência do design customizável e da arquitetura biofílica, no entanto, abriram caminho para a discussão de como fazer da tecnologia uma aliada para otimizar e reduzir os custos de produção, sem aumentar seu impacto ambiental.
Uma inovação com grande potencial de uso está relacionada, por exemplo, ao bioplástico para criar móveis, revestimentos e elementos estruturais. Feito de recursos renováveis de biomassa, como algas, celulose ou outros materiais que podem se degradar mais rapidamente quando descartados.
Especialistas afirmam que, no futuro, empresas de móveis aplicarão bioresinas para dar acabamento aos seus produtos de madeira de lei. Já que se decompõem mais facilmente com o tempo, sendo mais ecológicas.
Produção de móveis: utilização de materiais reciclados, reutilizados e alternativos
Mesmo que surjam novos experimentos com materiais, que vão desde a celulose cultivada em laboratório até a seda de aranha, o mais provável é que no futuro se utilizem mesmo materiais oriundos de descarte ou recicláveis.
O primeiro móvel feito à base de cogumelos do Brasil, a mesa Sertão, é assinado pelo Anima Studio Design. Para sua produção, resíduos da agroindústria foram transformados em materiais resistentes, biodegradáveis e totalmente integrados ao conceito de economia circular, ou seja, que quando descartados voltam à natureza promovendo o crescimento de novas plantas. O material biotecnológico, pioneiro no país, desenvolvido pela Mush para o design, arquitetura e construção civil, é feito a partir de subprodutos (micélio) da agroindústria, da região de Ponta Grossa (PR).

Outro case semelhante e interessante vem da Inglaterra. O designer ambientalista de móveis Sebastian Cox e a pesquisadora interdisciplinar Ninela Ivanova propõem um projeto com uma série de lâmpadas e bancos fabricados com resíduos de madeira e uma planta fúngica. À medida que a parte vegetativa do fungo cresce, ela liga os resíduos de madeira em torno das molduras para formar móveis compostáveis. Em 2019, o designer já passava a mensagem de que não se precisa ser vegano para viver de modo sustentável: “You don’t have to be a vegan to live sustainably”.
Experimentos na produção moveleira
Há ainda o caso de uma empresa holandesa que fabricou uma poltrona com resíduos do consumo mundial de café. Outra marca espanhola criou uma cadeira feita de fibra de vidro 100% reciclada e plástico de polipropileno, vindas de caixas de vegetais e frutas.
E esses são apenas alguns exemplos da produção de móveis projetados para serem conscientemente sustentáveis, servindo a diferentes funcionalidades e explorando materiais alternativos. Ou seja, ganha o planeta, a indústria e o consumidor.
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Cores e texturas
Para intensificar esses pontos, ainda, a cadeia moveleira já entendeu que deve fazer uso de cores que remetem à natureza. Variações do bege, marrom, verde e azul costumam ser vendidas com nomes de elementos naturais, como areia, carvalho, musgo e mar.
Além das cores, a grande indústria também tem trazido ao público cada vez mais aspectos do feito à mão. Explorando, assim, um mobiliário com várias texturas e com formas mais orgânicas. Materiais naturais como bambu, rattan e algas marinhas, itens reciclados como a madeira recuperada, têxteis reciclados e outros materiais reutilizados são só alguns dos exemplos de insumos alternativos usados atualmente na produção de móveis sustentáveis.
E no futuro?
Caminhando em uma direção onde as matérias-primas existentes serão cada vez mais aprimoradas por novos materiais, o futuro dos móveis parece estar na reciclagem e na reutilização de maneiras criativas para se obter resultados em formas mais ousadas e inovadoras.
Espera-se que algumas dessas respostas para o futuro da produção de móveis seja vista a partir de amanhã, no 61º Salone del Mobile, em Milano, que vai até o dia 23 de abril. Amanhã a gente fala mais sobre o maior evento do calendário mundial moveleiro. Continue nos acompanhando!