Parece “chover no molhado”. Mas a verdade é que, sim, o mundo mudou e se sua empresa continua atuando com as mesmas práticas e modalidades de pagamento / vendas do passado, pode ser que seu negócio também fique para trás.
A pandemia evidenciou diversas mudanças que há tempos já vinham sendo testadas em caráter experimental no varejo. Mas que agora deixaram de ser “o futuro” e tornaram-se uma urgência. Questões como distanciamento social, saúde, segurança, praticidade e conectividade são pontos-chaves para uma experiência de compra bem sucedida e a maior possibilidade de retenção de clientes.
Nesse sentido, modalidades de pagamento sem contato (contactless), tais como caixas de autoatendimento, o uso da ferramenta de “aproximação” e, mais recentemente aqui no Brasil, da transferência imediata via PIX deixam de ser um diferencial, tornando-se uma necessidade. Acompanhados, claro, pelo e-commerce, lojas híbridas e novas modalidades também de entrega, como o fulfillment. Com governos, inclusive, incentivando esses tipos de serviços com vista a reduzir o contato físico.
E não é só o consumidor final quem ganha, mas as próprias empresas que passam a contar com uma dinâmica de vendas mais ágil, menos custosa e mais enxuta.
Pagamento móvel por aproximação está aumentando em todo o mundo
Vamos começar com o “pagamento por aproximação”. Já bastante popular e disseminado em vários países há algum tempo, as modalidades de pagamento por proximidade ou aproximação, seja com cartões, pulseiras / smartwatch ou por aplicativos para smartphone por meio de carteiras digitais (e-wallet), cresceram muito no Brasil e em outras regiões nos últimos anos.
Em 2020, mais de 1,18 bilhão de pessoas realizaram pagamentos por meio de alguma dessas modalidades em todo o mundo. Um crescimento de 22,2% em relação a 2019, segundo a eMarketer. Para este ano, projeta-se que mais de 1,27 bilhão de pessoas usarão formas de pagamento móvel por aproximação, cerca de 70 milhões a mais do que se esperava anteriormente.
Para os especialistas da eMarketer, ainda, os pagamentos móveis por aproximação deverão alcançar cerca de 1,35 bilhão de usuários no planeta em 2022, à medida que a popularidade desses métodos aumentam.
No Brasil, R$ 200 é o valor máximo de transação permitido nesta modalidade sem que seja necessário digitar a senha. Para valores menores só é necessário a aproximação do cartão ou gadget. O valor limite sofreu alteração para cima, aliás, depois do sucesso que o pagamento contactless fez no País no último ano.
Para o comerciante, o único ônus seria a atualização dos dispositivos de cartão para versões com tecnologia Near Field Communication, cada vez mais baratas e comuns. Não há cobranças ou burocracias adicionais.
Vantagens das modalidades de pagamento por aproximação
Como vantagem, segundo pesquisa realizada pela Mastercard, as transações por aproximação são em média dez vezes mais rápidas que um pagamento tradicional e levam 0,5 segundos para serem concluídas. A facilidade dos pagamentos por aproximação se traduzem, assim, em uma maior taxa de produtividade para os comerciantes, pois tornam o check-out mais rápido, diminuindo filas e tempo de atendimento / espera.
Ainda de acordo com a pesquisa, 88% dos brasileiros acreditam que os pagamentos por aproximação são mais convenientes do que pagar em dinheiro. Enquanto 82% acreditam que essa forma de pagamento é mais rápida. Além disso, estima-se que consumidores que usam o cartão de débito ou crédito estejam propensos a gastar até duas vezes mais do que quando realizam o pagamento em dinheiro em espécie.
E o PIX?
Já o Pix, modalidade de transferência lançada há cerca de um ano pelo Banco Central do Brasil, é um meio de pagamento poderoso para o varejo. Funciona 24 horas, até mesmo aos fins de semana e feriados; o dinheiro cai na conta em menos de 10 segundos; não há taxas para microempreendedores e, para os grandes, elas tendem a ser menores do que as transações tradicionais.
Dessa forma, já era aguardado que a adoção ao Pix esteja sendo mais rápida por parte dos pequenos comerciantes e prestadores de serviço, que podem oferecer a própria chave pessoal para receber o pagamento. Enquanto lojas mais estruturadas precisam de uma tecnologia para integrar o Pix ao caixa e tornar a venda mais fluida, sem gerar filas.
Ainda assim, considerando que pelo menos metade da população brasileira já tenha usado o PIX e que 67% dos brasileiros querem usá-lo para pagar suas compras no varejo, o cenário para a implementação da modalidade também em estabelecimentos maiores, segundo a Gerencianet, é não só viável, como bastante otimista, por meio da integração com os sistemas PDV (Pontos de Venda), Frente de Caixa e ERPs (Sistema Integrado de Gestão Empresarial).
Nesse sentido, o Banco Central disponibilizou e padronizou uma interface de programação de aplicações especial, o API Pix. Ela possui a documentação dos serviços oferecidos pelos Provedores de Serviços de Pagamento, que deve ser seguido por todos os participantes diretos que desejam desenvolver a API do novo meio de pagamento.
“Isso [tecnologia para integrar o Pix ao caixa] se reflete na experiência para o consumidor. Que pode só abrir o celular, escanear um QR Code e pagar, de forma simples e rápida, sem a necessidade de fazer uma transferência com a chave Pix ou ter de apresentar um comprovante no caixa”, diz François Martins, diretor de Relações Governamentais do Mercado Pago para a Mercado & Consumo.
É o que grandes varejistas, como Pão de Açúcar, Americanas, C&A, entre outras, já têm feito, mas ainda de forma tímida. Mesmo assim, tais grupos enxergam um “grande potencial” de crescimento na modalidade, que deve afetar também o varejo de móveis.
Mas, calma, que tem mais: será possível realizar saques de dinheiro em espécie nas lojas
Sacar dinheiro na loja também será possível por meio do Pix nas modalidades Pix Saque e Pix Troco. A novidade no mercado brasileiro, já bastante comum especialmente em redes de supermercado norte-americanas, estará disponível para adesão da rede varejista a partir de novembro de 2021. Essa adesão, claro, não é obrigatória, mas garante benefícios para os comerciantes que optarem por ofertar os serviços.
“Além de não haver custo para o comerciante, os novos serviços surgem como um diferencial de mercado, podendo atrair mais clientes para dentro do comércio”, aponta Elidecir Rodrigues Jacques, servidor do Banco Central do Brasil e professor de Processos Gerenciais no ISAE Escola de Negócios. Além disso, os estabelecimentos que aderirem às novas funcionalidades Pix poderão receber de 25 a 95 centavos por cada transação realizada, a depender do banco contratado para oferecer os serviços.
Mas, você pode se perguntar, se o cliente não paga pela transação em si e o comerciante recebe por ela, quem paga ao comerciante? Conforme o especialista explica: os bancos. “Ao remunerar os comerciantes pelo serviço, os bancos economizam com o custo do transporte, com a guarda de cédulas e moedas e com a gestão do numerário em si”.
No quesito segurança, ainda, a rede varejista poderá limitar o uso em dias e horários convenientes ou definir um valor mínimo e máximo de troco permitido.
E as criptomoedas?
Bem, embora muito se fale sobre elas, moedas digitais como o bitcoin ainda não decolaram no varejo nacional, sobretudo no físico. Inegável, porém, é “seu pé no futuro”. Mesmo que seja um futuro distante.
Como explicam os especialistas da Crypto ID, ao contrário das trocas comuns, as criptomoedas não precisam de uma autoridade central para operar, como os bancos. Em vez disso, elas contam com uma tecnologia chamada blockchain. Isto é, um grande registro de transações, um banco de dados público, que reúne o histórico de operações realizadas. Assim, ele ajuda a identificar as informações e garante a segurança das trocas.
Este pode ser um dos maiores avanços para o varejo, tendo em vista que viabiliza que o usuário use o seu dinheiro em qualquer formato, lugar e hora. Tornando o processo de compra mais integrado e fluido, sem a barreira das grandes instituições ou monopólios. O que, em teoria, livraria os varejistas das altas burocracias e taxas institucionais, barateando o custo para o vendedor e, consequentemente, o preço final para o consumidor.
A acessibilidade e até mesmo o entendimento popular sobre as criptomoedas, bem como a complexidade de sua implementação neste momento ainda dificultam a adoção dessas moedas digitais por parte do varejo. É importante ficarmos de olho, no entanto.
Novos tempos, novas necessidades, novas possibilidades. Você já usa ou pretende adotar o PIX e outras modalidades de pagamento sem contato na sua loja ou showroom?