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Possível acordo do Mercosul com a UE é incentivo para preparação dos fabricantes

Acordo do Mercosul com a União Europeia

O acordo do Mercosul com a União Europeia, em discussão desde meados de 2019, pode avançar nos próximos meses. Essa é a projeção da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), que alerta para a necessidade de adequação e certificação de matérias-primas e processos produtivos locais desde já.

“Hoje, apesar de já exportarmos para alguns países da região, a União Europeia é o mercado que mais impõe restrições tarifárias e não tarifárias ao mobiliário brasileiro”, explica a diretora-executiva na Associação, Cândida Cervieri.

O diretor do IEMI – Inteligência de Mercado, Marcelo Prado, concorda e lembra que a questão da sustentabilidade vai “virar alvo” assim que qualquer acordo seja firmado entre o Mercosul e a União Europeia.

“Com isso em mente, qualquer acordo bilateral é um grande estímulo e será vantajoso para o Brasil, que é competitivo, quando se trata dos móveis de madeira, em especial”, diz Prado. “Agora é o momento de desenvolver contatos e relacionamento internacional nas feiras do setor”, completa.

Segundo avaliações internas do setor haveria um crescimento imediato de, no mínimo, 20% nas exportações de móveis para o bloco europeu. O que é um volume bastante expressivo para o primeiro ano de vigência do Acordo, projeta a Abimóvel.

Hoje o cenário é de queda, pondera o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (MOVERGS), Euclides Longhi. E ele não vê o acordo do Mercosul como algo próximo.

“Mas já temos empresas exportadoras de móveis para a Europa e, se sair o acordo, elas terão total condição para ampliar sua participação naquele mercado”, acredita.

Cenário atual

Hoje as exportações brasileiras, assim como a de diversos players do mundo, de fato, apresentam queda, de acordo com o diretor do IEMI. E o principal destino dos móveis brasileiros hoje é os Estados Unidos, na América do Norte, que recebeu 40% da produção local em 2022.

Na Europa, o maior mercado é o Reino Unido (atualmente fora do bloco econômico), com importação de 6% do mobiliário brasileiro, seguido da França, que responde por 3,4% das exportações do setor.

Sustentabilidade em foco

A diretora-executiva da Abimóvel lembra da nova lei contra o desmatamento, aprovada pela União Europeia, que impacta diretamente nas exportações de móveis.

“A sustentabilidade é, de fato, uma das maiores marcas de nosso setor, que faz parte do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, seguindo seu Guia de Sustentabilidade”, destaca.

Ainda de acordo com Cândida, além do uso de madeira certificada, de gestão ou de manejo sustentável para exportação de móveis de origem madeireira, a indústria evita o uso de substâncias não restritas, como é o caso de metais pesados.

Fatores que tem exigido que as empresas adequem seus processos produtivos e o uso de matérias-primas de acordo com esses novos padrões de mercado.

Para o presidente do Sindicato da Indústria Construção Mobiliário São Bento do Sul (Sindusmóbil), Luiz Carlos Pimentel, as empresas estão alinhadas.

“Essa é uma necessidade e não apenas visando atender a esses mercados”, reconhece. “Vemos as empresas atentas à sustentabilidade, mas é interessante buscar mais certificação para atender ao mercado europeu”, completa.

Benefícios e desafios

Para a consultora de Comércio Exterior, Cláudia Gonçalves, o acordo pode ser benéfico para a indústria moveleira sob dois aspectos. Um deles é a melhoria de processos e da própria qualidade dos produtos, uma vez que as grandes redes varejistas da Europa exigem certificações. E também na importação de máquinas.

Em termos de incremento, ela acredita que o país ainda pode sofrer com a concorrência e a competitividade de outros países, em especial, quando se tratam dos insumos, como os metais e tecidos.

“O tecido sustentável, por exemplo, tendência global, custa muito mais caro por aqui do que os regulares”, exemplifica.

Mas, pondera, qualquer aumento do leque de destino é bem-vindo. A Europa, lembra, tem importadores com grande potencial e com planos de diversificar os fornecedores em função da tensão entre a China e o Taiwan.

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