Plataforma Setor Moveleiro entrevista Euclides Longhi, novo presidente eleito da Movergs

Euclides Longhi - Presidente eleitoda Movergs - Plataforma Setor Moveleiro

Presidente eleito do Movergs

No último dia 12 de dezembro de 2022 foi realizada a cerimônia de posse das novas diretorias do Sindmóveis (Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves) e da Movergs (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul), que iniciam suas atividades já em janeiro de 2023. Enquanto a direção do sindicato representativo do polo moveleiro de Bento Gonçalves, o Sindmóveis, será comandada por Gisele Dalla Costa, da Motiva Móveis; o comando da associação moveleira do estado gaúcho, a Movergs, fica a cargo de Euclides Longhi, da Multimóveis, pelo biênio 2023-2024. E é com ele que conversamos hoje.

Com uma vida profissional dedicada à indústria de móveis, Euclides Longhi, 63, iniciou sua trajetória como representante comercial e em 1995 tornou-se um dos sócio-fundadores da Multimóveis, onde atua como diretor comercial. Também já contribuiu com a realização da feira Movelsul Brasil, sendo vice-diretorcComercial, em 1998, e de Serviços, no ano 2000. “Além de dar continuidade aos projetos da entidade, meu foco nos próximos dois anos vai ser o resgate do associativismo entre as indústrias de móveis gaúchas, para que elas possam crescer juntas”, adianta o futuro presidente.

Em entrevista exclusiva para a Plataforma Setor Moveleiro, o Kide, como é conhecido no setor, relembra sua história e fala sobre sua nomeação como presidente da Movergs, bem como do cenário e das expectativas da indústria de móveis gaúcha e nacional. Veja a seguir. 

Entrevista: Euclides Longhi, presidente eleito da Movergs para o biênio 2023 – 2024

Setor Moveleiro – Como você acredita que sua experiência como gestor da Multimóveis contribuirá agora como representante das indústrias de móveis do estado do Rio Grande do Sul? 

Euclides Longhi – Sempre fui um grande entusiasta do setor moveleiro. Por mais que o meu principal foco nos últimos 27 anos tenha sido a Multimóveis, nunca deixei de olhar a cadeia produtiva de madeira e móveis como um todo. Isso porque acredito na união do setor para que todas as empresas possam se fortalecer e crescer de forma sustentável, tornando-se mais competitivas e inovadoras. Por isso, uma das bandeiras que eu e meus diretores vamos carregar durante a gestão na Movergs é a importância do associativismo e da representatividade institucional, junto aos polos do Rio Grande do Sul e governos municipais, estadual e federal. A entidade é séria, tem credibilidade e conta com uma equipe técnica muito qualificada. Então, tenho certeza de que vamos oferecer muito às empresas de móveis gaúchas.

SM – Aliás, como avalia o atual cenário para as indústrias de móveis da região quando falamos nos principais indicadores de produção, emprego, investimentos, exportações etc.? 

Longhi – De modo geral, as indústrias moveleiras gaúchas são bem desenvolvidas. Percebemos que não são apenas as grandes empresas que investem em tecnologia, inovação e diversificação no mix de produtos. Até mesmo as pequenas estão olhando mais para as exigências do mercado e para o comportamento do consumidor. Buscando, assim, sempre se qualificar para melhor atender.

Os indicadores mostram que estamos no caminho certo. Já que, mesmo com as incertezas econômicas e políticas nacionais e internacionais que vivemos em 2022, neste ano a indústria de móveis do Rio Grande do Sul continuou gerando empregos e exportando para mais de 100 países. É claro que sempre vão existir muitos desafios a serem superados, mas também oportunidades e soluções para continuarmos crescendo.

SM – Quais as principais características das indústrias locais em termos de produtos e público-alvo? E mercados-alvos de exportações? 

Longhi – Temos indústrias bem diversificadas no estado. A maioria delas utiliza chapas de MDP e MDF na produção de seus móveis. Sendo uma grande parte de móveis planejados e outra focada em peças prontas que podem ser vendidas no varejo físico e no e-commerce. Também temos empresas que utilizam madeira e aço na fabricação de móveis, assim como fabricantes de estofados e outros. Essa diversificação é muito interessante, porque as empresas gaúchas conseguem atender aos mais diversos tipos de demandas, desde os projetos personalizados dos móveis planejados até mobiliários que são encontrados em grandes varejistas.

Nossos móveis são muito bem aceitos pelo mercado externo. Os principais mercados-alvo da indústria moveleira gaúcha são os países da América Latina, Estados Unidos, além de destinos diversos como Emirados Árabes e países europeus.

SM – Após viver dois anos de alta complexidade devido a pandemia, como os polos moveleiro gaúcho vêm se comportando neste ano de transição política, econômica, social e até mesmo na gestão de suas principais entidades moveleiras? 

Longhi – A pandemia pegou todas as pessoas e setores econômicos de surpresa, e com o moveleiro não foi diferente. No período mais conturbado, em 2020, as indústrias precisaram se reinventar para atender o mercado. E fizeram muito bem o dever de casa, com inovação e trabalho. Tanto que em 2021, o setor moveleiro gaúcho registrou recordes históricos de faturamento e exportações.

Agora estamos num momento de mercado e política bastante instáveis, que não é novo, pois já passamos por isso outras vezes. Mesmo com adversidades, as indústrias gaúchas vêm buscando alternativas para se manterem sustentáveis no mercado. O setor é forte e se mantém confiante para enfrentar todos os obstáculos que virão.

SM – Quais os maiores desafios do momento? Há também oportunidades a serem pontuadas? 

Longhi – Desafios e oportunidades andam juntos. O segmento moveleiro, assim como outros de bens duráveis, é positivamente sensível à expansão do crédito e taxas de juros mais competitivas, cenário que pode ser retardado, visto que as projeções já indicam a possibilidade de volta do crescimento inflacionário e manutenção por um período mais longo de altas taxas de juros. Além disso, se houver redução do desemprego, vamos ter maior proporção da população no mercado consumidor, o que a médio prazo é extremamente positivo. Precisamos acompanhar todas estas questões de perto no próximo ano, pois impactam diretamente no consumo interno.

Outro ponto é acompanhar os movimentos econômicos e políticos internacionais. Países como Chile, Estados Unidos, Reino Unido, Peru, entre outros, importantes compradores dos nossos móveis, passaram por inconstâncias em 2022 e acabaram importando menos móveis. A expectativa é que o mercado se reacomode, além de buscarmos novas oportunidades e novos mercados para as exportações. 

SM – Quais as expectativas para o fechamento do ano e para o próximo no estado? 

Longhi – A projeção é que o faturamento das indústrias de móveis gaúchas encerre 2022 com crescimento nominal em torno de 4%, sendo que representa cerca de 14% do faturamento brasileiro. Assim como para outros setores, o primeiro semestre de 2023 vai ser de expectativa em relação ao novo governo. É possível que o mercado interno evolua no segundo semestre, mas precisamos entender como vai ser a política fiscal e econômica. A realização das feiras Fimma e Movelsul em agosto do ano que vem também tende a reaquecer o setor. De modo geral, é possível que em 2023 o mercado se mantenha parecido com 2022 ou até mesmo apresente um pequeno crescimento.

SM – E em relação à indústria brasileira de móveis de uma forma geral, de que maneira observa e vem sentindo os movimentos do mercado no setor moveleiro nacional? 

Longhi – O cenário nacional é parecido com o gaúcho em alguns aspectos, inclusive a tendência é encerrar 2022 com cerca de 4% de crescimento nominal em faturamento. Percebemos que, assim como no Rio Grande do Sul, a indústria de móveis do Brasil também vem buscando oportunidades nas exportações, já que essa é uma estratégia que se mostra vantajosa.

O setor como um todo sente os impactos da diminuição do consumo no mercado interno e da instabilidade econômica internacional, sempre buscando se manter saudável e relevante.

SM – O que pode e deve ser melhorado? Há propostas da Movergs para a ABIMÓVEL e para órgãos públicos federais nesse sentido? 

Longhi – Uma das propostas da gestão é a ampliação de parcerias com outras entidades e instituições, principalmente como a ABIMÓVEL, entidade que nos representa junto ao governo federal. Além de um trabalho de aproximação também junto ao governo estadual, buscando benefícios para o setor moveleiro gaúcho.

SM – De que maneira se deu o processo até sua ascendência à presidência da Movergs? 

Longhi – Ainda não havia participado oficialmente da entidade, mas sempre acompanhei de perto suas ações e projetos. Fui convidado para a presidência pelo meu antecessor, o empresário Rogério Francio. Aceitei esse desafio com muita alegria e honra, podendo compartilhar um pouco do que sei e aprender ainda mais sobre esse setor que gosto tanto e que faz parte do meu dia a dia há muitos anos.

Após aceitar o convite para presidência, convidei profissionais que admiro e respeito para estarem ao meu lado, os quais aceitaram este desafio comigo de compor a nossa diretoria. São eles: Vitor Agostini (Casttini), vice-presidente, e os diretores Cintia Weirich (De Lucci), Cacildo Tarso (Todeschini), Basilio Vivan (Genialflex), Romeu Dalcin (Dalmóbile), Daniel Segalin (Telasul), Renato Bernardi (Bernardi Consulting) e Diego Machado (Evviva).

Diretoria-Movergs-Sindimoveis-2023-2024
Créditos: Augusto Tomasi

SM – Quais os principais eixos de trabalho e prioridades de sua gestão?

Longhi – Além de dar continuidade aos projetos que a entidade mantém, como a Fimma e o Congresso Movergs, vou dar uma atenção especial ao associativismo para que a entidade esteja cada vez mais próxima dos empresários e dos polos moveleiros, seja qual for o porte das suas indústrias. Quero também prospectar parcerias público-privadas, com o município, o estado e o País, assim como com outras entidades, aumentando o relacionamento da Movergs e consequentemente gerando oportunidades para o setor. 

SM – Como avalia a unificação de esforços que vêm sendo desempenhada entre a Movergs e o Sindmóveis? O que a decisão já trouxe e ainda pode trazer de vantagens para o setor moveleiro gaúcho? 

Longhi – Esse modelo segue a tendência da economia colaborativa e foi um grande acerto, especialmente para enfrentar um momento tão delicado como a pandemia. De lá para cá essa relação só se fortaleceu, tanto que a Movergs e o Sindmóveis conseguiram potencializar sua atuação de maneira geral, uma complementando a outra em benefício da cadeia produtiva de madeira e móveis. Além da otimização de recursos humanos e financeiros, que permite atuar de forma integrada, otimizando trabalho, tempo e recursos.

Como vantagens para o futuro, entendo que a unificação administrativa vai permitir que as entidades atuem cada vez mais em sinergia. Apoiando, então, projetos e ações uma da outra para se tornarem ainda mais relevantes aos seus associados.

SM – Atuando de maneira conjunta no que diz respeito a diversos fatores administrativos e financeiros desde 2020, esta será a primeira vez em que as entidades experimentam um formato de gestão no qual alguns diretores são partilhados. Como isso deverá se dar na prática e de que maneira pretende atuar em parceria com Gisele Dalla Costa, nova presidente eleita do Sindmóveis? 

Longhi – Os diretores das áreas Administrativo/Financeiro e Jurídico, Comercial, Serviços e Comunicação vão atuar tanto na Movergs quanto no Sindmóveis. Esse formato foi estrategicamente pensado para que os diretores, em conjunto com a equipe técnica, atuem de modo integrado, gerando melhores resultados. Até mesmo porque o público-alvo das entidades é o mesmo, com a diferença que Sindmóveis responde pelo polo de Bento e a Movergs pelo setor moveleiro do Rio Grande do Sul. O Conselho Administrativo das entidades também vai ser o mesmo, contando com líderes setoriais experientes e comprometidos com o setor.

Eu e a Gisele sabemos que o diálogo, o trabalho e o comprometimento são essenciais para que nossas gestões deem certo. Nossos diretores também estão chegando com muita vontade de trabalhar e dedicar energia para o setor moveleiro. Então acredito que as nossas trocas de experiências vão acontecer de modo bastante próximo e amigável, afinal todos temos o mesmo objetivo.

SM – E quando falamos nessa união de esforços, é imprescindível citarmos também a realização das feiras Fimma e Movelsul, maiores referências em eventos moveleiros no sul do País. A exemplo do que ocorreu na última edição, elas deverão mais uma vez serem promovidas de maneira conjunta e simultânea no próximo ano, além disso, o que podemos esperar de especial para a próxima edição? 
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Euclides Longhi, presidente eleito da Movergs, e Gisele Dalla Costa, presidente eleita do Sindmóveis-RS / Crédito: Augusto Tomasi

Longhi – A organização está estudando a programação, mas certamente teremos a mostra do Prêmio Salão Design na Movelsul. Na Fimma, vamos dar continuidade às ações de inovação iniciadas em 2022. Entre elas, palestras com temas de interesse aos visitantes das duas feiras. Temos certeza de que será mais um grande encontro de negócios, inovação, design e boas parcerias para a cadeia de madeira e móveis.

SM – Você, aliás, já participou em algumas ocasiões da organização da Movelsul. Qual a importância para empresários de outras regiões do País e também da América Latina de estarem presentes em exibições moveleiras no Rio Grande do Sul?

Longhi – O Rio Grande do Sul está entre os três principais polos moveleiros do Brasil, com enorme relevância de produção, faturamento, exportação, geração de empregos, inovação e diversidade de produtos. As principais marcas do mercado levam seus lançamentos à Movelsul e, claro, muitas delas são gaúchas. Visitar a feira é uma oportunidade de conhecer de perto os produtos e diferenciais não apenas das indústrias gaúchas, mas também de outros estados e países. É poder trocar experiências e conversar diretamente com as empresas, negociar, alinhar parcerias, enfim, de fato um grande encontro do setor.

O mesmo em relação à Fimma, que está entre as cinco principais feiras do mundo no segmento voltado para fornecedores da cadeia produtiva moveleira. Máquinas, matérias primas, acessórios, tecnologias, insumos, serviços, componentes e tantos outros segmentos reunidos no mesmo lugar, oferecendo um universo de soluções para a indústrias moveleira. Fimma e Movelsul juntas só se fortalecem, então visitar as duas feiras permite que os profissionais do setor estejam por dentro do que há de mais atual e moderno, a disposição da cadeia produtiva de madeira e móveis.

SM – Para finalizar, qual a importância do associativismo no setor? 

Longhi – O associativismo é de extrema relevância para todos os setores produtivos. Historicamente vemos que a união de empresas e empreendedores em prol de objetivos comuns gera desenvolvimento. Promovendo, assim, inovação, competitividade, sustentabilidade e resultados melhores. Ou seja, fortalecendo toda a sua cadeia produtiva. Por isso, o associativismo é uma das prioridades para a minha gestão.

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