A indústria brasileira opera com maquinário antigo e com tecnologia defasada, de acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Apenas 2% das empresas que responderam à pesquisa possuem máquinas com até 2,5 anos de uso, enquanto 28% possuem equipamentos com 10 a 15 anos. No setor de transformação e na indústria extrativa, a idade média do maquinário é de 14 anos. Segundo a pesquisa, a média da idade das máquinas e equipamentos industriais do setor moveleiro é de 12 anos, representando também um dos setores com menor potencial de renovação (25%).
Curiosamente, 38% utilizam equipamentos que estão próximos ou já ultrapassaram a idade recomendada pelo fabricante como ciclo de vida ideal. A sondagem especial, intitulada Idade e Ciclo de Vida das Máquinas e Equipamentos no Brasil, foi realizada em junho com 1.682 executivos, provenientes de 672 pequenas empresas, 599 médias e 411 grandes companhias. Além disso, 356 indústrias do setor da construção também participaram.
Nos dias atuais, um maquinário industrial perde valor ao longo de dez anos, sendo que os respectivos valores são deduzidos no Imposto de Renda da empresa. Portanto, diante desta tese de depreciação acelerada e para estimular os investimentos em renovação, o governo federal apoia uma medida que deverá disponibilizar o crédito de até R$ 15 bilhões para as indústrias no próximo ano.
Tecnologia avançada para o maquinário
Tatiano Segalin, Show Manager da ForMóbile – Feira Internacional da Indústria de Móveis e Madeira –, enfatiza que a modernização do maquinário na indústria de móveis proporciona uma vantagem competitiva significativa. “Os equipamentos evoluíram bastante nos últimos anos, e aqueles que não se atualizarem deixarão de ser competitivos rapidamente. A tecnologia e as possibilidades de automação na indústria moveleira proporcionam maior segurança, eficiência na produção e, consequentemente, maior lucratividade”, ressalta.
“Maquinários antigos podem resultar em custos elevados de manutenção e até em desperdício de material. É de extrema importância atualizar o parque fabril para aumentar a eficiência e qualidade da produção, garantindo uma produção ininterrupta”, destaca.
De acordo com Segalin, a ForMóbile que chega à sua 10ª edição em julho de 2024, oferece aos empresários do setor a oportunidade prática de explorar as melhores soluções disponíveis globalmente para suas empresas. Ele destaca o notável avanço tecnológico no maquinário nos últimos anos, especialmente em relação à versatilidade das máquinas. “Se mencionarmos uma tendência atual, sem dúvida estaria relacionada à conectividade. Hoje, muitas empresas realizam diagnósticos à distância, identificando antecipadamente possíveis problemas e evitando falhas nos equipamentos”, considera.
Segalin relata que muitos empresários concretizam negócios após verem as máquinas em operação durante a ForMóbile. “Há casos de empresas que substituíram todos os equipamentos de suas fábricas por máquinas novas adquiridas durante a feira. Um dos objetivos primordiais da ForMóbile é aproximar possíveis compradores dessas novas tecnologias, e temos alcançado esse objetivo com grande êxito”, afirma.
Desafios de revitalização do parque fabril
Modernizar o parque fabril apresenta diversos desafios, começando pela seleção adequada dos equipamentos, o tempo de instalação e a disponibilidade de mão de obra qualificada, entre outros. Por isso a ForMóbile trabalha constantemente para conectar pessoas que contribuam para esse processo. “Temos feito consideráveis investimentos para que essas conexões ocorram com frequência crescente. Não se limitando aos dias do evento, mas ao longo de todo o ano, criamos conteúdos que auxiliam os empresários a tomar as decisões corretas”, afirma.
Além da programação de expositores e de conteúdo durante o evento presencial, que ocorre a cada dois anos, a ForMóbile oferece uma comunidade online: a ForMóbile Xperience. Esta plataforma permite que os profissionais da indústria de móveis encontrem as principais empresas fornecedoras, bem como os equipamentos e sistemas mais atuais para atender às demandas do mercado.
“Também contamos com parcerias estratégicas com a ABIMAQ, a Affemaq e a Eumabois para alcançar grandes players fabricantes de máquinas, garantindo a presença de diversas soluções – muitas delas exclusivas – em nosso evento”, acrescenta Segalin.
Investimentos na indústria: perspectivas de líderes no setor moveleiro
Vitor Guidini, diretor comercial da CIMOL Móveis, sediada em Linhares (ES), destaca que o grande desafio no setor moveleiro está na avaliação do custo-benefício ao investir em maquinários e processos, visando a permanência competitiva em um mercado cada vez mais exigente. “Acredito que as indústrias que não priorizarem a renovação de seus parques fabris e não tiverem a capacidade de se adaptar, correm o risco de ficar para trás ou perder oportunidades valiosas de explorar novos mercados e conquistar novos clientes”, declara.
Guidini também concorda que a modernização das instalações fabris é de extrema importância, mas enfatiza a necessidade de cautela. “Todo investimento em maquinários, automação de processos ou softwares, possui um custo considerável. Portanto, é essencial avaliar minuciosamente o custo-benefício de cada investimento, considerando as possibilidades de retorno e acesso a novos mercados e clientes. É sempre nesse contexto que estamos constantemente aprimorando nossos processos”, ressalta.
Além disso, ele enfatiza a importância de estar atento às tendências do mobiliário para efetuar adaptações no parque fabril. “Estamos falando de prazos longos, por isso a necessidade de planejamento criteriosos do mix de produtos. Dado o dinamismo do mercado atual, quando um investimento se concretiza, muitas vezes já é hora de buscar outro tipo de produto ou solução”, observa.
Modernização associada à capacitação da mão de obra
A Móveis Bechara é uma empresa em constante busca de novos equipamentos e tecnologias disponíveis no mercado, visando aumentar sua competitividade em relação à concorrência. Paralelamente, a empresa está comprometida com um importante projeto de modernização. Contudo, isso engloba, também, o comprometimento com a segurança dos colaboradores, por meio da implementação da NR12 em equipamentos mais antigos. “Sem dúvida, a modernização e a adoção da indústria 4.0 representa um dos maiores desafios que enfrentamos. Um dos pilares que utilizamos para ajudar nisso é a capacitação da mão de obra”, relata o gerente de produção, Luis Ricardo.
Sempre que surge uma oportunidade de adquirir novos equipamentos ou diante da necessidade interna de substituição, a Móveis Bechara conduz análises minuciosas dos aspectos positivos e negativos.
Avaliando não apenas o retorno e o payback do investimento, mas também buscando manter-se alinhada com o que há de mais avançado no mercado.
“Novos equipamentos geralmente proporcionam maior velocidade e qualidade ao processo produtivo. Outro ponto de destaque são os benefícios que as novas tecnologias geram ao departamento de criação de novos produtos, dando condição de aprimorar o design e a utilidade oferecidos aos clientes”, destaca.