A produção industrial geral no Brasil recuou 0,7% em fevereiro, ante janeiro. Interrompendo, assim, uma sequência de nove altas seguidas na comparação com o mês anterior. Piora na pandemia, suspensão do Auxílio Emergencial (que volta sob novas condições agora em Abril) e instabilidade no mercado de trabalho explicam queda da indústria, diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, responsável pela Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM – PF). Mas como anda a produção de móveis?
Bem, a produção de móveis, em contrapartida, segue em ascensão, tendo crescido 0,7% na comparação com janeiro de 2021. Com o desempenho de fevereiro, então, a produção de móveis acumula aumento de 5,5% nos primeiros dois meses do ano na mesma comparação com 2020. Já na variação de 12 meses, a queda é de 2,9%.
O comportamento da indústria de móveis no início de 2021 poderia ser melhor não fosse a crise no abastecimento de insumos e matérias-primas, que, além de escassez, gera aumento real no valor da produção. Ainda de acordo com o IBGE, o preço dos móveis na indústria aumentou em 3,08% no segundo mês do ano. Acumulando, assim, acréscimo de 28% nos 12 meses encerrados em fevereiro deste ano (pesquisa mais recente). Este é o patamar mais alto desde que a pesquisa do Índice de Preços ao Produtor começou a ser realizada em 2009.
Recapitulando: Crise no abastecimento e produção de móveis
A interrupção do comércio e da produção, seguida por uma demanda superaquecida no retorno das atividades (retomada em V), levaram a um desequilíbrio entre a oferta e a procura em todas as etapas da cadeia, incluindo a de fornecimento. Na crise houve, ainda, represamento dos reajustes em função da valorização do dólar e da desvalorização do real. Levando, dessa forma, fornecedores a reajustarem em cadeia os seus preços de forma explosiva num segundo momento. A variação cambial e a forte retomada da economia chinesa pressionando o mercado de matérias-primas mundial, também resultaram em ainda mais estrangulamento e aumento, sobretudo de custos logísticos.
Com uma expectativa geral de que a situação se estabilizasse no primeiro semestre de 2021, infelizmente o setor ainda não observa sinais de melhora. O problema continua, entre outras questões, em virtude da disrupção dos processos produtivos, do desequilíbrio cambial e da alta muito significativa no valor do frete internacional em decorrência da pandemia. A situação tem sido monitorada por entidades do setor junto ao Governo Federal.
Na última semana, aliás, o Governo anunciou a Medida Provisória do Ambiente de Negócios (MPAN) que visa promover uma série de melhorias para o Brasil. O documento traz mudanças legislativas para a simplificação da abertura de empresas, a proteção aos investidores minoritários e a facilitação no comércio exterior de bens e serviços, entre outros. Nos próximos dias deverão ser anunciadas mais medidas que referendam os aspectos mencionados. Estamos de olho!