Na transição de setembro para outubro, a produção industrial do país manteve-se praticamente estável, registrando uma variação de apenas 0,1%. Esse comportamento reflete a persistência de um cenário pouco dinâmico nos últimos meses, como indicam os acumulados no ano e nos últimos 12 meses, ambos com variação nula (0,0%). Estes dados são da última Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta primeira semana de dezembro de 2023.
No entanto, um destaque nesse panorama é o setor produtor de bens de consumo duráveis, que experimentou uma queda significativa de 2,4% em outubro, marcando o segundo período consecutivo de recuo na produção e acumulando uma redução de 6,7% ao longo desse intervalo.
Crescimento setorial: móveis se destacam com aumento de 6,9% na Pesquisa Industrial Mensal
Em contrapartida, no comparativo com outubro de 2022, o setor industrial como um todo apresentou um avanço de 1,2%. Entre os destaques positivos, observa-se um notável crescimento na produção de móveis, registrando um aumento de 6,9%. Além disso, outros setores que contribuíram para esse resultado foram os de produtos de madeira (18,3%), produtos de borracha e material plástico (4,2%), entre outros.
Apesar desses avanços, é importante ressaltar que o índice do mês ainda reflete um perfil disseminado de taxas negativas, com 13 dos 25 ramos industriais pesquisados apresentando resultados negativos. Assim, verifica-se, pelo 14º mês consecutivo, um predomínio de atividades no campo negativo.
Resiliência no setor industrial
Este cenário complexo destaca a resiliência do setor industrial, ao mesmo tempo em que aponta para desafios persistentes. O notável crescimento na produção de móveis destaca-se como um ponto positivo em meio às oscilações, sugerindo oportunidades específicas dentro do setor para análises mais aprofundadas e estratégias futuras.
No confronto com o mesmo mês do ano anterior, o segmento de bens de consumo duráveis apresentou um recuo de 3,2% em outubro de 2023, acentuando assim a queda de 3,0% registrada em setembro passado. Neste período, o setor foi significativamente impactado pela redução na fabricação de eletrodomésticos da “linha marrom” (-25,8%) e de automóveis (-5,2%). Destaca-se também o declínio nas motocicletas (-3,0%).
Móveis apresenta crescimento positivo
Por outro lado, houve impactos positivos provenientes do crescimento na produção de eletrodomésticos da “linha branca” (10,6%), bem como dos grupamentos de outros eletrodomésticos (7,1%) e de móveis (7,5%). Estes últimos setores demonstraram resiliência, contrapondo-se às tendências negativas observadas em alguns segmentos.
Essa análise destaca a complexidade do cenário, revelando as disparidades na performance dos diversos subgrupos de bens duráveis. A ênfase na produção de móveis como um ponto de crescimento positivo sugere oportunidades específicas no mercado, enquanto a análise detalhada de cada categoria torna-se crucial para uma compreensão mais abrangente do panorama econômico no setor de bens de consumo duráveis.
Índice de Confiança Empresarial (ICE) é mínimo
O Índice de Confiança Empresarial (ICE) do FGV IBRE sofreu uma queda de 1,1 ponto em novembro, atingindo 91,8 pontos. Após três quedas seguidas, o índice registra agora o menor nível desde maio passado.
O ICE consolida os índices de confiança dos quatro setores abrangidos pelas Sondagens Empresariais da FGV IBRE: Indústria, Serviços, Comércio e Construção. Em novembro, destaca-se que somente a confiança da Indústria apresentou aumento, subindo 1,9 ponto, para 92,7 pontos.
Destaque para a confiança na indústria
Esses resultados sugerem que os setores cíclicos da economia, responsáveis por aproximadamente 2/3 do PIB, mantêm um ritmo morno de atividade no quarto trimestre e expressam preocupações sobre as perspectivas para o primeiro trimestre de 2024. Apesar disso, há aspectos positivos, como a primeira elevação da confiança industrial no segundo semestre e a relativa resiliência do setor da Construção, impulsionado pelo otimismo nas obras de infraestrutura.
Otimismo industrial: 11 segmentos em alta
Novembro viu a confiança empresarial subir em 47% dos 49 segmentos do ICE, uma disseminação superior à observada no mês anterior (35%), com destaque para 11 segmentos da indústria com confiança em ascensão.
Esses dados revelam nuances importantes e merecem uma análise aprofundada para compreender as dinâmicas subjacentes no cenário empresarial.
Índice de desempenho e confiança do setor moveleiro
A plataforma Setor Moveleiro conduz uma pesquisa mensal que também revela dados sobre o desempenho e a confiança na cadeia de móveis. Em novembro, abrangeu 16 estados, com 119 respondentes. Sendo 63% representando a indústria de móveis e estofados, e 16,8% fornecedores de matéria-prima.
Em novembro, 43,7% dos participantes viram o mês conforme o esperado, dentro das expectativas. E contrariando o otimismo da Indústria em geral, no setor de móveis apenas 10% encontram-se otimistas, enquanto 35,3% expressam baixo otimismo para 2024.
Esses números refletem nuances no setor, destacando a diversidade de opiniões. Aprofundar-se nessas análises mensais proporciona compreensão abrangente do cenário econômico específico do setor moveleiro no Brasil.
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