O futuro das feiras de negócios no ‘novo normal’

feiras setor moveleiro

“Em nosso setor é difícil comprar um móvel sem tocá-lo ou experimentá-lo. E, mais do que isso, o homem é um animal social e, portanto, precisamos de contato. Nada pode substituir a alegria da experiência direta de um abraço real, por exemplo.” Resposta dada por Marco Sabetta, diretor-geral do Salão do Móvel de Milão, quando questionado sobre o reposicionamento digital do evento a partir deste ano, trouxe-nos um questionamento: “Como a pandemia do novo Coronavírus deverá redefinir o futuro das feiras de negócios no setor moveleiro?”.

Da China à Europa até solos brasileiros, trade shows foram adiados ou simplesmente cancelados por todo o globo. Isso, claro, causa um enorme efeito dominó: Ambas as partes, tanto as empresas envolvidas na realização de exposições quanto aquelas que exibem ou compram em feiras comerciais, sofrem com as grandes perdas geradas neste momento.

Essas exibições têm sido lugares onde não só compradores de toda a parte do mundo podem ter acesso direto aos produtos – tocando, comparando preços, tirando referências, compreendendo tendências e negociando diretamente com os vendedores -, mas, sobretudo, espaços de conexão, onde mais do que negócios, histórias são contadas e parcerias são firmadas. O que, consequentemente, agrega muito mais valor às marcas, aos produtos e serviços por lá exibidos.

Espaços figitais

Enquanto até a semana passada, a organização de algumas feiras na Ásia e na Europa vinham insistindo na realização de eventos ainda no último trimestre deste ano – o que sempre pareceu bem improvável. Agora, muitos desses organizadores começam a divulgar novas datas para 2021 e até mesmo 2022.

De qualquer maneira, se e quando retornarem, certamente terão seus formatos e protocolos de segurança alterados, a depender, especialmente, do que os órgãos competentes locais julgarão como medidas necessárias no momento. Distanciamento social, máscaras, número limitado de visitantes, visitas pré-agendadas aos estandes? Feiras que ocupavam um pavilhão passando a ocupar dois, respeitando um espaço maior entre as empresas? Tudo ainda é uma incógnita!

Mas, se assim como as pessoas descobriram que podem conduzir reuniões do conforto de suas casas, compradores e vendedores também concluirão que podem fazer seus negócios remotamente? Acreditamos que não totalmente!

O fato é que ainda não existe plataforma melhor do que as feiras para reunir profissionais do setor moveleiro em tão larga escala. Ao longo dos anos, passamos pelas mais diversas situações e ali continuavam elas, reinventando-se rapidamente quando necessário. E agora não deverá ser diferente! No entanto, o futuro delas depende de organizadores e expositores dispostos a adotar de vez o tão falado “conceito figital”“Conceito o quê?””, alguns devem questionar!

Estamos falando da conexão entre o off-line e o on-line, de quando o mundo físico se encontra com ferramentas digitais para criar algo que tenha ainda mais abrangência, extrapolando os limites físicos dos espaços de eventos. O que deverá ser uma ótima forma de contornar a questão das restrições de viagens entre muitos países e até estados, que podem se estender por ainda um bom tempo. Um ótimo exemplo disso vem daqui mesmo do Brasil, com a Movelpar (Feira Nacional de Móveis, Eletro e Decoração) reestruturando seu modelo de negócio e somando soluções digitais à experiência de expositores e visitantes.

Experiências > Produtos

Por falar em experiência, aqui estão algumas das previsões da europeia Expo Exhibition Stands para o futuro das feiras. Spoiler: Pense fora do estande! O futuro das feiras deverá abraçar de vez ao conceito de criar uma experiência em vez de simplesmente exibir um produto. Essa experiência, por sua vez, não será restrita aos estandes, com as empresas apostando no storytelling e no mundo virtual para criar valores e possibilidades atemporais e geograficamente ilimitadas.

Nesse sentido, o envolvimento dos visitantes deverá ser o foco de todos os expositores, permitindo e incentivando com que eles interajam com os produtos expostos e com as soluções apresentadas tanto no estande quanto no universo virtual. Uma dica: Além de investir em tecnologia, aposte num conceito ecológico. Estandes sustentáveis, com luzes de LED, equipamentos eco-friendly, produtos ambientalmente adequados e ações de sensibilização ecológica deverão ser obrigatórios para o futuro da produção e das feiras no setor moveleiro.

Tudo isso deverá atrair compradores cada vez mais qualificados. O que será muito importante, sobretudo agora que vemos os organizadores prestando ainda mais atenção à lista de expositores e o potencial de cada um em atrair um público mais assertivo – tanto no B2B quanto no B2C.

Com todas essas possibilidades, temos certeza que as feiras – tanto de fornecedores quanto de fabricantes – vencerão este momento e triunfarão nos próximos anos. De fato, acreditamos que, apesar da tensão, elas possam ressurgir como uma atividade crucial para a reconstrução da marca no “novo normal”, não apenas focando-se na geração de receita, mas reforçando a imagem de poder, presença e contemporaneidade dessas empresas no setor.

Veja também